Insanidade mental: Justiça acolhe requerimento da defesa de advogada acusada de envenenar ex-sogro e a mãe dele

A mulher também foi acusada pelo Ministério Público (MP) de tentar envenenar mais duas pessoas

Postado em: 02-04-2024 às 14h12
Por: Rauena Zerra
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A mulher também foi acusada pelo Ministério Público (MP) de tentar envenenar mais duas pessoas I Foto: Reprodução/Redes Sociais

A Justiça acolheu o requerimento de insanidade mental apresentado pela defesa da advogada, de 31 anos, réu por matar a idosa Luzia Tereza Alves, de 86 anos, e o filho dela, Leonardo Pereira Alves, 58 anos. Ambos foram envenenados pela advogada durante um café da manhã em família no dia 17 de dezembro de 2023. 

A ré, que se identificava como psicóloga nas plataformas online, também foi acusada pelo Ministério Público (MP) de tentar envenenar mais duas pessoas. No total, três processos estão em andamento sob sigilo judicial envolvendo a advogada.

Conforme informação publicada pelo Jornal Opção, o pedido para o exame foi acatado no dia 15 de fevereiro pelo Juiz da 1ª Vara Criminal dos Crimes Dolosos Contra a Vida e Tribunal do Júri, Eduardo Pio Mascarenhas da Silva. O Código Penal veda que pessoas que não tenham capacidade mental de entender que cometeram um crime sejam punidas. Para esses casos, a lei prevê a aplicação de medidas de segurança, através de internação ou tratamento ambulatorial.

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“Deixo para analisar a peça de defesa e a manifestação ministerial após a juntada do respectivo laudo, haja vista que a ação penal encontra-se suspensa, com o fito de se evitar tumulto processual. Aguarde-se o agendamento do referido exame para ulteriores diligências”, diz trecho da decisão. 

Relembre o caso

No inquérito, a Polícia Civil relata que advogada chegou em Goiânia no dia 14 de dezembro de 2024, a advogada se hospedou em um hotel no Setor Marista. No dia seguinte, sexta-feira (15), a indiciada relatou ao ex-namorado, pelo WhatsApp, que teria passado mal e que estaria com um sangramento. No mesmo dia, ela teria alegado ir a uma consulta médica, enquanto, no sábado (16), fez compras em uma loja de roupas de grife no valor de R$ 3 mil e recebeu uma encomenda no hotel.

Na manhã do crime, a mulher foi a um mercado e comprou diversos alimentos, incluindo pães de queijo, suco, bolos no pote e uma orquídea. Depois de visitar as vítimas, a indiciada retornou ao hotel, pegou a mala e partiu para Itumbiara usando um aplicativo de caronas.

Por volta das 22h45, ao saber do agravamento da saúde de Leonardo e Luzia, a advogada voltou para Goiânia alegando a necessidade de uma consulta médica devido à ingestão dos mesmos alimentos que as vítimas. No dia seguinte, a advogada retorna ao local do crime, no momento em que a perícia era feita. Em seguida, foi conduzida à Delegacia Estadual de Investigação de Homicídios (DIH) para prestar o primeiro interrogatório, informou o delegado Carlos Alfama.

Ameaças

A Polícia revelou que o filho da vítima, anteriormente envolvido com advogada, enfrentava ameaças e perseguições vindas de perfis falsos nas redes sociais e ligações de diversos números. Essas ameaças, direcionadas ao filho e à sua família, foram documentadas desde julho de 2023. Um dos prints exibiu mensagens ameaçadoras, como “depois não adianta chorar em cima do sangue deles” e ameaças específicas sobre a namorada e o filho.

O relatório destacou que a suspeita  criou os perfis falsos no Instagram e utilizou um número de telefone registrado em nome de um parente da suspeita. Contudo, o número e o e-mail associados eram de Amanda. O documento ressalta que a investigada, em um momento específico, falsamente afirmou à vítima que também estava sendo alvo de perseguição e ameaças, alegação que foi considerada falsa pela polícia.

Após ser levada para o primeiro interrogatório, a advogada teria demonstrado nervosismo e, ao ser questionada sobre seu trajeto no dia do crime, o delegado solicitou o histórico do aplicativo Uber, mas Amanda teria bloqueou o celular e dito que só falaria na presença de um advogado, despertando suspeitas na Polícia Civil.

Falsa gravidez

Dias antes das mortes, a suspeita encaminhou para o ex-namorado e publicou em suas redes sociais um exame de ultrassom com idade gestacional de 23 semanas. No entanto, ao ser internada após o crime, o exame de Beta HCG deu ‘zerado’, o que indica que a advogada não estava grávida.

Ainda foram encontrados, durante buscas realizadas na residência dela em Itumbiara, dois testes com resultado negativo. Um referente ao mês de agosto e outro ao mês de dezembro deste ano, informou a polícia. Após a repercussão do caso em nível nacional, outras pessoas se apresentaram à Delegacia de Homicídios afirmando que foram vítimas de golpes praticados por Amanda, que, “supostamente, forjava testes positivos de gravidez para constrangê-los de alguma forma”.

A indiciada é suspeita de cometer outros crimes em diferentes Estados. A advogada teria se envolvido em notícia de crime sexual contra menores. No Rio de Janeiro, ela possui registro por estelionato, fraude e falsidade ideológica.

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