“Trazia homens todo dia”, diz vizinha sobre serial killer suspeito de matar e beber sangue em Goiânia 

Ao ser preso, o homem vivia com uma mulher que, segundo a Polícia Civil, não sabia da série dos crimes

Postado em: 28-02-2024 às 22h23
Por: Yago Sales
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Cômodo usado pelo suspeito como moradia desde novembro do ano passado. Pagava R$300 de aluguel | Foto: Leandro Braz/O Hoje

Janaína, como prefere ser chamada, vive há dez anos em uma casa simples no mesmo lote onde morava, desde novembro do ano passado, o homem que confessou ter matado três homens que viviam em situação de rua na Região da 44, em Goiânia. A casa fica no Setor Norte Ferroviário. Ele também costumava dormir em hoteis na redondeza. 

Além de catador de recicláveis, o homem vendia espetinho em uma das barraquinhas próximas à rodoviária, ou seja, a duas quadras da residência para onde, segundo a Polícia Civil, o homem atraía as vítimas para a morte. Ele oferecia bebida alcoólica, cigarros e drogas. 

Ali, conforme relatos de vizinhos para a reportagem, o homem tocava violão antes de chamar as vítimas para dentro do cômodo. Agora, os vizinhos sabem o que ele fazia ali dentro: usava drogas e, ao que provas indicam, matava. “Quando dava tardinha, tipo umas 17h, antes de ir lá pra 44 vender espetinho, ele ficava ali fora tocando música sertaneja”, afirma Janaína. “Ele tocava modão”, complementa a filha dela, uma menina de 12 anos que, inclusive, ficava sozinha com a irmã mais nova de 7 anos quando a mãe ia ao trabalho. 

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“A gente sabia do passado dele, que ele tinha sido preso, porque ele contava, mas ele não demonstrava nenhum perigo. Sempre foi muito respeitoso. A gente não imaginava tudo isso”, conta ela que convivia com o cômodo do lado de dentro do quintal dela, onde a filha mais nova costumava brincar. 

Sobre a rotina do homem, ela conta que, além de tocar violão, ele gostava de beber. “Nada de exagerado, que deixava ele agitado, ou algo assim. Ele era discreto. Sorria quando cumprimentava, mas contava sobre os crimes que havia cometido”, conta. 

Ela também lembra de quando percebeu que ele usava tornozeleira eletrônica. “Um dia eu vi que estava desligada e perguntei se ele não tinha medo da polícia pegar ele. Mas ele disse que estava descarregada”, relata. 

“Discreto”, “educado” e “calado” quando sóbrio e “brincalhão”, “tocador de modão” e “orgulhoso” dos crimes que cometeu quando embriagado ou sob efeito de drogas. É assim que vizinhos enxergam o homem de 51 anos que foi preso no último domingo. Ele teria repetido o modus operandi de, além de cometer o homicídio, beber sangue, arrancar o coração e queimar o corpo de vítimas.

No cômodo, pelo qual desembolsou R$300 mensais como aluguel, em que vivia tinha uma cama, um fogão, uma geladeira, um tanquinho e varais em que estendia roupas. Ao ser preso, o homem vivia com uma mulher que, segundo a Polícia Civil, não sabia da série dos crimes. Ele a conhecia há 15 dias. “Ele só chorava quando a polícia veio prender ele”, lembra uma vizinha. 

A maioria dos homicídios teria ocorrido em uma sala comercial transformada em moradia no Setor Norte Ferroviário, a duas quadras da Rodoviária de Goiânia e Rua 44, onde, quando escurecia, o homem vendia espetinho em uma das barracas. 

O delegado Marcus Cardoso disse nesta quarta-feira (28) à reportagem que o suspeito trabalhava com reciclagem. Por isso, disse o policial, o homem conseguia transportar os corpos das vítimas até local de desova usando um carrinho. 

A reportagem conversou com proprietário de um Ferro-Velho na mesma rua onde o suspeito residia, mas ele negou que o conhecia. “Ninguém aqui sabe nem quem é”, disse ele. 

O homem foi morar no cômodo no final de novembro do ano passando, assim que ele deixou a cadeia. Usava uma tornozeleira eletrônica desligada, o que chamava atenção da vizinhança. “Ele disse que matou para se vingar”, contou Janaína. 

De acordo com o delegado Marcus Cardoso, o suspeito cometeu os homicídios por prazer, chegando a arrancar o coração das vítimas e consumir seu sangue em alguns casos.

Além dos crimes atualmente em investigação, ele já tem antecedentes por três homicídios. Os delitos teriam ocorrido entre dezembro de 2023 e fevereiro deste ano. O suspeito foi preso pela Polícia Militar (PM) no último domingo, dia 25.

“O modus operandi dele era atrair essas pessoas vulneráveis para executá-las, mas não há registros de canibalismo. No interrogatório, ele confessou a prática dos três homicídios, mas negou que tenha matado outras duas pessoas e que tenha consumido o sangue”, explicou.

“Pelo mesmo modus operandi igual e por se tratar das mesmas condições de atrair as vítimas, se confirmar os três homicídios e os demais, com certeza ele pode ser considerado um serial killer”, concluiu.

A reportagem apurou ainda que o suspeito foi identificado depois que a Polícia Civil recebeu duas denúncias anônimas. “Bem como a denúncia falou que ele tinha uma lista com 5 pessoas que ele queria matar, estamos verificando se tem mais corpos ali na região”, explicou o delegado.  

“Há duas semanas ele começou a namorar uma pessoa, que já foi ouvida, ela falou que não sabia (dos homicídios) e que, aparentemente, ele era tranquilo.” detalhou o delegado. Foi o que a reportagem também ouviua na Região Central de Goiânia. 

O homem foi preso suspeito de ter assassinado pelo menos três moradores de rua e usuários de drogas em Goiânia, na região norte da capital. De acordo com o delegado Marcus Cardoso, o suspeito cometeu os homicídios por prazer, chegando a arrancar o coração das vítimas e consumir seu sangue em alguns casos.

O suspeito pode ter feito mais duas vítimas, de acordo com  delegado,  elevando o total de mortes para cinco. Além dos crimes atualmente em investigação, ele já tem antecedentes por três homicídios. Os delitos teriam ocorrido entre dezembro de 2023 e fevereiro deste ano. 

O primeiro corpo foi encontrado no dia 16 de dezembro no Setor Norte Ferroviário com sinais de traumatismo cranioencefálico. No dia 26 do mesmo mês, a corporação encontrou a segunda vítima no Setor Crimeia-Oeste, com sinais de estrangulamento e com o corpo carbonizado.

O corpo da terceira vítima foi encontrado mais de um mês depois, em 11 de fevereiro, enrolado em um lençol e em um colchão no Setor Crimeia-Leste. Todas as vítimas são homens e, conforme Marcus, podem ter sido atraídas por drogas pelo investigado que também é dependente químico.

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