Reuso de água combate crise hídrica

Edifícios que possuem sistemas para reutilizar e tratar água geram economia e benefícios ao meio ambiente - Foto: Wesley Costa

Postado em: 24-09-2019 às 08h00
Por: Leandro de Castro Oliveira
Imagem Ilustrando a Notícia: Reuso de água combate crise hídrica
Edifícios que possuem sistemas para reutilizar e tratar água geram economia e benefícios ao meio ambiente - Foto: Wesley Costa

Igor Caldas

Em meio a uma crise hídrica, edifícios na Grande Goiânia começam a reutilizar água gerando economia para o bolso e benefícios ao meio ambiente. Pelo menos quatro edifícios residenciais possuem estação de tratamento de água que recebe captação de torneiras e chuveiros de apartamentos para encher reservatórios para o reuso na manutenção de condomínios. O maior prédio comercial da cidade também reutiliza a água drenada de ares condicionados pode chegar a economizar cerca de 20 mil litros de água por dia.

Um residencial no Setor Jardim Bela Vista, em Aparecida de Goiânia, possui 288 apartamentos, totalizando 876 moradores. A captação de água das torneiras e chuveiro de uma das torres do prédio é revertida para uma estação de tratamento de água construída no subsolo do condomínio.  A água é recebida em dois tanques de decantação, depois passa para duas colméias, passa pelo filtro, pela cloração e segue para o tanque de 15 mil litros para poder ser reutilizada. O residencial Ecoville Goiânia e Ecovillage II também possuem esse sistema.

Continua após a publicidade

O administrador do condomínio, Alessandro Dias, explica que a mini estação de tratamento foi construída pela empreiteira que realizou a obra e entregou os prédios. “Essa estação de tratamento existe desde a época que foi lançado o prédio, há 8 anos. Quando houve a fundação do condomínio, eles entregaram a estação de tratamento”.  O síndico afirma que a estação de tratamento ficou dois anos sem funcionamento.

Alessandro ainda afirma que o tratamento da água para reuso no condomínio teve impacto na redução da conta de água em 80%. “A economia que essa estação proporcionou foi enorme. Superou minhas expectativas. A gente costumava pagar uma conta de aproximadamente R$ 6 mil e passou a pagar cerca de R$ 3 mil. O valor reverbera diretamente na taxa de condomínio e gera economia para as famílias que moram aqui. Além disso, o reuso trás benefícios diretos para as áreas comuns do prédio”.

Entender do assunto é fundamental

O síndico afirma que entender como o sistema de tratamento acontece é fundamental para realizar pequenas manutenções necessárias para que as máquinas continuarem funcionando. “Tem que compreender como a água é tratada para deixar funcionando tudo redondo. Eu tenho uma experiência na área porque meu trabalho de conclusão de curso em administração foi em reciclagem de água. Então já vim tendo esse conhecimento para aplicar.

Ele explica que a questão de comprar um apartamento e administrar um condomínio que oferece tratamento para reutilização de água e o tema de seu trabalho de conclusão de curso foi pura coincidência. “Essa relação da construtora oferecer ETA e meu trabalho foi sorte mesmo. Eu comprei meu apartamento e logo depois tive uma convivência maior com a síndica da época. Daí, a gente começou a fazer trabalhos em relação às máquinas para que elas pudessem funcionar corretamente”.

Lava-jato particular

O tanque de água reutilizada tem a capacidade para 15 mil litros. Todo o recurso é utilizado para lavar as garagens e regar os jardins comunitários. Além disso, um espaço próximo ao portão da garagem é munido de uma mangueira abastecida com a água dos tanques do recurso reutilizado. O local é usado pelos moradores para lavagem de carros e é chamado “Ducha Car”. Segundo o síndico, o local é disputado e, aos fins de semana, podem ser formadas até filas de veículos para a lavagem.

O administrador alerta que a economia de água deve ser feita em todas as épocas do ano ou o cidadão corre o risco de ficar sem o recurso. “O uso da água deve ser consciente sempre. Eu penso dessa forma e se a humanidade começar a pensar assim, não vamos correr o risco de ficar sem água. Em 2008, quando fiz o TCC, construímos uma pesquisa que alertava para o nível  de consumo excessivo de água no Brasil. Se continuássemos no mesmo ritmo ficaríamos sem água potável em 2038”.

Alessandro se sente realizado de além por, aplicar seus conhecimentos em administração de empresas na gestão do condomínio, também agregar o tema de seu trabalho de conclusão de curso na estação de tratamento. “Me sinto muito gratificado porque quando fizemos o trabalho, foi destaque na faculdade. Acredito que divulgar esse tipo de ação vai trazer um benefício para a sociedade. Quanto mais água for reutilizada, mais tempo nossos lençóis freáticos vão sobreviver. Não só em tempos de crise hídrica, mas em todo momento é importante ter a reciclagem da água”.

 

Veja Também