Diretor da Afipe admite crime em documento apresentado pelo MP-GO

Promotores ingressaram com pedido de embargo de declarações e defesa disse que foi divulgado elementos de forma ilícita | Foto: Reprodução.

Postado em: 08-10-2020 às 17h50
Por: Nielton Soares
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Promotores ingressaram com pedido de embargo de declarações e defesa disse que foi divulgado elementos de forma ilícita | Foto: Reprodução.

Nielton Soares

Um documento apreendido de um
diretor jurídico da Afipe, destinado ao padre Robson de Oliveiro, mostra
citação de crimes relacionados a investigação da Operação Vendilhões,
deflagrada em agosto deste ano.

Segundo os promotores Sandro
Henrique e Sebastião Marcos, a defesa de padre Robson induziu o Tribunal de
Justiça de Goiás (TJ-GO) ao erro ao arquivar a ação, citando que a Associação
Filhos do Pai Eterno (Afipe) foi vítima de crime contra o patrimônio, apresentando
uma série de ocorrências com “laranjas”, algo que não se enquadrariam nesse
caso.

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Os promotores relataram ainda que
há um documento apreendido, onde um diretor jurídico da associação religiosa
faz citação de crimes relacionados com a investigação do Ministério Público de
Goiás (MP-GO).

Durante uma coletiva de imprensa,
Sandro chegou a ler o documento. “Quanto a ‘solução’ apresentada seria risível
se não fosse trágica. A solução é passar um recibo, cristalizar a situação
criminosa de lavagem de dinheiro, caixa 2 [aqui quando ele diz caixa 2, eu
entendo que é apropriação indébita], organização criminosa, desvio de
finalidade, simulação e outros, e alegar que um presidente, um padre, não
qualquer padre -administrador de uma associação bilionária – advogados, uma vez
questionados responderão: ‘não sabíamos, não fizemos com dolo, erramos mas foi
por desconhecimento da lei‘, etc.?!!!”, revelou.

O texto continua trazendo mais
detalhes, sob questionamentos: “Essa é a grande saída? E quem garante isso?
Seus amigos delegados, delegadas, Polícia Civil? Quem mais, os advogados da RCI
[cita vários]? Genial mesmo! Quando serão dadas as justificativas? Antes ou
após a intervenção MP? Antes ou depois da perda dos benefícios fiscais da
Afipe? Antes ou depois das multas milionárias? Antes ou depois da prisão de
várias pessoas? Antes ou depois de um escândalo midiático? Antes ou depois de
gastar milhões com advogados grandes e grandes escritórios? Antes ou depois de
determinação judicial de dissolução da associação? É o parecer conclusivo. Aguardo
a resposta. As perguntas estou imprimindo em três vias. Uma para mim, uma para
Alessandra e outra para Padre Robson.”

Defesa

Para a defesa de padre Robson,
Pedro Paulo de Medeiros, os promotores estão divulgando fatos ilícitos, o que
seria ação ilegítima dessas provas.

Sandro Henrique ainda frisou que
a investigação não está relacionada com aquisição de fazendas e sim descobrir a
retirada de R$ 400 mil da Afipe, em 16 de novembro de 2016. Com suposta
transferência para uma de “laranja”, sendo depois usado para comprar um imóvel
no nome da irmã do religioso.

Além desse desvio suspeito, está
na mira do MP-GO R$ 7 milhões – transação realizada em 23 de outubro de 2015, da
Afipe para GC construtora, dos irmãos Cabriny. E, nesse mesmo dia foram para
‘laranjas’ e após isso usado para a aquisição de imóveis ocupados
posteriormente por parentes de padre Robson. “Em de julho de 2016, quando a
Afipe transferiu R$ 2 milhões para a Rede Demais e depois ela entregou R$ 350
mil para o irmão do padre, e mais R$ 800 mil para um amigo do religioso em
Brasília”, citou o procurador.

Nesse contexto, o MP-GO ingressou
com um recurso de embargos de declaração, no intuito de esclarecer a situações
transações consideradas atípicas. Na terça-feira (6), a 1ª Câmara Criminal do
TJ-GO mandou paralisar as apurações de supostos desvios, organização criminosa
e apropriação indébita na Afipe.

 

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