Com versos, juiz autoriza Igreja transferir corpos de padres em Trindade

"Diferente, não posso entender de que viver! Viver! Viver! Viver! Viver! Viver e Viver é o que se renova a cada amanhecer", poetizou o magistrado na sentença | Foto: reprodução

Postado em: 01-12-2020 às 11h25
Por: Nielton Soares
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"Diferente, não posso entender de que viver! Viver! Viver! Viver! Viver! Viver e Viver é o que se renova a cada amanhecer", poetizou o magistrado na sentença | Foto: reprodução

Nielton Soares

O juiz Liciomar Fernandes da
Silva, da 2ª Vara Cível, Fazendas Públicas, Registros Públicos e Ambiental da
comarca de Trindade, autorizou a exumação e transferência dos restos mortais de
sete missionários redentoristas para a Capela Mortuária, da Igreja Santíssimo
Redentor (Igreja do Padre Pelágio), em Trindade.

Os corpos dos padres foram
sepultados há mais de cinco anos no Cemitério Municipal de Trindade e, por
isso, a Congregação do Santíssimo Redentor de Goiás fez a solicitação na
Justiça. Ao analisar o caso, o magistrado lembrou que pela norma estadual, os
corpos, só podem ser exumados ao ser decorrido prazo determinado, “mas a
informação de que, no município de Trindade, embora não exista lei, esse prazo
de quatro anos nos costumes da cidade é o que se vem a imperar”.

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Pelo prazo já decorrido, Liciomar
declarou não haver empecilho para a aberturas das sepulturas e também da
exumação dos corpos e a transferência para outro local. “O direito à sepultura
e o respeito ao cadáver são direitos inerentes à personalidade, tanto da pessoa
falecida, quanto de seus herdeiros, motivo pelo qual deve o estado tutelar”, descreveu.

Memória

A sentença foi em forma de versos. “Diferente, não posso
entender de que viver! Viver! Viver! Viver! Viver! Viver e Viver é o que se
renova a cada amanhecer. Morrer. É uma só vez. Um só sentimento de fim. E o
verdadeiro túmulo dos mortos está, sempre, nos corações dos vivos”, poetizou o juiz. 

Segundo o magistrado, embora para
muitos sejam apenas restos mortais, para outros é uma lembrança viva que está
sempre a acalentar o coração dos vivos mortais. “Não resta dúvida de que
os padres redentoristas, cujos seus corpos, são por demais parte da história e
da alma religiosa que permeiam as ruas, os guetos, becos e a memória dos
visitantes, bem como dos moradores da cidade de Trindade”, escreveu.

O juiz acrescentou ainda: “Agasalhar
tais corpos em um só local é, nada mais do que realçar o valor de um sentimento
santo e imortal para aqueles que sabem crer e a vida celebrar. Logo,
demonstrada a existência de local adequado para acomodação dos restos mortais”.

 

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