Um homem de sorte

Suspense e mistério pontuam o filme independente Doonby, do diretor inglês Peter Mckenzie, que esteve em Goiânia para divulgar a obra

Postado em: 16-06-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
Imagem Ilustrando a Notícia: Um homem  de sorte
Suspense e mistério pontuam o filme independente Doonby, do diretor inglês Peter Mckenzie, que esteve em Goiânia para divulgar a obra

A história do filme começou a ser pensada há mais de 30 anos, quando o diretor nem pensava em trabalhar na indústria do cinema. Mas só foi realizada, em 2013, e só agora chega aos cinemas brasileiros. O diretor percorreu algumas cidades brasileiras para fazer sessões de pré-estreia e passou pela redação de O HOJE para bater um papo conosco.

Recebido pela crítica em todo o mundo com elogios e comparações com O Sexto Sentido, do diretor de M. Night Shyamalan, o filme também teve boa recepção na pré-estreia em Goiânia. “Estou encantado,” disse o diretor, que  completou: “Eu sempre sonhei em conhecer o Brasil, que me diziam que é lindo. Mas as pessoas são muito mais amáveis do que eu imaginava”. Antes de vir a Goiânia, ele esteve em Brasília.

Perguntado se via alguma semelhança entre o Texas e Goiânia, Peter disse não ver muitas, mas ele ainda não havia sido informado de que nós também temos nossos caubóis. “Com chapéus e tudo mais? Que maravilha!”, disse, sorrindo. Ele adorou saber que aqui temos cantores de “brasilian country music” e que queria ir a um show. Sobre o cinema brasileiro, disse não conhecer a fundo, mas que gosta da maneira como os atores daqui interpretam.

Continua após a publicidade

Ele diz que o Texas é diferente do resto dos Estados Unidos. “As pessoas são conservadoras, tradicionais, andam como caubóis nas ruas. Mas são pessoas ótimas, tem bom coração, são trabalhadoras”. É como se ele estivesse descrevendo a cidade de Goiânia, não? Peter ambienta seus filmes em cidades pequenas, porque, para ele, elas representam o país como um todo, como uma metáfora.

A trama de Doonby, segundo a crítica especializada, é uma mistura de A Felicidade não se Compra com Além da Imaginação. O elenco é composto de atores conhecidos do público brasileiro. O personagem-título é interpretado pelo ator John Schneider, um dos protagonistas da série oitentista Os Gatões. E para as novas gerações, Schneider foi o pai do Superman na série Smallville. Além dele, estão no filme Ernie Hudson, de Os Caça-fantasmas; Robert Davi, um dos gângsteres de Os Goonies; e a vencedora do Oscar por Houve uma Vez um Verão, Jennifer O’Neill. Curiosidade: Jennifer nasceu no Brasil e foi criada nos EUA.

Peter Mckenzie é diretir, roteirista e produtor de seus filmes. Ele nasceu em Londres e era um vendedor de chocolate. Ele fez carreira na publicidade, tendo produzido e dirigido mais de 200 comerciais – muitos deles premiados em diversos festivais. Foi quando entrou para a indústria de TV. “Não era algo que eu sonhasse quando criança. “Na verdade, eu queria ser neurocirurgião; quando vi, 40 anos depois eu era diretor de filmes,” diz ele. “Antes de morrer, minha mãe dizia que eu devia arranjar um emprego sério”, diz ele, sorrindo. 

Como diretor, realizou os filmes Mission Manila, Mercador de Guerra e Keys to Freedon antes de realizar Doonby. Além disso, como roteirista, escreveu vários projetos. Alguns deles já em desenvolvimento, como Finklestein’s Miracle, uma comédia ambientada no Texas; C’mon Everybody, cinebiografia do lendário astro do rock Eddie Cochran; e a história de um pastor em South of Memphis. Como roteirista, ele escreveu com a ajuda de Craig McLeod o suspense paranormal The Wedding Present, que usa a atmosférica paisagem de New Orleans.

Peter diz que o trabalho como produtor independente é muito duro, pois os filmes não se pagam nas bilheterias dos cinemas, mas com os merchandising, downloads e nas vendas de DVDs e blu-rays. E, em filmes com menor orçamento, quase não sobra para a divulgação desses produtos. Ele ressalta a importância dos festivais na divulgação de filmes independentes e na procura por produtores para a distribuição desses filmes. “É justamente nesses festivais que os estúdios procuram esse tipo de filme. Eles procuram perceber a reação da plateia”.

O filme tem sido interpretado como um manifesto pró-vida, tendo inclusive a divulgação feita por entidades cristãs. Na contramão das discussões sobre os direitos reprodutivos das mulheres – que tem crescido em todo o mundo, sobretudo nos EUA, onde há a descriminalização –, o filme tem sido encarado como um panfleto contra o acesso este direito. Mas a obra de ficção de Peter Mckenzie é também um convite ao diálogo franco sobre o assunto, sem radicalismos. O cinema serve também para isso. 

Veja Também