Tragédia com menina em Aparecida acende alerta para enxurradas

O incidente na enxurrada que custou a vida da pequena Samylla Vitória, de 6 anos, moradora de Aparecida de Goiânia, chamou atenção das autoridades. O Corpo de Bombeiros Militar de Goiás alerta a população sobre os cuidados durante o período chuvoso, para que acidentes como este não se repitam.

Uma das medidas de prevenção é ficar atento aos alertas meteorológicos que são emitidos tanto pelo Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas de Goiás (Cimehgo), quanto pelo Corpo de Bombeiros juntamente com a Defesa Civil.

No caso do alerta dos bombeiros, é feito por meio de um SMS. Para receber a mensagem, o cidadão precisa cadastrar o  número 40199 da corporação e informar o cep da rua. “Ao fazer isso, a pessoa vai receber mensagens informando sobre a probabilidade de uma chuva de alto potencial na sua localidade e com isso, pode tomar algumas medidas preventivas”, explica Thiago Wening, capitão do Corpo de Bombeiros.

O capitão alerta que ao ser notificado, o cidadão precisa sair da localidade de risco, caso seja necessário.  Segundo Wening, também é importante: evitar tráfego próxima à localidades que apresentem risco; caso esteja trafegando por uma rua alagada, seja de carro ou moto, o motorista deve procurar um ponto elevado para estacionar o veículo e aguardar que o volume de enxurrada diminua para poder seguir com a viagem em segurança. Wening destaca que as orientações valem tanto para quem está dirigindo algum veículo, quanto para quem está trafegando a pé.

Além de procurar um local elevado, é importante se atentar se o lugar possui cobertura, para se proteger contra acidentes com descarga atmosférica, como os acidentes envolvendo raios, por exemplo.

Os cuidados com as crianças precisam ser redobrados em cenários de fortes chuvas e tempestades. “A criança sempre deve estar protegida por um adulto por um responsável e nesse sentido as recomendações são as mesmas”, afirma o capitão.

Para os pais e responsáveis que estão andando nas ruas com as crianças, o especialista orienta que sigam as regras que foram mencionadas acima, além de ficarem atentos ao volume de enxurrada.

“Por mais que a gente olhe aquele volume de enxurrada na rua, às vezes da altura do meio fio, a gente pensa nossa, está muito raso, dá para atravessar, mas a força da água é muito grande, principalmente em ruas que têm um declive natural, as ruas que são mais inclinadas”, explica Wening, enquanto alerta que por mais que o compromisso do dia seja atrasado, a vida continua sendo mais importante.

O capitão destaca que os locais mais críticos são aqueles que possuem  baixadas, onde as ruas possuem declives muito acentuados e podem acumular um grande volume de água e esta água descer de ambos os lados com muita velocidade.

Nesse sentido, a orientação é nunca passar próximo de córregos, assim como rios e ribeirões. “Porque com a chuva, a cabeceira vai descer um volume de água muito grande, podendo ocorrer acidentes”, explica. “Caso haja algum acidente a pessoa pode ser levada pela correnteza”, acrescenta.

As regiões de cachoeiras também preocupam as forças de seguranças, uma vez que já se trata de uma queda d’água natural de uma altura considerável e a chuva na cabeceira pode proporcionar um volume de água ainda maior. “Com essa intensidade, a cabeça d’água desce de forma abrupta e muito violenta e causa um desastre ali como a perda de uma vida”, detalha.

Orientações para motoristas em ruas alagadas

Wening destaca que caso alguém esteja trafegando na rua com um veículo e o volume de chuva comece a aumentar e devido ao trânsito não seja possível deslocar o automóvel para um ponto mais elevado, existe um padrão estabelecido pelos Bombeiros sobre os níveis da água que são considerados um alerta de segurança.

“A gente padroniza com uma linha média ali na metade do pneu um alerta de segurança, porque vai estar na altura do escapamento ali do veículo, o escapamento pode sugar essa água, ficar alagado e causar o apagamento do veículo”. Caso o veículo apague, o motorista precisa soltar imediatamente o cinto de segurança, ligar rapidamente no telefone de emergência da corporação 193 e informar a localização, para que uma equipe realize o resgate.

Além do motorista, todas as pessoas que estiverem no veículo devem soltar os cintos de segurança para ficar mais fácil de sair do carro de forma rápida. O capitão orienta ainda que antes do sistema elétrico do carro entrar em colapso, o vidro do carro precisa ser aberto.

Em casos em que o volume da água aumenta ao ponto de chegar mais ou menos na linha média do farol, o carro perde estabilidade e começa a ser arrastado. Nesses casos, pular para fora do veículo na tentativa de tentar se salvar, não é uma atitude recomendada. “ O veículo que tem um peso muito maior já está sendo arrastado, se eu tentar atravessar esse curso d’água que se formou ali na rua, vou ser arrastado também”, explica o capitão.

A forma mais segura de conseguir sair da situação, caso haja alguma possibilidade, é passando para o capô do carro, ou seja, para o teto do veículo, e aguardar que o Corpo de Bombeiros chegue até o local para efetuar o resgate.