Consumo de energia gerada por usinas solares atinge 136 mil residências

Duas usinas geradoras de energia renovável, BC Energia e Enercon, ampliaram a produção elétrica, chegando a novos municípios de Goiás

Postado em: 10-05-2024 às 08h00
Por: João Victor Reynol de Andrade
Imagem Ilustrando a Notícia: Consumo de energia gerada por usinas solares atinge 136 mil residências
Usina elétrica solar em Aruanã Goiás com propósito de ajudar na irrigação na agricultura | Foto: Divulgação

As fontes de energia renovável se tornam cada vez mais comuns no cenário energético global e nacional como alternativas viáveis de produção elétrica. Para se ter uma noção, de acordo com dados do Ministério de Minas e Energia, o ano de 2023 fechou com a matriz elétrica compondo 83,79% de fontes renováveis como as usinas fotovoltaicas e eólicas. Ao todo, foram mais de 6,2 GigaWatts (GW) produzidos a nível nacional de acordo com o ministério. 

Deste número, 3,2 GW da matriz nacional vieram das usinas eólicas que estão localizadas, em grande parte, na região nordeste do país ao longo do litoral onde a geografia é propícia para as constantes correntes de ar. Enquanto isso, cerca de 3 GW deste total é produzido pelas placas fotovoltaicas espalhadas por todo território brasileiro. De acordo com a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), nos três primeiros meses de 2024 houve um aumento na produção de 3,3 GW nas usinas elétricas nacionais.

Dentro disso, a nível estadual, a associação catalogou o estado de Goiás como em oitavo lugar no ranking de estados que mais produzem energia solar com 1.262,1 MegaWatts (MW), representando cerca de 4,5% do total na última pesquisa datada de 12 de abril de 2024. Além disso, a cidade de Goiânia também ficou em oitavo lugar no ranking de municípios que mais produzem esta fonte de energia, com 209,4 MW de produção gerada. 

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Segundo levantamento do jornal O HOJE com dados cedidos da Secretaria Estadual de Indústria, Comércio e Serviços (SIC), em Goiás são mais de 136 mil consumidores da energia solar que recebem descontos na conta de luz. Todo este sistema é interligado nas mais de 108 mil conexões operacionais, espalhadas por todos os municípios do estado.

Este aumento da produção, da acessibilidade e da comercialização da energia solar se deve em grande parte à diminuição dos custos dos materiais das placas e da instalação. De acordo com Airton Lucas, consultor de engenharia especializado na implementação de usinas fotovoltaicas, para o jornal O HOJE, diz que houve um aumento expressivo na demanda para a construção de novas usinas nos últimos dois anos, com mais de 150 usinas construídas para particulares. 

Contudo, fala como o financiamento de alto custo ainda pode ser um grande empecilho na construção da obra. Segundo Airton, grande parte do custeio vem de linhas de crédito bancárias com juros de até 2%, que pode assustar novos aspirantes no mercado. Mas fala como a competitividade nos preços e no retorno financeiro podem balancear este cenário. “Antigamente demorava uns cinco anos para o consumidor ter um retorno financeiro na energia produzida. Hoje em dia estamos com expectativa de 2 a 3 anos para o retorno do investimento”, diz o consultor.

Apesar disso, espera que com a redução da taxa de juros Selic possa trazer ainda mais interesse no setor em Goiás. Mas, diz que conhece empresas privadas de outros estados, principalmente do Sul, que possuem dificuldades de adentrar o setor dentro da comercialização da energia elétrica. Segundo ele, ainda há muita burocracia envolvida na comercialização da energia com a concessionária Equatorial Goiás, e que isto afasta potenciais oportunidades econômicas.

A forma como a comercialização da eletricidade ocorre em outros estados é através de um cooperativismo. Conforme ele diz, uma empresa monta uma cooperativa no estado e associa os consumidores a essa cooperativa, a mensalidade ou assinatura que ocorre é a cobrança da taxa do cooperativismo. Essa troca garante o abastecimento da energia elétrica com os custos de manutenção, mas diz que isso ainda não ocorre em Goiás.

Por outro lado, o Governo de Goiás impulsionou os incentivos e investimentos na energia solar em 2024. De acordo com um relatório da SIC, desde 2012 foram mais de R$ 6,2 bilhões de investimentos na produção de energia solar interna no estado, esse montante gerou mais de 38 mil empregos e mais de R$ 100 milhões de economia aos cofres públicos. Ainda sobre isso, o Governo de Goiás lançou no final de abril o Programa de Eficiência Energética do Governo estadual, que apresenta meta de que 100% da energia elétrica da administração seja proveniente de recursos renováveis até o ano de 2026.

Além deste investimento, relatam que grandes empresas já estão com parcerias e planos para construção de novas fazendas solares no território goiano. De acordo com a pasta, a Enercon e a BC Energia, dois grandes nomes na geração de energia, anunciaram novos empreendimentos em solo goiano. Outras empresas nomeadas que fazem parceria com o estado são: Gerdau, companhia Shell, Casa dos Ventos, Fundo XP, EDP Brasil.

Sobre isso, a Enercon anunciou três grandes fazenda elétricas em três municípios goianos: Luziânia com valor de R$ 1,3 bilhão e capacidade de 350 megawatts; Barro Alto com valor de  R$ 1,2 bilhão e capacidade de 330 megawatts; Turvânia com valor de R$ 950 milhões e capacidade de 220 megawatts. De acordo com o titular da SIC, Joel Sant’Anna, a BC energia possui 100 novos projetos de fazendas solares privadas sendo executadas em diversos municípios goianos.

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