Diarista e carpinteiro doaram mais de R$ 3 milhões ao padre Robson, diz investigadores

A polícia quer saber como um casal e um misterioso doador de 16 anos, hoje, conseguiram contribuir com valores milionários para as associação presididas pelo religioso | Foto: Reprodução.

Postado em: 27-10-2020 às 09h00
Por: Nielton Soares
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A polícia quer saber como um casal e um misterioso doador de 16 anos, hoje, conseguiram contribuir com valores milionários para as associação presididas pelo religioso | Foto: Reprodução.

Nielton Soares

Uma diarista e um carpinteiro que
aparecem em lista de doadores para entidades religiosas administradas por padre
Robson de Oliveira Pereira, 46 anos, estão na mira dos investigadores. Isso
porque o nome deles constam como doares de mais de R$ 3 milhões.

As suspeitas de valores exorbitantes
chamaram a atenção da equipe da Superintendência de Combate à Corrupção e ao
Crime Organizado de Goiás. A polícia investiga se há um possível esquema de
lavagem de dinheiro, organização criminosa e outros crimes. O caso envolve a
Associação dos Filhos do Pai Eterno (Afipe), o padre Robson e pessoas ligadas a
ele, como parentes e ex-funcionários.

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Em reportagem exibida no
Fantástico, da TV Globo, do último domingo (25), mostrou que os investigadores identificaram
movimentações suspeitas de mais de R$ 2 bilhões nas contas da Afipe nos últimos
dez anos. Além disso, com esse dinheiro foram compradas fazendas, avião e até
uma casa de praia, de acordo com as investigação. Todos recursos de doações de
fiéis.

Dentre esses o que chamou a atenção
foram doações no nome da diarista Marilda e do esposo dela, o carpinteiro Luís
Carlos. Ele trabalha com reforma de carros de boi em Anicuns, interior de Goiás.
O casal economizava o que podia para doar para a associação. Os dois foram procurados
pelos investigadores. Pois figuravam como doares da bagatela de R$ 3.290.673 no
nome de Marilda. “Desde o começo eu doei à Afipe, mas o maior valor que dei foi
R$20. Não passou disso”, disse a diarista à polícia.

Doações

Segundo a polícia, a maioria das
doações foi feita por meio de boleto bancário. Uma vez que fiéis associados
recebiam em casa. O documento contava com orações e até a assinatura do padre. O
relatório da investigação, divulgado pelo Fantástico, apresentou que a cada 10
doações consideradas suspeitas, oito tem irregularidade confirmada.

Além do casal, foi mostrado uma
doação sem identificação, listado apenas como “representante principal”, que
doou ao padre Robson, em 10 anos, mais de R$13.800.000. Não constando CPF ou
CNPJ. Apenas uma data de nascimento, sendo 01/06/2004. Isto é, o doador
atualmente teria 16 anos de idade.

Arquivamento

A Justiça goiana revolveu
arquivar as investigações contra o padre Robson, neste mês, justificante de que
não havia indícios de nenhum crime. Porém, como mostrou o Fantástico, antes do
trancamento, a política já tinha dado início na análise de documentos apreendidos
em agosto.

A busca e apreensão foram feitas
em 16 endereços ligados ao padre. Onde foram encontrados papéis com um banco de
dados dos doares com mais de 3 milhões e 800 mil nomes. O valor de supostas
doações somado em mais de uma década ultrapassa os R$ 2 bilhões.

A defesa do religioso, Pedro
Paulo de Medeiros, informou que desconhece a existência de qualquer doação
milionária, e que o cliente, quando presidia a Afipe, não tinha conhecimento de
que doações “nem próximo aos valores mencionados”. Após o trancamento do
processo, o advogado, em nome de padre Robson, tinha pedido a distribuição dos
documentos apreendidos pela polícia.

 

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