Pandemia leva startups a desenvolverem produtos contra Covid-19

Empresas emergentes adaptaram linhas de produção para atender fabricar itens bastante úteis neste momento de crise da pandemia – Foto: AG.

Postado em: 16-05-2020 às 14h30
Por: Nielton Soares

A pandemia do novo Coronavírus
levou várias startups (empresas emergentes), apoiadas pelo fundo Criatec do
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a adaptarem suas
linhas de produção para o combate à covid-19.

Uma dessas empresas é a Cliever,
que produz impressoras 3D em Belo Horizonte (MG). “Aqui, como em todas as
outras empresas, a gente entrou em pânico quando foi decretado o isolamento em
função da pandemia”, disse à Agência Brasil o diretor-geral da startup,
Rodrigo Krug, que recebeu R$ 3 milhões do Criatec 2 em 2015. “Nosso
telefone parou de tocar, nossos clientes pararam de nos atender, porque também
estavam parando as operações, e a gente entrou em pânico”.

Em uma sexta-feira (15), Krug fez
as contas e decidiu dar uma semana de férias coletivas aos colaboradores para
ver o que poderia ser feito no momento, para não precisar desligar ninguém. No
sábado, monitorando o mercado de impressão 3D, Rodrigo Krug percebeu que havia
um movimento muito forte fora do Brasil para fabricação de equipamentos
individuais de proteção (EPIs) e se conectou com algumas pessoas.

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“No domingo, peguei todas as
máquinas que tinha em estoque e, na segunda-feira, já estava imprimindo, com
mais de 80 máquinas das nossas bancadas”. Krug viu então que precisava de gente
para ajudar. Chamou as pessoas da produção e a coisa foi ganhando escala.
“Quarta-feira, já tinha chamado todo mundo de volta (das férias)”.

Deixou em casa os funcionários
dos departamentos comercial e administrativo, prospectando oportunidades de
negócio na parte de EPIs. Ele tomou medidas de segurança para a turma da linha
de produção tanto dentro da empresa, quanto fora dela. “A gente viu que poderia
ser uma oportunidade no momento e investiu. Em vez de ficar parado, a gente se
antecipou, comprou maquinário, matéria-prima e produziu 40 mil unidades de EPIs
nos últimos dias. Um negócio que estava fadado a ficar parado, porque ninguém
estava comprando os nossos produtos, começou a reaquecer e virou uma
oportunidade de negócio que estimulou a operação da empresa durante algumas
semanas e nos deu caixa suficiente para pensar no próximo passo, no pós-crise”.

Insumos

Como eles próprios estavam
imprimindo os equipamentos, notaram que a demanda pelos insumos também cresceu.
A Cliever já tinha o maquinário para produzir o material e começou a explorar
esse mercado, que se mostrou crescente. “A gente pôde fornecer a fabricação de
filamentos para nossos clientes e também de outras empresas. Querendo ou não,
excluindo o malefício que a crise nos trouxe, a gente conseguiu transformar
esse limão em limonada”, destacou o diretor-geral da Cliever. A pequena empresa
criou um protetor facial hospitalar, o Cliever Shield.

A partir de agora, com o
reaquecimento do mercado de impressoras 3D, Krug está atento às oportunidades
que surgem, não só para fabricação como prestação de serviços, e na parte de
filamentos em que a startup hoje tem concentradas 70% de suas operações.
Paralelamente, a empresa continua esperando demanda de EPIs superior a 500 mil
unidades durante a pandemia. “A gente acredita que vai haver ainda uma demanda
grande sobre esses produtos. E estamos preparados para fornecer”. A capacidade
produtiva de EPIs da Cliever é de 10 mil unidades por dia.

A Cliever não demitiu nenhum
funcionário e acabou contratando temporários. “Minha equipe está toda
integral”, afirmou Krug. “Hoje, inclusive, a gente está pensando em expandir”.

Alinhamentos ortodônticos

Especializada na fabricação de
aparelhos ortodônticos, do tipo alinhadores transparentes, a partir de
tecnologia de impressão 3D, junto com scanners tridimensionais, a Compass,
também instalada em Minas Gerais, contou com R$ 5 milhões em investimentos do Criatec
2 desde 2015. Com o início da pandemia e da quarentena, o gerente de Marketing
da Compass, Eduardo Soares, disse à Agência Brasil que o setor odontológico foi
muito prejudicado, uma vez que foi proibido pelos conselhos federal e estaduais
de fazer atendimentos que não fossem emergenciais.

Diante da “enorme” redução da
demanda, a Compass baseou-se em pesquisas e verificou que seria possível
aproveitar a capacidade produtiva e direcioná-la para fabricar itens bastante
úteis neste momento de crise para o enfrentamento da covid-19. Foi assim que a
startup, sem deixar de produzir aparelhos ortodônticos, decidiu direcionar a
capacidade ociosa para o enfrentamento do novo Coronavírus.

 

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