Três ‘marombeiros’ presos por violência contra a mulher em Goiás 

A Polícia de Goiás registrou três casos de violência contra a mulher envolvendo ‘marombeiros’, sendo eles: um personal trainer, um fisiculturista e um lutador de jiu-jitsu

Postado em: 27-05-2024 às 16h01
Por: Rauena Zerra
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A Polícia de Goiás registrou três casos de violência contra a mulher envolvendo ‘marombeiros’, sendo eles: um personal trainer, um fisiculturista e um lutador de jiu-jitsu I Foto: Reprodução

Nos últimos dois meses a Polícia de Goiás registrou três casos de violência contra a mulher envolvendo ‘marombeiros’, sendo eles: um personal trainer, um fisiculturista e um lutador de jiu-jitsu. 

No dia 6 de abril, um lutador de Jiu-Jitsu foi abordado por agentes da polícia militar no Ginásio Rio Vermelho, localizado em Goiânia, durante uma competição internacional da modalidade. O homem está sendo investigado por usar métodos fraudulentos no aplicativo  de relacionamento Tinder. Há suspeitas de que ele tenha gravado encontros íntimos com mulheres e, em seguida, as tenha ameaçado para evitar a divulgação dos vídeos. As possíveis vítimas foram identificadas em Goiânia e Brasília.

As vítimas relatam que o modus operandi de Tiago Gomes de Oliveira, de 41 anos, era seduzi-las, em alguns casos as mulheres eram apresentadas pelo suspeito a família como namoradas. Em seguida, o homem que no início parecia um príncipe encantado, começava a apresentar comportamento manipulador e ciúmes doentio. As mulheres afirmam ter sofrido violência física, psicológica e patrimonial. Ele também é acusado de estuprar uma das vítimas enquanto ela estava inconsciente e de transmitir infecções sexuais a outra parceira.

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No dia 17 de maio, Igor Porto Galvão, de 31 anos, foi preso suspeito de agredir a companheira, com quem tinha relacionamento há 9 anos. O incidente ocorreu em Aparecida de Goiânia. A vítima foi levada para o hospital desacordada pelo próprio agressor, que afirmou que se tratava de um acidente doméstico. Contudo,os médicos suspeitaram das numerosas lesões, que não condiziam com uma simples queda e  acionaram a polícia devido à gravidade das lesões. 

Marcela Luise, de 31 anos, sofreu várias escoriações pelo corpo, fraturas na clavícula e oito costelas, bem como traumatismos cranianos em várias partes da cabeça. Após passar dez dias internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), a mulher faleceu na noite de segunda-feira (20) em Aparecida de Goiânia.

Igor é descrito pela delegada Bruna Coelho titular da Deam Aparecida, responsável pela investigação do caso, como um homem extremamente manipulador e agressivo. Bruna Coelho, a delegada titular da Deam Aparecida, revelou que ouviu uma mulher que teve um relacionamento extraconjugal com o suspeito. Ela disse que ele a perseguiu e a agrediu fisicamente também. “Além disso, esta mulher e a esposa da vítima tatuaram o nome do fisiculturista no corpo, a pedido dele, o que aponta o quanto o autor era persuasivo e agia de modo a dominar psicologicamente a vítima”, declarou a delegada.

O fisiculturista foi indiciado por espancar e matar a mulher, e segue preso aguardando o julgamento. Até o momento, ele ainda não havia se manifestado sobre o crime. “Não há dúvidas que a intenção dele era realmente matar a companheira. Pelos elementos que nós colhemos, observamos que as lesões são totalmente incompatíveis com uma queda da própria altura, chegando o perito médico legista a dizer que são compatíveis até mesmo com acidentes automobilísticos”, afirmou a delegada Bruna Coelho.

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Em 21 de maio, o alvo de investigação da polícia foi o personal trainer Bruno Fidelis, ele é suspeito de importunar sexualmente uma aluna durante uma avaliação física, em Caldas Novas. Segundo o delegado Alex Miller, a mulher revelou que o crime ocorreu durante uma avaliação física. Ela relatou que estava de biquíni para serem feitas medições e fotografias. Além disso, ela também disse que, quando o personal foi fazer uma medição, ele teria passado a acariciar os seios dela por debaixo do biquíni. 

Ainda de acordo com as informações, a jovem, de 22 anos, já fazia acompanhamento com o personal há 40 dias. Em depoimento, o personal disse que não tirou proveito sexual da situação e que foi mal-entendido pela jovem. Nos prints das conversa entre a vítima e o suspeito, a jovem confronta o personal, dizendo que ele passou a mão nela, e ele pede desculpas dizendo achar que “estava sendo correspondido”.

Uma segunda vítima apareceu, somente três dias depois do relato da primeira vítima. A jovem, de 23, anos, disse que durante um exame físico, Bruno tirou uma parte do biquíni dela para examinar sua parte íntima. A declaração da primeira vítima é semelhante à descrição. A mulher afirmou que não havia denunciado o caso antes por vergonha, mas que o relato da primeira vítima a inspirou a fazê-lo.

Bruno foi preso em flagrante pela PM, no momento em que  se dirigia à casa da primeira vítima. Ele foi levado à delegacia e acabou solto no mesmo dia, após prestar depoimento. A Polícia Civil segue investigando o caso. 

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Violência contra a mulher em Goiás 

O combate à violência contra a mulher no Brasil persiste. A maioria dos casos envolve agressão física, mas muitas pessoas não sabem outros tipos de violência que afetam diferentes mulheres diariamente. Existem vários tipos de agressão, alguns dos quais podem ser invisíveis, que prejudicam gravemente a autoestima e a dignidade das vítimas.

Em Goiás, o único indicador criminal do estado que não caiu em 2023 foi violência contra a mulher, de acordo com dados divulgados pela SSP-GO no início de 2024. A pasta informa que o número de homicídios no estado caiu cerca de 12% em 2023. No entanto, os casos de feminicídio permanecem idênticos aos de 2022, com 55 registros.

O Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) classifica Goiás como o 7° estado com o maior número de feminicídios no primeiro semestre de 2023. 

A SSP-GO também relata um aumento de 14,3% nas ameaças de crimes relacionados à violência doméstica de 15,8 mil para 18,1 mil entre 2018 e 2023. As lesões corporais aumentaram 10%, passando de 11,3 mil para 12,4 mil. Os crimes contra a honra aumentaram de 11,4 mil para 13 mil, um aumento de 13,4 por cento. O único crime que recuou foi o estupro.

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