Educação ambiental conscientiza estudantes contra os maus-tratos aos animais

Quatro escolas estaduais de período integral fazem parte do projeto de origem da Polícia Civil

Postado em: 15-04-2024 às 10h37
Por: João Victor Reynol de Andrade
Imagem Ilustrando a Notícia: Educação ambiental conscientiza estudantes contra os maus-tratos aos animais
Dentre as ações, houve palestras sobre a conscientização dos maus-tratos e da arrecadação | Foto: Divulgação/Lyceu de Goiaz

A servidora pública Flávia da Silva nunca imaginaria que levaria outro animal para casa desde a morte de seu cachorrinho a poucos anos, ainda mais, estava comprometida com o cuidado de outros três gatos da sua filha pequena, que assim como ela, era amante de animais. Contudo, tudo mudou quando houve a junção de uma ação no Centro Educacional em Período Integral (Cepi) em que trabalha e o nascimento de seis filhotes de um cachorro de uma colega do trabalho. “Foi amor à primeira vista”, disse Flávia enquanto recordava da primeira vez que via Luke, seu mais novo membro da família.

Apesar de ter recusado a adoção quando perguntada pela primeira vez, mascarando sua vontade com o compromisso de casa, decidiu enfim acolhê-lo quando só faltava apenas o Luke e outro animal. Contudo, Flávia conta que a sua vontade de adoção foi adicionada após uma série de ações a favor dos bons tratos aos animais. Além disso, é testemunha de um cenário de saúde animal precário na região noroeste com muitos casos de abandono, de maus-tratos, e de até assassinatos destes bichos dependentes do ser humano. “Toda semana nós vemos cães e gatos abandonados na nossa comunidade”, explica a servidora.

Esta ação faz parte do calendário Abril Laranja que tem como objetivo a conscientização dos maus tratos aos animais que é constatado como crime no artigo 32 da Lei dos Crimes Ambientais com pena de reclusão de até cinco anos. Esta iniciativa chamada “Abril Laranja nas Escolas” foi a primeira edição de uma parceria do Grupo de Proteção Animal (GPA) da 1ª Delegacia Regional da Polícia Civil (1ªDRP) junto com a Secretaria Estadual de Educação (Seduc). Esta ação teve início em abril e deve continuar até o fim do mês com o encerramento programado para o dia 26.

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Ainda como um plano piloto, o programa conta com participação da 1ªDRP em quatro Cepis na região noroeste de Goiânia: o Cepi Severiano de Araújo, na Vila Mutirão 2; Cepi Edmundo Pinheiro de Abreu, no Bairro São Francisco; Cepi Joaquim Edson de Camargo, no Bairro São Francisco; e Cepi Finsocial, na Vila Finsocial. De acordo com a idealizadora do projeto, a delegada Simelli Lemes e titular do GPA, esta ação tem objetivo de promover mudanças a longo prazo na sociedade a fim de mudar questões culturais que não compactuam com a atual legislação.

Para isso, ela pensou em um planejamento lúdico com gincanas e palestras para as crianças do ensino público estadual em que o aprendizado permanecesse nas mentes dos jovens e que pudessem fazer a diferença no futuro. “Pensamos esse programa com dois objetivos. Um funciona como uma mudança de baixo para cima onde as crianças levam para casa o que aprenderam. O outro é uma mudança cultural e gradual na forma como as pessoas tratam os animais”, explica a delegada.  

Além destes objetivos a longo prazo, a Organização Não Governamental (ONG) sem fins lucrativos chamada Ecocats desenhou uma meta de ação a curto prazo para o programa. Com um plano para combater o aumento da população de animais abandonados, a fundação coleta tampas de plásticos nas escolas para arrecadação a fim de castrar animais em situação de rua.

Ao todo, a ação é considerada um sucesso por membros da Seduc que observam um efeito imediato das atividades nas mentes dos jovens com a preocupação da saúde e do bem estar animal. De acordo com a diretora de Política Educacional da Seduc, Patrícia Coutinho, ao jornal O Hoje, as escolas que participam do programa relatam um engajamento imediato dos alunos com os temas abordados. Além da participação dos alunos, ela fala de como alguns pais também estão participando do programa de coleta de tampinhas.“Recebemos muitos vídeos e imagens dos pais entrando nas escolas com sacolas cheias de tampinhas de plástico”, diz a diretora.

Além disso, também fala de atividades que são feitas nas escolas que circulam o tema e que abrange mais toda a comunidade noroeste goianiense. Uma delas, ela conta, foi o programa de adoção aos animais, como foi o encontro de Luke com sua tutora Flávia. 

Como Flávia conta, o número de cães em situação de rua que transitam nas ruas é tanta que se a escola abrisse as portas para eles, virariam um canil. “A gente sempre ajuda quando dá, vemos muitos alunos cuidando e alimentando os animais que passam por aqui e apoiamos essa atitude. Por exemplo, tem uma gatinha de rua que sempre vem para a escola porque os alunos tomam conta, dão comida, água e carinho para ela”, diz ela.

Escolas entram no programa de forma independente   

Patrícia ainda conta como tem sido recebido por escolas que não puderam ser incluídas no projeto. Por ser um plano piloto, programou a ação em uma região afastada do centro urbano que necessitava do programa. Contudo, fala que muitas escolas do interior entraram em contato com a pasta e comentaram que fazem atividades do Abril Laranja miradas nas próprias comunidades.

Uma dessas é a escola Lyceu Goiaz, da cidade de Goiás, com ações desenvolvidas pelo professor Sanderson sob gestão da Professora Sara Barroso. Segundo ele, ficou sensibilizado com a ação e planejou a ação na própria escola. “A cidade de Goiás sofre com uma grande quantidade de animais abandonados nas ruas e com maus tratos. Quando vi essa ação no perfil da Seduc eu vi como uma oportunidade de incluirmos no nosso calendário”, conta Sanderson.

Já a campanha de arrecadação de tampinhas ficou a cargo da ONG União Protetora de Animais de Goiás (Upagoya) para a castração da população de animais em situação de rua. Também, faz simultaneamente feiras e eventos sobre os cuidados e os bons tratos dos animais.

A partir disso, Sanderson desenvolveu um plano de ação na própria unidade de ensino estadual  com atividades similares, e diferentes, do projeto. Uma delas foi a introdução de animais dentro das escolas como meio de conscientização dos alunos. Além disso, planeja para que o projeto tenha uma duração estendida para meados de maio poder pedir mudanças no município e nas comunidades.

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