Lugar de criança é no teatro

Com espetáculos para crianças, bebês e adolescentes, o festival ‘Razão para Sonhar’ traz a fantasia como instrumento de mudança social

Postado em: 01-05-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Com espetáculos para crianças, bebês e adolescentes, o festival ‘Razão para Sonhar’ traz a fantasia como instrumento de mudança social

Júnior Bueno

De amanhã até sábado, vários espetáculos teatrais serão apresentados na capital, dentro Festival Razões para Sonhar. Todos os trabalhos foram concebidos para o público infanto-juvenil e são obras de artistas reconhecidos local e nacionalmente. As apresentações acontecem no Teatro Sesc, no Espaço Sonhus e nos pátios de cinco instituições públicas voltadas para crianças e adolescentes. 

Esta edição do festival prevê a realização de 12 apresentações artísticas de dez espetáculos teatrais diferentes. O objetivo principal é levar crianças, adolescentes e educadores ao teatro para se sensibilizarem e se envolver em processos culturais nos quais a criação artística seja capaz de ativar a imaginação e a fantasia como instrumentos de ressignificação social. As ações também garantem o acesso democrático a conteúdos artísticos, para os mais diversos públicos e comunidades.

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Para o diretor artístico do evento, Constantino Isidoro, o festival é um sonho que se realiza. “Há muito que esse trabalho vem sendo idealizado. Em primeiro lugar, pela riqueza de experiências acenadas por ele a quem dele participar. Em segundo, pela possibilidade que nos será dada, de mais uma vez irmos ao encontro da comunidade, de uma forma consequente, ratificando, assim, a vocação humanista da arte, principalmente a do teatro, que é a de interferir efetivamente na construção de uma sociedade capaz de refletir sobre si mesma,” diz ele.

Raquel Bittencourt, diretora geral do projeto, também comenta esta experiência: “É um projeto de valorização da arte como uma instância importante e fun­damental para o desenvolvimento das capacidades cognitivas de sociabilidade, conhecimento e criação de crianças e jovens. O festival privilegia a linguagem do teatro e suas articulações com a música, a dança e o circo.”

Ela aposta no festival também como vitrine da qualidade do teatro infantil que vem sendo feito. “Nosso principal cuidado é o de levar para o nosso público o que temos de mais qualidade em termos de espetáculos e de profissionais capazes de fazer essa ligação entre o universo das artes e da educação formal. É uma experiência enriquecedora para todos os envolvidos,” diz Raquel.

Muita palhaçada

Os grupos e profissionais que participam desta segunda edição do Razões Para Sonhar são reconhecidos por seu trabalho artístico aprofundado, desenvolvido ao longo de anos de pesquisas de linguagens, e de criações de obras capazes de ir além do puro entretenimento. 

Peças que compõem o festival

‘Txuu-Looso – Raio de Sol’ – Uma interpretação sobre a lenda da origem do povo karajá. A obra traça o caminho percorrido por um pequeno peixe que descobriu um raio de luz que chegava até o fundo do rio. Brincando com ele, o pequeno foi saindo das profundezas do lago para a superfície e foi se transformando em um jovem karajá. Da Cia. Theatro Arte e Fogo, de Goiânia.

O Pequeno Príncipe – Baseado no livro do escritor Frances Antoine de Saint-Exupéry, a Cia Flor do Cerrado traz mais uma vez aos palcos um adorável e delicado clássico de inocência e descobertas vividas por um menino sensível que, ao chegar a terra, aprende o verdadeiro sentido de cativar e ser cativado por alguém.

Despertar da Primavera – Um grupo de teatro de uma escola particular prepara a peça O Despertar Da Primavera, de Frank Wendekind, para o encerramento do semestre. A tarefa é conduzida pelo professor de teatro, que um dia sonhou ser um grande diretor, mas que teve se contentar com os percalços do magistério. Alunos revoltos fazem do exercício teatral uma válvula para seus desejos e frustrações, na peça produzida pela Anthropos Cia. de Arte.

Coro dos Maus Alunos – A história de um velho professor de filosofia, fã de controvérsias e inspirador de um espírito crítico. Acusado de confundir os jovens estudantes e de manter com eles relações que ultrapassam os limites do trato entre professor e aluno, o educador é então submetido a um processo. Uma variação contemporânea do julgamento de Sócrates. O espetáculo da Cia Arthur-Arnaldo oi indicado ao Prêmio Femsa nas categorias autor, elenco e melhor espetáculo jovem e ao Prêmio da Cooperativa Paulista de Teatro nas categorias dramaturgia, direção e melhor espetáculo jovem.

A Geometria dos Sonhos – Da companhia La Casa Incierta, de Brasília, é uma obra destinada a bebês. O espetáculo mostra um caminho poético que evoca a história de uma pedra que, movendo-se das entranhas da terra até seu destino, transforma-se em nuvem para, assim, realizar o seu sonho de poder chorar. O espaço é um sonho geométrico em forma de colmeia onde os espectadores penetram uma caverna primitiva, o encontro com a fecundidade do mundo: o espaço onde se gera a luz que abre um caminho na escuridão.

Adoleta Musical – O cantor e ator Rodrigo Mármore tem em suas lembranças de infância a imagem de seu avô sentado sob um pé de manga, acompanhado de seu violão, sempre em tardes ensolaradas, lhe cantando histórias de alecrins e ruas ladrilhadas de brilhantes. A cantora e atriz Juliana Hernandes é pesquisadora de brinquedos cantados e cantigas de rodas. Desse encontro nasce o show infantil que pretende relembrar e reavivar a infância dos avós e papais presentes para, aí sim, dar início a diversão em família.

Histórias para Sonhar Acordado – O espetáculo é uma contação de histórias desencadeada pelos atores Bruno Peixoto e Valéria Livera, que se vestem como intrépidos palhaços. Bonecos, objetos lúdicos, músicas populares se unem na tarefa de narrar contos clássicos, feitos para crianças 

Clowns Tô Folia – a obra reúne quadros miméticos clownescos que contam pequenas histórias de amor e humor. São performances lúdicas e divertidas, onde falta lugar para o medo e sobra espaço para alegria. A simplicidade das personagens que compartilham sentimentos cotidianos é o elemento cativante que estabelece o vínculo entre o teatro e a plateia. 

Dois Patetas Espatifados – O espetáculo conta a história de dois sujeitos muito patetas, de nomes, Teimosinho e Mandão, que vivem cada qual, em seu barril de pólvora. Estes dois patetas transformam em uma verdadeira guerra, uma relação que poderia ser gentil e civilizada. O jogo entre as personagens serve de gancho para um espetáculo inteligente, que coloca a plateia infantil em contato com um dos maiores entraves das relações humanas: os conflitos de comunicação e a disputa pelo poder.

Tudo Passa… Eu Passarinho! – A palhaça Caçarola leva seu jardim picadeiro para realizar seu grande número. Mas, imprevistos acontecem. E entre seu lenço cor de rosa, que insiste em não ficar no seu bolso, e um bambolê de infância, que não cabe mais na palhacinha adulta, a personagem vai envolvendo o público em brincadeiras e ilusões, que remontam o circo tradicional e sua imensa capacidade de fazer transbordar fantasia e imaginação, em crianças e adultos. 

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