De volta ao local onde a vida é boa

Integrantes que restaram da banda Raimundos retornam ao famoso puteiro de João Pessoa 20 anos depois

Postado em: 26-04-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
Imagem Ilustrando a Notícia: De volta ao local onde a vida é boa
Integrantes que restaram da banda Raimundos retornam ao famoso puteiro de João Pessoa 20 anos depois

Foi num “puteiro em João Pessoa” que os Raimundos descobriram que a vida era boa. Um dos primeiros sucessos da banda de Brasília, Puteiro em João Pessoa (Roda Viva), lan­çado em 1994, tornou-se um marco na carreira do grupo – e fez a fama do bar, localizado na entrada da capital paraibana, às margens da BR-230.

“Vamos entrar no puteiro mais famoso do Brasil”, bradava o baterista Caio Cunha na tarde de quinta-feira, quando ele e Marquim (guitarra), mais os dois integrantes originais, Canisso (baixo) e Digão (guitarra e voz), foram fazer uma visita ao Roda Viva, em passagem da banda por João Pessoa.

Mais de duas décadas depois de a canção estourar, os Raimundos entraram pela primeira vez no bar, hoje chamado Efectos, “casa de shows eróticos”. “A gente já esteve aqui, mas ficamos do lado de fora. Nunca entramos”, atesta Di­gão. No feriado, a casa abriu mais ce­do para a comitiva ilustre. Poucos funcionários davam início à limpeza do local que, dali a pouco, começaria a re­ceber strippers, clientes e curiosos. 

Continua após a publicidade

“Vem muita gente aqui por conta da música”, confirma o proprietário, o catarinense Edson Rogério de Arruda. “Já recebi de grupos de motociclistas a turistas europeus querendo conhecer o famoso puteiro”.

Aproximadamente 25 anos separam o Roda Viva onde Rodolfo, vocalista original da banda, foi “inaugurado” do de hoje. “Está tudo diferente”, comenta o “primo velho e cancrado” Antônio Bessanger, que ciceroneou a atual formação dos Raimundos na visita ao estabelecimento.

“Não havia esse muro. Era só o dancing (que está lá, reformado) e mesas de pedra no meio do mato”,  descreve Bessanger. Hoje, as mesas de pedra deram lugar às de madeira, e o palco, espelhado, ostenta um pole dance. Uma pequena jukebox completa o cenário. O muro separa a “casa de shows” do motel Roda Viva, construído no fim dos anos 1990. O proprietário ficou com o motel e arrendou o bar para Edson Rogério, que comanda o lugar há cerca de 13 anos.

Narrada em primeira pessoa, Puteiro em João Pessoa revela como Rodolfo Abrantes perdeu a virgindade. Desde 2001 fora do grupo, quando passou a se dedicar à carreira gospel e à pregação evangélica, ele não fala sobre suas estripulias nos Raimundos. “É tudo verdade ali, menos os apelidos que ele pôs em mim”, ressalta Bessanger, primo em segundo grau do cantor.

A música, umas das primeiras no gênero forrocore criado pela banda, parte do momento em que “dois primos já marmanjos”, o “muito justo” Augusto (radicado em Brasília) e o “safado” Bessanger (grafado “Berssange” na música arrastam o jovem Dudu (Rodolfo) de uma festa em família até o Roda Viva, e segue até a hora em que “rolinha come alpiste”. “O nome dela era Fátima, mas a gente apelidou de Catherine Deneu­ve”, entrega Bessanger sobre a prostituta responsável por mostrar ao ex-vocalista como “a vida é boa”.

Lançada no disco de estreia, Raimundos, a ideia de Puteiro em João Pessoa surgiu quando em 1992. Segundo Digão, foi composta por ele e Rodolfo perto uma cachoeira, na fazenda do atual vocalista, em Brasília.  Puteiro… está sempre nos shows. Antes a gente colocava no final. Hoje, abre o repertório”, comenta Canisso. (Agência O Globo) 

Veja Também