Aumento no número de internações por dengue preocupa Saúde em Goiás

Internações pela doença nos primeiros três meses de 2024 é 1422 a mais do que o mesmo período de 2023, quando o Estado registrou 111, de acordo com a Secretaria de Estado da Saúde (SES-GO)

Postado em: 22-03-2024 às 08h00
Por: Ronilma Pinheiro
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O Subsecretário de Atenção, Saúde e Vigilância da Secretaria de Estado da Saúde (SES-GO), Luciano Moura, explica o cenário epidemiológico de Goiás | Foto: Divulgação

Goiás saiu de 111 internações  de janeiro a março de 2023  para 1.533 no mesmo período de 2024. Os dados são das internações feitas nos hospitais da rede estadual. O aumento preocupa as autoridades da área da saúde no Estado.  A informação foi divulgada pelo Subsecretário de Atenção, Saúde e Vigilância da Secretaria de Estado da Saúde (SES-GO), Luciano Moura. De acordo com ele, nessa última semana foi percebido um aumento significativo no número das internações por dengue, doença transmitida pelo mosquito Aedes Aegypti.

A média de internamentos no mês de janeiro era de 10 solicitações. No mês de fevereiro passou para 40. Já na última semana, a média foi de 60 solicitações. Atualmente, a média de internações é de 80 solicitações. “Então é uma preocupação extremamente grande porque nós temos visto que os pacientes estão ficando mais graves e necessitando mais de internações tanto nas enfermarias quanto em UTIs”, alerta o subsecretário.

Diante do alto número de pessoas internadas nas unidades de saúde, Moura chama atenção para os cuidados necessários na atenção primária, que são: os cuidados domiciliares; quando o paciente deve iniciar imediatamente a sua hidratação; buscar atendimento médico no início dos sintomas.

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Além do alto índice de internações, os dados mostram ainda que o número de mortes por dengue cresce cada vez mais em Goiás. De acordo com o painel de controle das arboviroses da SES-GO, já foram confirmados 63 óbitos e outros 99 estão sob investigação do Comitê Estadual de Investigação de Óbito Suspeito por Arboviroses.

Moura destaca os casos de mortes em casa e chama atenção da população para que deixem os agentes de vigilância sanitária entrarem em suas residências para eliminar os focos do mosquito. “Nós alertamos e conclamamos a população para que aceite a orientação, a entrada desse profissional na sua residência”, afirma, ao dizer que os profissionais podem contribuir na verificação dos focos de larvas do mosquito, e também podem fazer o elo entre a população e a atenção básica.

“As pessoas estão ficando nas suas residências, não procuram o atendimento médico e aí quando chegam nas unidades o quadro já está avançado ou acabam morrendo em casa”, alerta o subsecretário. Moura salienta que a maioria dos óbitos acontecem quando a pessoa acha que já está melhorando da doença e acaba relaxando nos cuidados com a saúde.

A dengue tem um ciclo específico segundo o subsecretário. Primeiro aparecem os sintomas, após cerca de cinco dias a febre começa a baixar e começa a aparecer a coceira e as manchas vermelhas na pele. No entanto, isso não significa que o paciente já está livre da enfermidade, pois a fraqueza e náuseas continuam. É nesse momento que o quadro pode se agravar e causar a morte do indivíduo. “É nesse momento que não podemos baixar a guarda, não podemos ficar desatentos aos sinais de alarme”, orienta.

Os sinais de alerta são: febre, mal-estar, náusea e vômito. Ao sentir qualquer um desses sintomas, a pessoa deve procurar com urgência uma unidade de saúde para que sejam feitos exames específicos, como hemograma e verificação das plaquetas, que é um indicador extremamente importante. “Do início ao fim da doença o paciente deve ser acompanhado pelo profissional de saúde e não deve ficar somente em casa que é onde alguns óbitos estão acontecendo”, reitera.

Para a Superintendente de Vigilância em Saúde da SES, Flúvia Amorim, este é o pior ano de dengue da história do país. Apesar disso, quando o número de letalidade é avaliado de acordo com o número de casos notificados e confirmados, a situação não é tão diferente de outros anos passados. “Mas isso não quer dizer que a doença está tranquila, de forma alguma. Porque nós estamos falando de 63 pessoas que perderam a vida. São  moradores do estado de Goiás que perderam suas vidas”, lamenta. 

Flúvia pontua que se há um aumento no número de casos da doenças, consequentemente haverá aumento no número de óbitos. Diante disso, chama atenção da população para o combate à dengue dentro de suas casas.

Atualização da doença 

Ao todo, Goiás já registrou 139.398 notificações de casos de dengue somente este ano, desses, 63.971 foram confirmados, de acordo com o Boletim Epidemiológico divulgado pela SES-GO nesta quinta-feira (21). Em 2023, foram 69.712 casos confirmados durante todo o ano e 124.235 notificações da doença. Além disso, as mortes registradas no ano passado foram 54 durante todo o ano. Este ano, o número já é de 63.

Sobre a prevalência dos sorotipos da dengue no Estado,  59,1% dos casos são do sorotipo 1 e 40,4% do sorotipo 2. Atualmente, 144 municípios estão em situação de emergência para arboviroses. Para combater o vírus, já foram instalados 207 gabinetes de crise nos municípios goianos.

Anápolis segue na liderança de municípios com o maior número de mortes confirmadas pela dengue com um total de 12 óbitos. Em segundo lugar está Luziânia com 8 mortes confirmadas. Em seguida aparecem: Valparaíso de Goiás e Águas Lindas de Goiás, ambos com quatro óbitos confirmados.

Em relação à vacinação, o Estado aplicou 41.7%  das doses enviadas pelo Ministério da Saúde (MS), desde o início da campanha em fevereiro, de acordo com a SES-GO. A porcentagem representa 66.120 aplicações, do total de 158.505.

134 municípios de nove regionais de saúde que juntos têm um total de 398.946 crianças e adolescentes, foram abastecidos com os imunizantes. A vacina é aplicada com um esquema vacinal de duas doses com a segunda dose aplicada após três meses.

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