Idosa aprova vistorias domiciliares que devem ser feitas toda semana

De acordo com a SES-GO esse período de tempo é necessário para que ovos depositados pela fêmea do mosquito se tornem insetos adultos

Postado em: 30-01-2024 às 12h00
Por: Ronilma Pinheiro
Imagem Ilustrando a Notícia: Idosa aprova vistorias domiciliares que devem ser feitas toda semana
Os dados são das semanas epidemiológicas semanas 2 e 5 deste ano,  considerando a data de início dos sintomas | Foto: Leandro Braz/O Hoje

Dependendo de Alexandra Rodrigues, de 81 anos, não tem ovo do mosquito da dengue que prospera em seu quintal, no Setor Pedro Ludovico, em Goiânia, onde ela convive com pelo menos seis famílias em barracões de aluguel. Os inquilinos já sabem antes de desembarcar mudança: tem que cuidar dos vasos e jamais deixar pneu ou coisa parecida destampada. 

“Tive dengue há oito anos atrás. Fiquei muito doente”, conta Alexandra. “Ela ficou oito dias internada por causa da dengue hemorrágica”, lembra a filha dela, Maria Madalena, 64, que passava a tarde com a mãe. “Ela é muito forte, teve Covid duas vezes e está aí firme e forte. Só não ouve muito bem, mas sabe como cuidar da casa para não ter dengue”, diz Maria.

O número de casos de dengue teve aumento de 10% em Goiás no início deste ano em relação ao ano passado. Ao todo, já são 6.891 confirmações. O crescimento de notificações para a doença, causada pelo mosquito Aedes aegypti – que também transmite o zika vírus e  Chikungunya – levou a Secretaria de Estado da Saúde (SES-GO) a emitir um alerta para a população.

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Assim, as vistorias em domicílios para identificar e eliminar focos do mosquito transmissor devem ser feitas em um período de sete a dez dias. De acordo com o órgão, esse período de tempo é necessário para que ovos depositados pela fêmea do mosquito se tornem insetos adultos. “Aqui em casa a gente recebe os fiscais. Esses dias a menina esteve aqui”, lembra Alexandra, que posa para o fotógrafo do jornal. 

A superintendente de Vigilância em Saúde da SES, Flúvia Amorim, lembra que a destruição dos criadouros é a principal forma de controle da dengue e de outras arboviroses, como zika e chikungunya. “Então, se eliminarmos esse ovo uma vez por semana, impedimos o nascimento de novos mosquitos”, reitera.

Amorim pontua ainda que o uso do fumacê – inseticida que é borrifado no ar – somente mata o inseto adulto. “Além disso, o fumacê tem uma eficácia muito baixa, porque a maioria das nossas casas tem muros altos, com muitas árvores e plantas, o que faz com que a quantidade de veneno que alcança o mosquito seja muito pequena”, acrescenta. Em algumas situações, também se utiliza a estratégia de uso de bomba costal, quando agentes entram em terrenos para borrifar inseticida em áreas externas às casas. 

Gabinete contra a Dengue 

Na luta contra o mosquito, pequeno em estatura mas que representa um grande risco à saúde humana, Estado e municípios se unem a fim de combatê-lo e buscar estratégias de prevenção. Nesse sentido, o Governo de Goiás ofereceu aos 246 municípios goianos a estratégia dos Gabinetes Contra a Dengue. A análise de dados está disponível para todo o estado e destaca quais serão os municípios prioritários para receber maior apoio das SES, na vigilância, na assistência ou no controle ao vetor.  Além disso, o governo também anunciou a utilização de telemedicina para comunicação entre médicos da SES e das prefeituras. 

Os Gabinetes possibilitam o monitoramento dos números da doença e das ações de vigilância, combate ao vetor, assistência e regulação, com ampliação do compartilhamento de informações entre Estado e prefeituras. O monitoramento é feito diariamente.

A instalação é de responsabilidade de cada município em parceria com a SES e o Corpo de Bombeiros. A orientação do secretário de Estado da Saúde, Rasível dos Santos, quanto à correta alimentação dos sistemas de informática para acompanhamento do cenário é que é necessário mitigar os efeitos da dengue no Estado agindo com antecipação. “Precisa ter transparência para proteger a vida do cidadão”, salienta. 

Durante uma reunião por videoconferência com representantes das cidades, o governador Ronaldo Caiado disse que a ideia foi apresentada em um contexto de avanço da doença no estado, que possui 13.619 casos notificados e uma morte confirmada em 2024. “A responsabilidade da dengue não é só do prefeito, é de todos nós. Todos têm uma parcela. Por isso, a estrutura do Estado está convocada a auxiliar cada município”, detalha.

O chefe do executivo recomendou ainda que agentes de combate a endemias em atividade administrativa sejam direcionados para o trabalho de campo, para reforçar o combate ao mosquito, além de cobrar a colaboração da sociedade. “O lixo, a sujeira é o meio de proliferação do mosquito. Então, apesar da vacina, a limpeza deve continuar sendo feita pela população”, orienta.

O sorotipo 1 da dengue ainda é o predominante em Goiás este ano de 2024. Mas é observado também um crescimento expressivo de casos do tipo 2, de acordo com a SES. Com isso, uma possível mudança de cenário gera preocupação às autoridades de saúde, já que a maioria da população não teve contato com o tipo 2 e está suscetível a contrair a doença. O sorotipo 3 ainda não foi identificado no Estado. (Especial para O Hoje)

Número de municípios sob alerta para dengue cai para 37 em Goiás

A nova atualização dos indicadores de dengue em Goiás, mostra que o número de municípios em estado de alerta de alto risco para incidência de dengue da Secretaria de Estado da Saúde (SES),  saiu de  49 para 37. Atualmente os três municípios com o maior número de incidência são: Aurilandia com 2221, Sanclerlandia com 1756 e Perolandia com 1412. Os dados são das semanas epidemiológicas semanas 2 e 5 deste ano,  considerando a data de início dos sintomas. 

Em Goiânia, apesar da redução no número de casos, o gerente do Centro de Zoonoses do município destaca que não é o “momento para cruzar os braços”. Tristão destaca que os agentes de combate à endemias fazem vistorias domiciliares periodicamente, dando orientações, eliminando os criadouros e fazendo o trabalho de educação ambiental.

Além disso, outras equipes fazem o monitoramento e vistorias em pontos estratégicos de Goiânia. Segundo Wellington, esses locais possuem a maior possibilidade de promover a proliferação do mosquito, como é o caso dos ferros-velhos. “Nós temos a região sudoeste, a região noroeste e a região norte, que apresentam o maior risco e o número de situações que nos leva a priorizar essas áreas”, destaca.

Em Aparecida de Goiânia, as residências seguem como o principal local onde os focos de dengue são encontrados, somando cerca de 70% desses criadouros. “Atualmente o nosso grande gargalo é dentro das residências da população”, afirma o Superintendente de Vigilância em Saúde Ambiental do município, Edson Fernandes. Os outros 30% são encontrados em pneus descartados de forma irregular, que também são um dos principais criadouros do mosquito. Esses materiais geralmente são encontrados em borracharias e terrenos baldios.

A titular da Secretaria Municipal de Saúde de Senador Canedo, Veronica Savatin  Wottrich, também afirmou ao jornal O Hoje, que o município, assim como todo o Estado, está em alerta para os casos de dengue, apesar de não estar entre os municípios de alto risco. “A gente tá em sinal de alerta, mas nós não estamos entre os municípios prioritários com risco na nossa região de saúde”, diz, ao falar que o município realiza ações de prevenção contra a doença.

As orientações dos profissionais de saúde não fogem às regras e se concentram em combater os focos de acúmulo de água, que são locais propícios para a criação do mosquito transmissor da doença, como os vasos de plantas, galões de água, pneus, garrafas plásticas, piscinas sem uso e sem manutenção, e até mesmo em recipientes pequenos, como tampas de garrafas.

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