Diversidade de logística aumentou a produção comercial em Goiás

Empresas goianas movimentaram mais de US$ 5 bilhões com exportações para parceiros do exterior

Postado em: 05-07-2024 às 07h00
Por: João Victor Reynol de Andrade
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Rodovia é a principal forma de escoamento de produção para empresas goianas | Foto: Wenderson Araujo

A diversidade na logística do escoamento da produção é fundamental para sustentar a estrutura industrial e agropecuária. Esta afirmação é ainda mais importante para Goiás devido a sua posição no centro do Brasil. Atualmente, o Estado conta com três modalidades para o escoamento dos produtos goianos, cada um que possui as suas próprias peculiaridades e caminhos para o melhoramento. 

De acordo com informações do sistema de dados Comex Stat do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Secex/Mdic), foram movimentados em Goiás cerca de US$ 5,15 bilhões só em exportações entre janeiro e maio de 2024. Enquanto isso, em 2023 foi movimentado cerca de US$ 5,70 bilhões em exportações, uma diminuição de cerca de 9% do ano anterior. Além disso, vale lembrar que Goiás também faz parte do bloco comercial Consórcio Brasil Central com outros seis estados e que ambos faturaram cerca de US$ 26,74 bilhões.

Esses valores vão desde a minérios e commodities agrícolas, as principais mercadorias do Estado, e passando por componentes eletrônicos, produtos industrializados, equipamentos e tecnologias. Por causa de sua posição central no País, as empresas goianas são dependentes da infraestrutura de transportes nacionais e estaduais como as rodovias, ferrovias e aeroportos. 

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“Goiás, por exemplo, não tem acesso direto ao mar, no entanto, está em constante atualização de seus modais, sobretudo rodoviário, ferroviário e aeroviário para levar seus produtos aos principais portos do País”, afirma o presidente da Associação Comercial, Industrial e de Serviços do Estado de Goiás (Acieg), Rubens Fileti. 

Historicamente, a malha rodoviária sempre foi modalidade com mais investimentos estaduais e federais devido ao foco nas indústrias e nas estatais petroquímicas brasileiras. Só em Goiás há mais de 20.500 quilômetros (km) de rodovias instituídas em Goiás com outros 600 km de novas estradas planejadas. Contudo, apenas 41% destas vias foram avaliadas como “ótimo/bom” em 2023 pelo Conselho Temático de Infraestrutura (Coinfra) da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg).

Na visão do empresário logístico João Silva, as diferentes modalidades de transporte, como rodoviário, ferroviário e aéreo, junto com melhorias na infraestrutura, proporcionam soluções mais eficientes e econômicas para escoar mercadorias. “Isso reduz custos operacionais e aumenta a competitividade das empresas locais no mercado nacional e internacional, atraindo novos investimentos e gerando mais empregos no estado”, comentou.

A economista Maria Ferreira concorda que a diversidade logística tem sido crucial para o aumento da produção comercial em Goiás. Segundo ela, múltiplas rotas e meios de transporte permitem às empresas planejar operações de maneira mais flexível e eficaz, essencial para setores como o agronegócio. “A competição entre prestadores de serviços logísticos melhora a qualidade e os preços dos serviços, beneficiando produtores e comerciantes locais. Ferreira enfatiza a necessidade de políticas públicas que garantam sustentabilidade ambiental e inclusão social para um desenvolvimento equilibrado”, expôs a especialista.

Contudo, o governo do estado tem feito melhorias e adaptações em rodovias goianas pela Agência Goiana de Infraestrutura e Transportes (Goinfra). Como divulgado pelo jornal O HOJE no último dia 21 de maio de 2024, foram mais de R$ 390 milhões investidos entre os anos de 2023 e 2024. Um exemplo disso foram as obras de duplicação de vias para aumentar o tráfego rodoviário como ocorrido na GO-010 entre os municípios de Goiânia e Senador Canedo e a GO-070. 

Por outro lado, a malha ferroviária em Goiás, assim como a do Brasil, carece de investimentos a nível estadual e federal. Ainda assim, dos mais de 30 mil km de malha ferroviária no País, apenas 12 mil km são utilizados pelas empresas como meio de escoamento, cerca de 40% da infraestrutura. 

Para o superintendente da empresa pública Infra S.A, Tharlles Fernandes, os esforços de ambos do poder público e da iniciativa privada são necessários para aumentar o uso da malha ferroviária e fazê-la de mais fácil acesso as empresas. “O poder público precisa propor soluções para minimizar a burocracia e a insegurança jurídica que afasta os investimentos. Por outro lado, precisamos aproveitar a celeridade que a iniciativa privada oferece em termos de contratação e operação”, afirma.

De início, fala como a empresa pública filiada ao Ministério do Transporte tem meta de dobrar a malha ferroviária até o ano de 2035. Além disso, comenta que é planejado a construção de dois terminais na Ferrovia Norte-Sul, um em Porangatu e o outro em Rio Verde. “O volume de transporte praticamente dobrou entre 2015 e 2023. No mesmo período, o consumo de diesel reduziu 29% e os acidentes com pessoal caiu 83%. É uma perspectiva de crescimento. Apenas em Goiás, o transporte de grãos, como milho, farelo e soja, mais que dobrou nos últimos quatro anos. Saímos de R$ 3,3 bilhões de toneladas para 7,7 somente para exportação”.

Ficomex também discutirá a ampliação do setor aeroportuário 

O setor aeroportuário também tem tido investimentos nos últimos anos para uma maior adaptação ao mercado nacional e internacional. Como exemplo, o aeroporto Santa Genoveva vai receber mais uma obra de ampliação e melhorias anunciada em abril no valor de R$ 57 milhões. “É de grande interesse do setor de que sejamos alternativa para receber todos os tipos de carga em Goiânia e estamos investindo para isso”, relata.

Similarmente, Aparecida de Goiânia ganhará o seu 1º polo aeroportuário em 2025 com a construção do Antares Polo Aeronáutico que reunirá empresas do ramo com capacidade de carga e descarga de produtos.  Para o gerente administrativo da empresa particular, João Marcos Soares, é necessário um maior investimento na exportação aeronáutica além do uso de turismo. “O Brasil tem o 5º maior espaço aéreo do mundo, mas o modal representa somente 18% no transporte no País. São grandes as oportunidades do setor, com Goiás em destaque devido à localização estratégica”. 

Ainda sobre isso, Goiânia sediará em agosto de 2024 a Feira Internacional de Comércio Exterior do Brasil Central (Ficomex) em que possíveis soluções serão discutidas para o melhoramento da infraestrutura da região central. O evento é promovido pela Acieg com parceria do Governo de Goiás e conta com palestras, orientação gratuita, amostras comerciais e discussões de políticas públicas abertas ao público. 

Serão três dias de eventos e com mais de 170 expositores de diversos países e dos sete estados que compõem o Consórcio Brasil Central (Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Maranhão e Rondônia).

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