Bolsonaro acredita que situação do óleo no Nordeste deve piorar

Presidente afirma que manchas de petróleo que chegaram às praias são "pequena parte do que foi derramado". Segundo ele, vazamento foi possivelmente criminoso e todos os indícios levam a navio da companhia Delta Tankers.

Postado em: 04-11-2019 às 08h00
Por: Aline Carleto
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Presidente afirma que manchas de petróleo que chegaram às praias são "pequena parte do que foi derramado". Segundo ele, vazamento foi possivelmente criminoso e todos os indícios levam a navio da companhia Delta Tankers.

Aline Bouhid

Na noite deste domingo (3), o presidente Jair Bolsonaro disse que o vazamento de óleo que há mais de dois meses afeta o Nordeste parece criminoso e que situação deve piorar. “O que chegou às praias é uma pequena parte do que foi derramado. O pior está por vir, uma catástrofe muito maior”, afirmou o presidente em entrevista à TV Record. Desde o início de setembro, cerca de quatro mil toneladas de petróleo chegaram a 314 praias do Nordeste. 

Bolsonaro disse ainda que “todos os indícios levam ao cargueiro” da Delta Tankers. A empresa grega, dona do navio petroleiro Bouboulina, tido pelas autoridades brasileiras como principal suspeito pelo vazamento, negou no sábado estar envolvida no caso.

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A companhia afirmou, através de comunicado, que a embarcação saiu da Venezuela em 19 de julho e que chegou a seu destino sem problemas, onde “descarregou sua carga total sem perdas”. “Não há evidências de que o navio parou, realizou qualquer tipo de operação STS (de navio para navio), sofreu algum vazamento, ou desviou-se de sua rota, em seu caminho da Venezuela para Melaka, na Malásia”, acrescenta a nota.

O Bouboulina atracou na Venezuela em 15 de julho, ficou ali por quatro dias e continuou viagem rumo à Malásia, pelo Atlântico, vindo a aportar apenas na África do Sul, em 9 de agosto. Segundo suspeitam os investigadores, foi no trajeto que ocorreu o vazamento.

Investigações indicaram que o vazamento de petróleo bruto ocorreu a cerca de 700 quilômetros da costa brasileira “entre 28 e 29 de julho”. De acordo com autoridades brasileiras, apenas o navio de bandeira grega atravessou a região no período.

Na sexta-feira, a Polícia Federal efetuou dois mandados de busca em escritórios no Rio de Janeiro ligados ao navio grego suspeito de causar o vazamento. O ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, disse a jornalistas que a Delta Tankers já havia sido notificada sobre o assunto.

A Marinha disse que o óleo coletado nas praias do litoral nordestino foi submetido a análises em laboratórios que comprovaram ser originário de campos petrolíferos da Venezuela. 

No domingo, Azevedo e Silva acompanhou as operações em Abrolhos, região que abriga o arquipélago homônimo, no sul da Bahia, e a maior biodiversidade marinha de todo o Atlântico Sul, e onde as manchas começaram a aparecer nos últimos dias.

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) diz que o óleo pode chegar ainda ao Sudeste, nos estados do Espírito Santo e Rio de Janeiro. O órgão foi acionado pelo comitê de crise do governo federal e atua para detectar movimentação do óleo no mar. 

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