Em menos de três meses, Goiás supera mortes por dengue de 2023

Ao todo, já são 59 óbitos em decorrência da doença transmitida pelo mosquito Aedes Aegypti, contra 51 do ano passado

Postado em: 19-03-2024 às 08h00
Por: Ronilma Pinheiro
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Goiás tem 129.622 casos notificados por dengue e 59. 109 confirmados | Foto: Divulgação

Antes de completar os primeiros três meses de 2024, Goiás já ultrapassou o número de mortes por dengue de 2023. Ao todo, já são 59 óbitos em decorrência da doença transmitida pelo mosquito Aedes Aegypti, contra 51 do ano passado.

Os dados do painel de controle das arboviroses da Secretaria de Estado da Saúde (SES-GO) desta segunda-feira (18) mostram ainda que 129.622 casos notificados por dengue, e desses, 59. 109 foram confirmados.

O infectologista Marcelo Daher explica que as doenças infecciosas normalmente têm ciclos, como é o caso da dengue. Assim, é comum que de tempos em tempos haja um aumento significativo de casos da doença. De acordo com o especialista, esses períodos acontecem normalmente a cada dois ou três anos.

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Apesar disso, Daher destaca que esta epidemia de dengue, que o Estado passa, surpreendeu a Saúde ao tomar grandes proporções. “Foi muito maior do que a gente vinha esperando e do que a gente vinha vendo antes no Brasil inteiro”, salienta.

A princípio, quando os casos começaram a aumentar, houve um receio por parte das autoridades de saúde do Estado, em relação à entrada do sorotipo 3 da dengue. No entanto, o sorotipo 2 é que predomina em Goiás, sendo o responsável pelas principais complicações da doença.

Daher lembra que o tipo do vírus foi identificado ano passado no Estado e desde então, essa linhagem da dengue se mostra mais agressiva do que o sorotipo 1.

Para o infectologista o aumento do número de casos está relacionado também com os fatores climáticos. “Este ano tivemos muito calor, chuva esporádica, então muito intercalando, muito períodos de calor intenso com chuva, e isso é tudo que o mosquito gosta, a junção de chuva e sol”, comenta.

O Superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Goiânia (SMS), Pedro Moraes, também relaciona o aumento de casos de dengue na capital às alterações na temperatura e mudanças climáticas causadas pelo fenômeno El Nino.

Quando se tem um aumento de casos, maiores são as chances de complicações pela doença e consequentemente isso pode favorecer a alta no número de mortes pela dengue.

No caso dos óbitos, Daher avalia que muitos deles ocorrem devido às condutas inadequadas no manejo dos pacientes. Ele destaca que o problema não está no diagnóstico, mas nos procedimentos realizados após o resultado da dengue.

De acordo com o infectologista, essa conduta inadequada seria não dar a devida atenção aos sinais de alerta da doença. “A gente vê com muita frequência que o médico identifica o sinal de alerta, mas não dá o devido valor a esse sinal”. Um desses sinais, é a dor abdominal intensa contínua, segundo o especialista. “Muitas vezes o paciente dá entrada no hospital com esse quadro e ele é liberado”, pontua Daher, ao alertar para os cuidados com a saúde ao descobrir a infecção por dengue.

Dados

Anápolis segue na liderança de municípios com mortes confirmadas pela dengue com um número total de 11 óbitos. Em segundo lugar está Luziânia com oito mortes confirmadas. Em seguida aparecem: Valparaíso de Goiás, Uruaçu, Águas Lindas e Aurilândia, todos com três óbitos confirmados.

O número de internações de janeiro a março deste ano nos hospitais da rede estadual de saúde somam 1.320. Os dados de 2023 referentes ao mesmo período, mostram que as internações no ano passado foram 111. Quando comparados, é observada uma diferença de 1209.

Em relação à vacinação, o Estado aplicou 35,4% das doses enviadas pelo Ministério da Saúde (MS), desde o início da campanha em fevereiro, de acordo com a SES-GO. A porcentagem representa 56.185 aplicações, do total de 158.505.

Ao todo, 134 municípios de nove regionais de saúde que juntos têm um total de 398.946 crianças e adolescentes, foram abastecidos com os imunizantes. A vacina é aplicada com um esquema vacinal de duas doses com a segunda dose aplicada após três meses.

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