Editora lança experimento gráfico-literário

“Prepiscianas é um registro poético de afetações instantâneas e relações possíveis, no início do século 21”

Postado em: 18-05-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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“Prepiscianas é um registro poético de afetações instantâneas e relações possíveis, no início do século 21”

Nem história em quadrinhos (HQ), nem zine, nem livro. Prepiscianas é um experimento gráfico-literário de ficção, escrito por Larissa Mundim e Carol Schmid, que materializa diálogos virtuais próprios do nosso tempo. Publicado pela Nega Lilu Editora, o volume 1 será lançado hoje (18), às 19h, no Culturama. Além de bate-papo sobre o trabalho, a programação do evento prevê mais uma rodada do projeto Passa o Rodo (serigrafia) e food truck da Cawa Hamburgueria. A entrada é franca.

Prepiscianas publica também o trabalho de dois ilustradores. O desenho de Neyron Mendes instala ambiência por meio de uma cenografia sugestiva de subtexto para as narrativas. O que se vê como “plano de fundo” é tudo o que se conhece sobre dez pessoas, que estão se comunicando de forma mediada, em tempo real.

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Cada um desses personagens tem interlocutoras, e seus retratos foram criados pelo artista de novas mídias, Vinícius Vargas. Produzidas exclusivamente para Prepiscianas, as imagens integram a série Faces do Big Data. Este trabalho de arte digital consiste em fundir rostos, a partir de fotos disponíveis na web, até que se revelem identidades não reconhecíveis e inexistentes, que refletem o colapso de contexto em meios virtuais, onde usuários tornam-se muitas vezes sujeitos sem cara, sem corpo, sem história.

“Para mim, Prepiscianas é um registro poético de afetações instantâneas e relações possíveis, no início do século 21”, descreve a escritora Larissa Mundim, diretora da Nega Lilu Editora. A Comunicação como cultura e as relações virtualizadas estão presentes na trajetória literária desta jornalista goiana, que iniciou carreira com o romance de ficção Sem Palavras (2013), integralmente construído com chats e e-mails trocados entre as personagens.

Segundo ela, esta nova publicação surge da busca por experimentação de linguagem e a partir de estímulo da Nega Lilu Editora para a criação de produtos identificados com as feiras de publicação independente. “Estive na Feira Plana 2016, em São Paulo, e voltei com muita vontade de publicar um impresso que não tivesse classificação formal, que fosse o que as pessoas definissem”, lembra.

Autonomia

A apropriação é o conceito estruturante do projeto, de ponta a ponta. De acordo com a coautora Carol Schmid, a ausência proposital de contextualização para a leitura sugere que o leitor faça uso de referências próprias, pessoais, para a construção da história. “Quem acessar as curtíssimas narrativas publicadas no volume 1 pode ficar curioso para buscar o que está por trás das palavras não ditas. E as únicas pistas existentes são subtextos”, prevê.

Para ela, o mesmo ocorre em relação ao título do projeto e ao formato sem classificação formal. “Como a palavra ‘prepisciana’ não existe, pode ser qualquer coisa”, ressalta a advogada e atriz, que está estreando como autora literária. Outro aspecto que Carol destaca é o descomprometimento com ordenação dos fatos para que uma história linear seja contada. “Originalmente, existe uma sequência proposta pelas autoras, mas a gente quer mesmo é que o leitor tire as coisas do lugar e reconstrua ao seu modo”, finaliza.

SERVIÇO

Lançamento de ‘Prepiscianas’ – vol. 1 Quando: Hoje (18 de maio), 19h

Onde: Culturama (Av. T-8, nº 324, St. Bueno)

Preço da publicação: R$ 20 

Entrada franca 

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