Naum Souza deixa saudade

O dramaturgo Naum Alves de Souza morreu no sábado (10), em São Paulo, aos 73 anos. A causa da morte ainda não

Postado em: 12-04-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
Imagem Ilustrando a Notícia: Naum Souza  deixa saudade

O dramaturgo Naum Alves de Souza morreu no sábado (10), em São Paulo, aos 73 anos. A causa da morte ainda não foi divulgada. Nascido em Pirajuí, no interior de São Paulo, ele também teve destaque como artista plástico, figurinista, cenógrafo e professor. Naum contribuiu para a formação de vários artistas com a fundação do Pod Minoga Studio, em 1972, grupo experimental de teatro que incorporava novas linguagens como as do circo, teatro de revista, ópera, cinema e rádio.

Entre suas obras, estão as peças A Maratona, No Natal a Gente Vem te Buscar, Aurora da Minha Vida e Um Beijo, um Abraço, um Aperto de Mão. O enterro foi no domingo (11), no Cemitério Getsêmani, em São Paulo.

Continua após a publicidade

Vários artistas lamentaram a morte de Naum Alves de Souza, como os atores Juca de Oliveira, e Dionísio Neto, o cantor e apresentador Léo Jaime e a cartunista Laerte. “Além de ter uma grande admiração por ele, pelas suas obras, desde Aurora da Minha Vida, todas as suas peças, que traziam um novo enfoque do homem brasileiro, do homem do campo, a sua literatura profundamente romântica, poética, excepcionalmente bem feita, eu tive contato com o grande diretor que foi o Naum”, disse Juca de Oliveira à GloboNews.

Juca de Oliveira completou: “Foi um excepcional diretor do teatro que influenciou os novos diretores. Ele encenou comigo a minha peça A Flor do Meu Bem Querer, no teatro Cultura Artística de São Paulo, que foi um dos maiores sucessos da minha carreira como dramaturgo. Eu suponho que o resultado se deve à excepcional visão do grande diretor Naum, que deixa uma lacuna enorme e que é realmente uma perda terrível para o teatro”.

Havia muito de intuitivo e biográfico na criação de Naum Alves de Souza. Da trajetória percorrida da infância no interior paulista à maturidade artística, consolidada na capital, o professor, autor, desenhista, figurinista, cenógrafo e diretor recriava lembranças como matéria-prima de formas e palavras que desvendava no impulso das descobertas. A religião e a escola impõem-se como dogmas, transformam orações, hinos e bandeiras em alegorias de emoções reprimidas e sanções sociais. O universo familiar, com seus códigos dissimulados, é confrontado com a crueldade das banalidades. Os fantasmas pessoais são sombrias memórias de pecado. E o mundo que chegava pelo rádio ganha o afeto da nostalgia. 

Na construção dessa dramaturgia memorialística e de imagens de múltiplos traços, o pluriartista se faz na prática de experimentar meios expressivos e na tentativa de investigar sentimentos. Dos tempos de professor de arte para crianças, criação do grupo cult paulistano Pod Minoga, e nas assinaturas da cenografia do show Falso Brilhante, de Elis Regina, e do visual minimalista de Macunaíma, na direção de Antunes Filho, a atuação de Naum se mantinha com a mesma discrição de sua personalidade tímida. O núcleo de sua dramaturgia – No Natal a Gente Vem te Buscar, A Aurora da Minha Vida e Um Beijo, um Abraço, um Aperto de Mão” –, tão expositiva nas suas características pessoais, não se contradiz com a timidez do autor, mas o aprisionou nas próprias recordações. (Agência O Globo)  

Veja Também