Mulher inocente é libertada após 43 anos de prisão

Sandra cumpria pena perpétua pelo assassinato da bibliotecária Patricia Jeschke, ocorrido em 1980

Postado em: 20-07-2024 às 17h10
Por: Luana Carvalho
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Ao sair da prisão, Sandra não falou com a imprensa. Ela se reencontrou com a família, uma irmã, filha e a neta. | Foto: HG Biggs

Na última sexta-feira (19), no estado do Missouri, EUA, libertaram Sandra Hemme, que foi injustamente presa por 43 anos, após anularem sua condenação por assassinato.

Aos 64 anos, Hemme cumpria prisão perpétua pelo assassinato de Patricia Jeschke, funcionária de uma biblioteca, ocorrido em 1980. Em 14 de junho deste ano, um juiz decidiu que os advogados apresentaram provas claras e convincentes de sua inocência.

Sean O’Brien, seu advogado, afirmou: “Foi muito fácil condenar uma pessoa inocente, mas libertá-la se mostrou muito mais difícil do que deveria. Libertar uma pessoa inocente não deveria ser tão complicado.”

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Na sexta-feira, durante uma audiência no tribunal, o juiz Ryan Horsman anunciou que convocaria o procurador-geral para comparecer ao tribunal na terça-feira de manhã se não libertassem Hemme em poucas horas. Ele ameaçou considerar o escritório do procurador-geral em desacato.

Hemme cumpria sua sentença de prisão perpétua no Centro Correcional de Chillicothe pelo assassinato a facadas de Patricia Jeschke em St. Joseph, Missouri. No entanto, outras sentenças dificultaram a liberdade imediata de Hemme. Em 1984, ela recebeu uma sentença de dois anos por “se oferecer para cometer violência” e, em 1996, mais 10 anos por atacar um funcionário na prisão com uma lâmina de barbear.

O procurador-geral argumentou que Hemme representa um risco de segurança para si mesma e para os outros, e que ela deveria começar a cumprir essas sentenças agora.

Projeto Inocência

De acordo com o “Innocence Project”, “nenhuma testemunha ligou a Sra. Hemme ao assassinato, à vítima ou à cena do crime. Ela não tinha motivo para machucar a Sra. Jeschke, nem havia evidências de que as duas tivessem se conhecido”. Os advogados de Hemme argumentaram que as únicas evidências eram suas confissões falsas feitas enquanto ela era tratada em um hospital psiquiátrico estatal e medicada à força. Além disso, a polícia de St. Joseph, onde o crime ocorreu, teria escondido evidências que incriminavam um de seus agentes.

O juiz Horsman destacou que o advogado de Hemme teve um desempenho deficiente ao não apresentar evidências. Sobre sua condição psiquiátrica, a medicação pesada e os efeitos colaterais que sofreu durante os interrogatórios. “Dado que suas declarações eram a única prova que a ligava ao crime, a falha do advogado em apresentar provas que permitissem ao júri concluir que ela era incapaz de compreender ou relatar de forma confiável a privou de um pilar central da sua defesa”, afirmou Horsman.

Após sua libertação, Sandra Hemme não falou com os repórteres. Seu advogado informou que ela iria ao hospital onde seu pai está internado com insuficiência renal para cuidados paliativos. “Isso já estava demorando muito para acontecer”, disse ele sobre a libertação dela.

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