Reitor da UEG pede afastamento da instituição por suposto envolvimento em irregularidades

Haroldo Reimer é investigado por nomeação de familiares e amigos em cargos do Pronatec

Postado em: 28-03-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Haroldo Reimer é investigado por nomeação de familiares e amigos em cargos do Pronatec

Isabela Martins*

O reitor da Universidade Estadual de Goiás (UEG) Haroldo Reimer, pediu afastamento da instituição. O desligamento ocorre em meio a uma investigação conduzida pela Controladoria Geral do Estado (CGE), envolvendo Reimer em irregularidades. Segundo fontes extraoficiais o reitor não deve voltar mais a unidade

De acordo com a investigação, o reitor teria envolvimento na nomeação de familiares, sócios e amigos para atuação em cargos no Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). A informação foi divulgada em um vídeo gravado durante reunião do Conselho Universitário (CsU) nesta quarta-feira (27), onde o reitor comenta que o prazo do afastamento deverá ser deliberado pelo Conselho. “O prazo mais razoável para que eu possa me afastar e cuidar com mais tranquilidade da minha defesa”. A reunião aconteceu na sede da Universidade, localizada na BR-153, na zona rural de Anápolis. 

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Haroldo assumiu a reitoria da UEG em fevereiro de 2012, após nomeação do então governador de Goiás, Marconi Perillo. O antecessor dele, Luiz Antônio Arantes pediu demissão em meio aos indícios de irregularidades na gestão da unidade dois anos anteriores. Auditoria realizada pela CGE apontava 19 irregularidades em sua gestão. Depois, Reimer foi eleito para continuar no cargo por duas vezes, o mandato terminaria em 2020. A primeira reunião do Conselho aconteceu no dia 19 convocada pelo próprio reitor após aparecerem as primeiras denúncias. Já a segunda reunião foi um pedido do Conselho.

Pronatec

Metade dos gastos de 2018 aplicados pela UEG para cursos do Pronatec foram com as bolsas para 204 nomeados sem processo seletivo pelo reitor e pelo pró-reitor de Extensão, Cultura e Assuntos Estudantis (PRe), Marcos Torres.  Dos quase R$ 9 milhões repassados pelo Governo Federal para custear o programa da universidade, 46,7%, cerca de R$ 4,2 milhões, foram destinados para bolsas que dependem de nomeações. 

As bolsas pagas a estudantes e professores que passaram por processo seletivo representaram 16,5% e 26,6%. Alguns dos servidores nomeados eram parentes, sócios ou pessoas próximos do reitor e de outros funcionários da Universidade. Os valores das bolsas iam de R$ 600 a R$ 700 mil no ano passado. 

O Governo Federal repassa as universidades R$ 10 por hora aula pelo número de alunos que cada curso pode ter. Um curso de 1,2 com 25 alunos receberá R$ 300 mil. Nos últimos dois anos foram oferecidos pela UEG  281 cursos de curta duração para sete mil alunos e outros 22 cursos técnicos  para 581 estudantes.

Os maiores valores pagos são justamente para reitor e pró-reitor. Ambos recebem R$ 7,5 mil por mês. A segunda maior bolsa de R$ 7 mil vai para sete pessoas entre elas o pró-reitor de gestão e finanças e a ex-chefe de gabinete.

Extinção 

Em 2019, a UEG acabou com os cursos de curta duração e reduziu os cursos técnicos de 22 para 16. Editais de seleção de estudantes e professores foram lançados e a previsão é de que as aulas comecem agora em abril. O valor das bolsas pagas aos servidores nomeados também abaixou. Antes das aulas em 2015 a UEG gastou R$ 55 mil com bolsa para nomeados. A regulamentação do Pronatec foi publicada em novembro daquele ano. 

Detran

O Departamento Estadual de Trânsito (Detran) divulgou nota esclarecendo sobre o contrato com a UEG. Em nota divulgada, o departamento diz que a autarquia entre a instituição e a universidade rende ganhos para ambos os lados. Mas atendendo um pedido do Tribunal de Contas do Estado (TCE-GO), o órgão quer dar legalidade ao processo de realização de exames práticos para obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH). 

O contrato entre as entidades tem vigência até agosto, e nesse período o Detran vai se desdobrar para atender e regularizar os problemas apontados pelo TCE. (Isabela Martins é estagiária do Jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian)

 

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