Covid-19 afastou mais de 30 mil alunos da rede pública

Os pais estão deixando de matricular os filhos por medo do Coronavírus | Foto: Reprodução

Postado em: 01-02-2021 às 08h40
Por: Redação
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Os pais estão deixando de matricular os filhos por medo do Coronavírus | Foto: Reprodução

Daniell Alves

A pandemia agravou o sistema de educação de formas distintas. E uma delas foi o receio dos pais de autorizar o retorno dos filhos às unidades de ensino. O número de alunos matriculados na rede estadual de ensino teve uma queda de quase 30 mil. Já a rede particular também apresentou uma queda significativa. De acordo com o presidente do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino de Goiânia (Sepe), Flávio Castro, a situação é vista com muita preocupação.

Na rede estadual, de acordo com a Secretaria de Educação de Goiás (Seduc), foram registradas cerca de 475 mil matrículas para o ano letivo de 2021. Em março de 2020, segundo o Censo Escolar, havia 502.889 estudantes matriculados na rede estadual de ensino de Goiás. No entanto, a pasta ressalta esse é um dado preliminar. Isto porque novas matrículas podem ser realizadas presencialmente nas escolas até o final de fevereiro, aumentando consideravelmente esse número.

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“A pandemia trouxe uma evasão escolar e um desinteresse pelo estudo”, afirma o presidente do Sepe, em entrevista ao O Hoje. Segundo ele, este problema só seria resolvido com o retorno das aulas presenciais. Contudo, ele não deu detalhes de como deveria ser essa volta às aulas, já que as unidades de ensino não possuem espaço suficiente para cumprir o distanciamento social entre os alunos.

Migração

Pelo menos um terço do alunos da rede particular de ensino migraram para escolas com mensalidades mais baratas. Flávio explica que foi realizado um cálculo com o número de matrículas realizadas entre a agenda letiva deste ano em relação ao ano passado. “A grande maioria das escolas começou as aulas no dia 18 de janeiro. As matrículas ainda não fecharam, mas há uma expectativa de se perder um terço dos alunos em Goiânia. Isso acontece dos alunos saírem da escola com mensalidade mais cara e irem migrando para a mais barata. E vai acontecendo em cadeia até o aluno não ter condições de pagar nada e ir pra rede pública”, destaca.

O presidente, ainda, criticou o não retorno das aulas nas escolas. Segundo ele, os decretos foram bem flexíveis sobre outros setores e com protocolos que “nem vêm sendo obedecidos.” “A educação privada não teve nenhum caso desde que estamos abertos. Isso gera uma indignação não só nos diretores e donos de escolas, mas também nos próprios familiares, porque voltaram ao trabalho e não têm com quem deixar as crianças”, explica.

Falta de recursos

A presidente da Associação das Instituições Particulares de Ensino de Goiás (Aipeg), Eula Wamir Macedo, afirma que a rede privada não possui mais condições para o retorno das aulas remotas. De acordo com ela, as instituições não terão mais recursos.

Eula destaca que a categoria está apreensiva após o Estado ter sinalizado que as aulas presenciais podem ser novamente suspensas. O motivo é o aumento de casos positivos de Coronavírus nas últimas semanas. A notícia pegou a rede privada de surpresa, já que as escolas ficaram quase um ano se preparando para o retorno presencial. Contudo, as unidades correm risco de fecharem as portas novamente, dependendo do índice de transmissibilidade do vírus.

Somente 30% da capacidade

Mesmo com os questionamentos da categoria,  em reunião realizada na quarta-feira (27), o Centro de Operações de Emergências (COE) deliberou em manter o percentual de 30% de alunos, de acordo com a capacidade das escolas. Uma reavaliação desse cenário será feita daqui a 15 dias.

“No ano passado não tivemos condições de fazer essa análise, mas agora, com o retorno das aulas, teremos uma noção mais adequada”, considerou a superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO), Flúvia Amorim.

Aulas pela internet

O retorno das aulas presenciais na rede estadual teve início na segunda-feira (25). Os estudantes que estão voltando são aqueles que não tiveram acesso à internet em 2020 e, nesse momento, precisam de um atendimento mais próximo. O retorno será gradativo e terá como base os resultados atualizados do estudo epidemiológico de cada município, que monitora os casos oficiais de Covid-19 registrados pelas Secretarias de Saúde. Esse levantamento será realizado pelas Coordenações Regionais de Educação (CREs) e pelas equipes escolares. (Especial para O Hoje).

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