Estiagem mal começa e vazão do Meia Ponte entra em estado de atenção 

A bacia do rio Meia Ponte registra vazão inferior a 12.000 litros por segundo e entra em nível de atenção logo no início do período sem chuvas volumosas

Postado em: 08-05-2024 às 12h00
Por: João Victor Reynol de Andrade
Imagem Ilustrando a Notícia: Estiagem mal começa e vazão do Meia Ponte entra em estado de atenção 
Meia Ponte fechou o dia com escoamento de 11.447 L/s, classificado como “Nível de Atenção”, monitora André Amorim | Foto: João Reynol/O HOJE

A cidade de Goiânia pode enfrentar mais uma dificuldade além do aumento das temperaturas nesta segunda semana de maio. De acordo com observações preliminares da Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), a vazão do rio Meia Ponte entrou em nível de atenção nesta terça-feira (7) pela baixa vazão do curso da água registrado dentro do território de Goiânia. 

Como informaram os dados da pasta, a vazão do rio ficou abaixo de 12 mil litros por segundo (L/s), considerado como categoria segura para o abastecimento da cidade, nesta segunda-feira (6), Meia Ponte fechou o dia com escoamento de 11.447 L/s, classificado como “Nível de Atenção”. Este alerta da secretaria serve como começo das ações das campanhas de uso consciente dos recursos hídricos, bem como a economização da água.   

Também, um estudo divulgado da Universidade Federal de Goiás (UFG), pelo Centro de Excelência em Estudos, Monitoramento e Previsões Ambientais do Cerrado (Cempa Cerrado), concluiu neste dia 7 que Goiás pode atingir temperaturas acima de 37ºC. Este aumento será mais visível nos próximos dias, em específico, entre os dias 10 e 15 de maio. Além disso, antecipam a redução ainda maior na umidade do ar relativa entre 28% e 38%.

Continua após a publicidade

Também, o gerente do Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas de Goiás (Cimehgo), André Amorim, em entrevista para o jornal O HOJE fala que o bloqueio atmosférico que se instaurou na região sudoeste e centro-oeste do País impede a passagem das nuvens de chuvas e dos ventos polares. Em Goiás, esta combinação atmosférica propicia um clima mais quente e seco para a região centro-sul do Estado. Dentro disso, a organização ainda espera que este efeito climático perca intensidade entre esta sexta e sábado (10 e 11). 

Também fala que as análises preliminares do centro de informação preveem a ausência de chuvas para os próximos doze dias em todas as regiões de Goiás. Mas não descarta a possibilidade de garoas e chuvas em certas regiões do Estado. Como diz, este bloqueio atmosférico afeta também as temperaturas durante os horários mais a menos. “Nesse mês de maio estamos com temperaturas acima do normal. Não vemos, por exemplo, o famoso frio da ‘pecuária’”.

E fala que essa redução na vazão é causada pelos efeitos do El Nino que ainda persiste na atmosfera. Segundo ele, muito disso é por conta dos efeitos climáticos do El Nino no ano de 2023 que ainda repercutem até maio de 2024. “Isso já é algo que estamos avisando desde o ano passado. As chuvas de 2023 e do início de 2024 não foram boas o bastante para abastecer as bacias hidrográficas”, afirma o gerente da autarquia.

Esta seria a primeira vez desde 2021 que Goiás entra em estado de alerta no mês de maio. Conforme os dados divulgados da vazão do rio Meia Ponte pela Semad, neste mesmo ano de 2021 o rio meia ponte chegou com a vazão inferior a 4000 L/s, o nível limite em que é necessário uma intervenção da Saneago para o racionamento de água. A última vez que isto ocorreu foi no ano de 2022 quando houve o racionamento pela seca prolongada. 

Por causa disso, André conta da participação da população em economizar água e para possivelmente reverter este cenário. De acordo com ele, essa situação de uma crise hídrica a nível estadual não é algo recente, como foi divulgado pelo jornal O HOJE no dia 12 de fevereiro, esta piora na estiagem é algo comentado por todos os setores da economia que pode trazer consequências de perdas de plantações para os produtores rurais.

Um cenário reversível

Apesar deste cenário de uma possível crise hídrica, a Saneago informa, em nota para o jornal O HOJE, que o sistema de captação da água e abastecimento de Goiânia segue com normalidade. Atualmente, a reserva do ribeirão João Leite opera com 97% da capacidade após projetos de retenção e conservação da barragem, como: conservação das matas ciliares e conscientização dos moradores e proprietários rurais ao longo das bacias hidrográficas.

Além disso, atividades no combate da perda da água também assistiu a empresa em manter a vazão dos sistemas de captação da água em níveis estáveis. De acordo com a empresa, Goiânia é a capital com o melhor índice de perdas do País, com 12,77%. A média nacional de perdas é de 40%.

Já em relação ao rio Meia Ponte, informa que a bacia representa cerca de 36% do abastecimento de água da Capital e atualmente está com capacidade para operar com normalidade. Enquanto isso, o ribeirão João Leite representa cerca de 64% do abastecimento da cidade e também tem capacidade para operar dentro da normalidade. Apesar disso, também orientam os consumidores a iniciar o uso consciente da água no território goianiense. 

Além disso, a empresa faz obras para assistir o Meia Ponte em tempos de crise hídrica com a construção de uma adutora que comunique os dois rios e que a água possa transitar entre eles. Este sistema deve reforçar o Meia Ponte com até 800 litros por segundo, sendo possível o reforço dos cursos hídricos.

Fonte: Semad

Veja Também