Mais de mil cidades enfrentam seca extrema no Brasil

Segundo especialistas, Brasil não conseguiu se recuperar da seca de 2023 e estiagem está mais intensa e extensa pelo país

Postado em: 24-07-2024 às 08h44
Por: Luana Carvalho
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Segundo especialistas, Brasil não conseguiu se recuperar da seca de 2023 e estiagem está mais intensa e extensa pelo país. | Foto: Agência Brasil

O Brasil enfrenta uma crise hídrica severa, com mais de mil cidades sob seca severa ou extrema. A escassez de chuva tem facilitado a propagação de incêndios, resultando no maior número de focos de incêndio dos últimos dez anos. No Amazonas, onde a população ainda se recupera de uma seca histórica, comunidades estão isoladas e a ordem é estocar alimentos. Com a umidade do ar extremamente baixa, mais da metade das cidades brasileiras estão em estado de alerta.

O ano de 2023 foi marcado por recordes de calor e chuvas abaixo da média, devido ao fenômeno El Niño e ao aquecimento dos oceanos. Embora o El Niño tenha terminado, seus efeitos persistem. Nos primeiros seis meses do ano, as temperaturas atingiram recordes e a maior parte do país enfrentou chuvas abaixo da média, exceto a região Sul.

A seca na região Norte no ano passado desencadeou um efeito cascata, resultando em baixa umidade e espalhando a seca pelo país. De acordo com o Centro de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), 1.024 cidades estão classificadas sob seca extrema ou severa, o nível mais alto da escala.

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Esse número é quase 23 vezes maior do que o registrado no mesmo período do ano passado, quando apenas 45 cidades estavam em situação semelhante. O monitoramento do Cemaden categoriza a seca em quatro níveis: extrema, severa, moderada e fraca, com mais de três mil cidades sob alguma dessas classificações.

Consequências

Os estados mais afetados são Amazonas, Acre, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rondônia, São Paulo e Tocantins, onde todas as cidades enfrentam algum nível de seca.

A estiagem está comprometendo o abastecimento de água, isolando regiões que dependem do transporte fluvial, causando prejuízos na agricultura e pecuária e tornando o ar difícil de respirar. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), este ano registrou o maior número de focos de incêndio na última década.

“A seca está afetando diversos estados de maneira quase generalizada. Tivemos um início de ano com chuvas muito abaixo da média do Norte ao Sudeste, resultando em um cenário pior que o do ano passado. As consequências já são visíveis, desde o desabastecimento em algumas regiões até impactos no setor agropecuário”, explica Marcelo Zeri, pesquisador de secas do Cemaden.

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Agora, o cenário pode mudar com a chegada da La Niña, que tem o efeito contrário do El Niño, e pode reforçar a formação de chuva e minimizar a estiagem pelo país. No entanto, ela deve começar em agosto e para que tenha impactos significativos precisa ser intensa.

Mesmo assim, a previsão indica que a chegada dele minimizaria a situação apenas em seis meses.

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