Spotlight e o triunfo do bom jornalismo

O Oscar deste ano vem para consagrar o filme que merece e precisa ser visto

Postado em: 29-02-2016 às 18h02
Por: Redação
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O Oscar deste ano vem para consagrar o filme que merece e precisa ser visto

Júnior Bueno 

Grande vencedor do Oscar 2016, o filme Spotligt – Segredos Revelados pode ser considerado uma pequena jóia por várias razões. Seu roteiro, que mesmo tendo sido inspirado por uma história real, consegue ser bem amarrado; Seu elenco, vazio de estrelas glamurosas, repleto de atores gente-como-a-gente, como Stanley Tucci, Michael Keaton, Liev Schreiber, Rachel McAdams e Mark Rufallo, que consegue ser fofo até com a franja mais feia da história do cinema; A direção, segura, tranquila, minimalista, com um ritmo próprio. Mas o maior trunfo de Spotlight – Segredos Revelados é o elogio ao bom jornalismo.

Baseado em uma história real, o drama mostra um grupo de jornalistas em Boston que reúne milhares de documentos capazes de provar diversos casos de abuso de crianças, causados por padres católicos. Durante anos, líderes religiosos ocultaram o caso transferindo os padres de região, ao invés de puni-los pelo caso. A equipe de reportagens especiais do The Boston Globe não tem preguiça. Não se contenta com explicações vazias. Não entra em contato com uma fonte apenas “para pegar uma declaração.” O trabalho de checagem e apuração dos jornalistas em cena são uma coisa linda de se ver.

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Outro trunfo do filme é ser um “filme da vida real.” Fosse um filme baseado em livro do John Grisham, Mike Rezendes (Mark Rufallo) iria irromper no tribunal com provas que mudariam os rumos de um julgamento. E mais: no final, ele se revelaria uma das vítimas da Igreja e tudo não passaria de um grande plano de vingança. Mas em Spotlight – Segredos Revelados, ele tem um drama de vida real. Um funcionário público fecha a porta e avisa: “A repartição fecha às cinco, amigo, volta amanhã”. Acontece com qualquer um.

O Oscar deste ano vem para consagrar o filme que merece e precisa ser visto. Para quem é jornalista, é um tapa na cara. Deviam exibir esse filme nas faculdades de jornalismo. Para quem não é, é uma ótima oportunidade de acompanhar de perto como são escolhidas as histórias que serão contadas pelos jornais, como decidem – por você – o que deve e o que não deve ser notícia.  

Foto: reprodução  

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