Teste da orelhinha é importante para verificar audição na infância

A prevalência da deficiência auditiva varia de um a seis neonatos para cada mil nascidos vivos, segundo o Ministério da Saúde

Postado em: 27-03-2024 às 12h00
Por: Ronilma Pinheiro
Imagem Ilustrando a Notícia: Teste da orelhinha é importante para verificar audição na infância
Recomendação do Conselho Federal de Fonoaudiologia é que o exame seja realizado na maternidade onde o bebê nasceu, antes da alta hospitalar | Foto: Reprodução

O Teste da Orelhinha ou Triagem Auditiva Neonatal é um exame que detecta se o recém-nascido tem algum problema de audição. O teste é importante para o início precoce do tratamento das alterações auditivas. A recomendação do Conselho Federal de Fonoaudiologia e outras entidades brasileiras, é que o exame seja realizado na maternidade onde o bebê nasceu, antes da alta hospitalar.

A triagem se tornou obrigatória e gratuita a partir da Lei Federal nº 12.303/2010. Desde então, espera-se que todos os hospitais e maternidades do Brasil ofereçam o exame. O teste da orelhinha é rápido, indolor e não tem contraindicação.

Caso haja algum problema na audição do recém-nascido, ele é encaminhado para o serviço de diagnóstico da unidade de saúde, onde serão realizados a avaliação otorrinolaringológica e exames complementares.

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De acordo com o Ministério da Saúde, é nesse momento em que, apesar de muitos bebês apresentarem audição normal, alguns terão a perda auditiva confirmada. Após confirmar o tipo e o grau da perda auditiva, o bebê é encaminhado para um programa de intervenção precoce, onde a família recebe orientações e o recém-nascido é preparado para o uso de aparelhos de amplificação ou implante coclear e terapia fonoaudiológica.

Ainda de acordo com o órgão, a prevalência da deficiência auditiva varia de um a seis neonatos para cada mil nascidos vivos, e de um a quatro para cada cem recém-nascidos provenientes de Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN). A prevalência é considerada elevada se comparada a outras doenças passíveis de triagem na infância, como: fenilcetonuria, anemia falciforme e surdez.

A partir da 20ª semana de gestação, ou do 5º mês de gravidez, o bebê já é capaz de ouvir. Nesta etapa, ele já é capaz de captar os batimentos cardíacos da mãe, voz materna e alguns sons externos. A explicação é da médica otorrinolaringologista pediátrica Juliana Caixeta.

A formação auditiva do bebê continua após o nascimento, até que, por volta do primeiro ano de vida, a criança já começa a falar suas primeiras palavras, uma vez que a audição é fundamental para o desenvolvimento da fala, da linguagem e da aprendizagem da criança.

A especialista destaca que uma criança com três anos de idade apenas, é capaz de contar uma pequena história a uma pessoa com quem não convive, podendo ser facilmente compreendida. No entanto, quando há problemas na  audição do pequeno, essa realidade pode ser outra. 

Diante disso, a médica chama atenção para a importância do diagnóstico precoce. “Uma vez confirmada a perda auditiva, o bebê passa pelo programa de intervenção precoce, que inclui o uso de aparelhos de amplificação, terapia fonoaudiológica e, até mesmo, a cirurgia de implante coclear”, reitera.

Além do Teste da Orelhinha que pode ser feito na maternidade, a atenção dos pais durante o desenvolvimento do bebê também é importante para a detecção precoce de qualquer problema na audição da criança. A otorrinolaringologista afirma que, quando a audição do bebê é normal, logo após o nascimento, ele é capaz de reconhecer o som da voz da mãe e diferenciá-la da voz de outras pessoas.

No 5° mês após o nascimento, a criança identifica quando é chamada pelo próprio nome. Aos dez meses, o bebê já é capaz de ouvir música, identificar os familiares quando nomeados, compreende ordens simples e é capaz de identificar objetos pelo nome. As primeiras palavras surgem entre nove meses e 1 ano e 4 meses.

Muitos pais não conseguem reconhecer o problema no filho e isso pode afetar gravemente a capacidade de falar e compreender da criança, de acordo com a especialista. Dentre os agravantes estão: baixo rendimento na escola, dificuldades de comunicação com os colegas, isolamento social e dificuldades emocionais. 

Juliana salienta que a deficiência auditiva de grau leve e moderado pode ser mais difícil de ser detectada, tanto pelos familiares quanto pelos especialistas. Nesses casos, o desenvolvimento da fala ocorre, porém de maneira mais lenta. Já na escola, muitas vezes a criança pode apresentar dificuldades escolares ou ficar irritada quando o barulho na sala de aula é intenso. 

A especialista destaca que os sons que chegam ao bebê são diferentes dos que ouvimos. “Por estar dentro do útero e dentro de uma bolsa cheia de líquido, os sons que chegam ao bebê apresentam distorções”, explica Juliana, ao pontuar que a maior alteração ocorre no som das consoantes.

Estudos físicos mostram que os sons graves atravessam melhor as barreiras e chegam mais fortes que os agudos, devido à vibração que provocam no meio líquido. Desse modo, outra particularidade é a tonalidade vocal. Juliana Caixeta esclarece que a audição intrauterina tem um papel importante na construção da relação familiar.

Assim, a orientação da médica para os pais, é que, a partir do 6º mês de gestação, conversem com o bebê.  Também é recomendado, colocar música para que ele ouça, além de estimulá-lo pelo toque e com carícias na barriga. Além disso, a otorrinolaringologista destaca a importância dos pais participarem desses momentos. “Assim, quando o bebê começa a ouvir a voz dos pais fica mais fácil criar vínculo e reconhecer semelhanças no período pós-natal”, aconselha.

É importante destacar também, que durante esses processos de detecção, diagnóstico e intervenção precoce nas alterações auditivas da criança, o fonoaudiólogo tem papel fundamental.

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