Árvores no Centro sofrem com poda irregular e envenenamento

A cidade de Goiânia tem quase 1 milhão de árvores plantadas nas ruas e nos parques da cidade, cerca de 30% deste número foi plantado nos últimos três anos em várias ações municipais. Contudo, a ação do plantio deve seguir junto com a manutenção da saúde e do bem destes seres vivos a fim de preservar o ecossistema goianiense. Para isso, deve ter proteção ambiental para casos de anelamento e de envenenamento, que infelizmente ainda são comumente vistos na cidade.

Neste caso existe uma questão cultural goianiense percebida por especialistas do meio ambiente com o nome de “cegueira botânica”. Isto é, a incapacidade de indivíduos reconhecerem as árvores como seres vivos assim como eles, além disso, a incapacidade de perceber a sua importância diante do meio ambiente. Como exemplo disso, a equipe de reportagem do jornal O Hoje investigou dois casos de anelamento e envenenamento, respectivamente, ocorridos no Setor Central de Goiânia. 

O primeiro caso ocorreu na Rua 55, em frente ao Edifício Bariloche, em que três árvores foram aneladas por uma poda errada e apresentaram infestação de fungos nos galhos da copa da árvore. As árvores em questão são da espécie Licania tomentosa, conhecidas como oitizeiros e são popularmente escolhidas para o plantio em calçadas e acostamentos pelo porte médio e copa esparsa. A anulação em si é o ato de causar um dano profundo na casca da árvore.

Esta degradação pode causar prejuízos de saúde na planta como deixá-la mais suscetível a doenças, como diz o engenheiro florestal Rodrigo Carlos a equipe de reportagem do jornal O Hoje. “Quando algum dano é causado na árvore isso pode influenciar a entrada de patógenos. Mas a anelação pode impedir que os nutrientes da raiz percam para o caule e eventualmente a copa. Isso pode chegar a causar a morte do indivíduo”.

O outro caso ocorreu a pouco menos de 500 metros dali. Uma Physocalymma scaberrimum, conhecida como Cega-machado, foi vítima de um envenenamento cruel. No seu tronco mais baixo há dois furos onde o óleo quente foi derramado no interior da árvore. Vale lembrar que ambos os casos de anelamentos e envenenamentos em árvores são crimes federais ambientais.

Esta atitude é ainda mais prejudicial para a planta pois pode causar danos permanentes no tecido dela a impedindo ter uma cura completa, como diz Rodrigo. De acordo com ele, o melhor a se fazer ao encontrar casos como este é entrar em contato com profissionais da área, como os especialistas da Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma). “Cada caso necessita de um tratamento diferente. De vez em quando uma simples pode resolver o problema, em casos mais graves é necessária a retirada total da árvore”, afirma o especialista.

Para prevenir isso, Rodrigo fala da necessidade de uma educação ambiental sobre a importância delas para o ecossistema alinhada com um sistema robusto de denúncias. “A conscientização das árvores é um assunto muito importante no desaceleramento e no controle do aquecimento das temperaturas reguladas por regular do microclima urbano e a umidade local. Também são abrigos de fauna da cidade como as araras de Goiânia”.