Em meio à epidemia de dengue em Goiás com mais de 13.287 casos confirmados e 33.362 notificações. O município de Goiânia, capital do Estado, investe na capacitação dos profissionais da saúde que atuam nas unidades da Atenção Primária  para o enfrentamento das arboviroses.

De acordo com o último boletim divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde do município (SMS), este ano de 2024 foram notificados 4297 casos de dengue em Goiânia, sendo que 1520 foram confirmados. Ao todo, três óbitos estão sob investigação. Quanto aos sorotipos circulantes, já foram identificados o DENV I em 66,7% dos casos e o DENV II em 33,3 %, com predominância do DENV I.

Vale destacar que o último registro do DENV-3 – que está associado a complicações neurológicas em Goiânia foi no ano de 2010. Desse modo,  a reintrodução deste sorotipo traz um alerta para um possível aumento do número de casos devido à população estar mais suscetível a contrair a doença. O sorotipo já está circulando em outros estados do país, por isso a orientação da saúde municipal é que a população aumente o grau de vigilância, especialmente neste período chuvoso e de altas temperaturas.

Em relação à Chikungunya, doença caracterizada por fortes dores poli-articulares e febre elevada, as altas taxas de ataque são comumente observadas em regiões onde o vírus é transmitido, de acordo com a SES. Em 2024, foram notificados 84 casos e 55 confirmados, o que representa 65,5% de casos concentrados nas regiões Sudoeste, Norte e Oeste. 

No caso da Zika, a doença é preocupante devido a associação com casos de microcefalia e outras manifestações congênitas em bebês nascidos de mães que tiveram o vírus durante a gestação, resultando na criação de uma nova nomenclatura para incluir não só a microcefalia. Em 2024, foram notificados 6 casos, sendo 2 descartados e 4 em investigação, até o momento.

Os dados colocam Goiânia em estado de Alerta juntamente com os outros 60 municípios destacados pela Secretaria de Estado da Saúde (SES) de Goiás.

Com o curso ministrado pela infectologista da rede municipal de saúde e professora da Universidade Federal de Goiás (UFG), Nádia Maciel, os profissionais discutem e absorvem novos conhecimentos sobre o novo Manual Clínico da Dengue do Ministério da Saúde, publicado em 2024.

De acordo com a SMS, nesta fase inicial, apenas 70 profissionais devem receber as orientações, entre 70 médicos, enfermeiros e apoiadores, que  são as pessoas que dão suporte às equipes de saúde e que serão multiplicadores, ou seja, vão repassar o que aprenderam aos outros profissionais que atuam na assistência à saúde das 75 unidades de Atenção Primária.

50% das vagas dessas unidades são destinadas para atendimento de demanda espontânea, sem agendamento. Desde esta segunda-feira (19), além de atenderem pacientes com sintomas da dengue, passam a realizar também o teste rápido para identificar a doença e a hidratar os pacientes que necessitarem. Procedimentos que já ocorrem nas unidades de urgência e emergência.

O titular da SMS, Wilson Pollara, ao comentar sobre o assunto, diz que a intenção é descentralizar o atendimento dos pacientes da  capital com sintomas da dengue, chikungunya e zika. Assim, serão teremos 88 locais de assistência às pessoas que com sinais e sintomas desse tipo de doença, entre Centros de Atenção Integrada à Saúde (Cais), Centro Integrado de Atenção Médico – Sanitário (Ciams), Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), postos de saúde e Unidades de Saúde da Família (USFs).

Cynara Mathias, superintendente de Gestão de Redes de Atenção à Saúde da SMS, pontua que a educação permanente é algo que ocorre durante todo o ano em Goiânia com os servidores da pasta que estão lotados nas unidades de saúde. “Há sempre atualizações a serem feitas e novos profissionais que chegam. Esta capacitação que iniciamos hoje é exclusiva para o enfrentamento das arboviroses, especialmente a dengue”, explica.

Ainda de acordo com Cynara, nas capacitações, os profissionais são orientados a reconhecer os sinais e sintomas da dengue, chikungunya e zika. Além disso, eles aprendem como deve ser feito o manejo correto dos pacientes de acordo com os grupos de classificação. A superintendente destaca ainda que com a capacitação, a SMS espera reduzir as complicações causadas pela dengue e a evolução para possíveis óbitos.