Recanto da alegria

Para celebrar o centenário do samba e seus 30 anos de carreira, Jorge Aragão se apresenta hoje em Goiânia: “Não me falta nada a não ser a vontade de cantar e levar alegria e emoção paro o nosso povo brasileiro – e fora do nosso Brasil també

Postado em: 18-06-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Para celebrar o centenário do samba e seus 30 anos de carreira, Jorge Aragão se apresenta hoje em Goiânia: “Não me falta nada a não ser a vontade de cantar e levar alegria e emoção paro o nosso povo brasileiro – e fora do nosso Brasil també

FLÁVIA POPOV

Gênero musical que deriva de um tipo de dança, de raízes africanas, surgido no Brasil e considerado uma das principais manifestações culturais populares brasileiras. Dentre suas características originais, possui dança acompanhada por pequenas frases melódicas e refrões de criação anônima, alicerces do estilo de roda nascido no Recôncavo Baiano. Estamos falando do samba que, neste ano, celebra o seu centenário. E os brasileiros têm muito o que comemorar. Apesar de ser um gênero musical resultante das estruturas musicais europeias e africanas, foi com os símbolos da cultura negra brasileira que o samba se alastrou pelo território nacional. 

Embora houvesse variadas formas do samba no Brasil, não apenas na Bahia, como também no Maranhão, em Minas Gerais, em Pernambuco e em São Paulo – com diversos ritmos e danças populares regionais que se originaram do batuque –, o samba como gênero da música é entendido como uma expressão musical urbana surgida no início do século 20, na cidade do Rio de Janeiro, nas casas das chamadas “tias baianas” – migrantes da Bahia. E foi nessa época, quando o samba de roda, entrando em contato com outros gêneros musicais populares entre os cariocas – como a polca, o maxixe, o lundu e o xote –, fez nascer um gênero de caráter totalmente singular.

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Pelo Telefone foi considerado o primeiro samba a ser gravado no Brasil  – segundo os registros da Biblioteca Nacional. O sucesso alcançado pela canção contribuiu para a divulgação e a popularização do samba como gênero musical. A partir de então, esse estilo de samba urbano começou a ser propagado pelo País. 

E, para comemorar a existência do samba, sua conquista e seu centenário, Jorge Aragão desembarca neste sábado, na capital goiana, onde faz um show intimista, que também celebra seus 30 anos de uma sólida carreira – grandes intérpretes de samba, como Beth Carvalho, Alcione, Zeca Pagodinho e Martinho da Vila têm suas canções no repertório.

A pedido do sambista, o show será em clima de feijoada, em uma roda de samba – para poucas pessoas –, durante todo o dia, na Chácara Cedro (Parque Amazônia). Informações sobre ingressos: (62) 3088-4411 / 8264-2865.  

Para saber mais sobre a vida de Jorge Aragão, o Essência conversou com o sambista. Leia a entrevista.

Um marco da história moderna e urbana do samba ocorreu em 1917, no Rio de Janeiro, com a gravação, em disco, de Pelo Telefone, com letra de Mauro de Almeida e Donga, cantado por Bahiano. Qual é a sua opinião sobre a divulgação e a popularização do samba como gênero musical a partir desta música? 

Acredito que tanto eu quanto os sambistas que são da mesma geração que a minha devem muito à canção Pelo Telefone, pois daí que as portas começaram a abrir, o samba teve a oportunidade de ser reconhecido, e hoje é o ritmo que tem a cara do nosso País.

O samba urbano, surgido no Rio, propagou-se pelo País e, em 1930, foi tido como símbolo da identidade nacional brasileira. No século 20, surgiu o samba moderno urbano. Em sua opinião, o que pesou mais na diferença entre os dois: a sonoridade ou os instrumentos? Qual é a sua preferência?

O samba é samba, o pagode é samba. Assim como a tecnologia evolui, o samba também vem passando por essa renovação, que acho importante, pois é a continuidade de tudo, e acho muito legal. Claro que há muitos da nova geração com boa qualidade, e outros não, mas no final o que vale é a intenção e o fato de o samba está sempre vivo e presente na vida das pessoas.

Com quase 30 anos dedicados à música popular brasileira, você continua em plena atividade. A inclusão de outros estilos musicais, como o sertanejo, tem ‘abalado’ o samba e/ou a intensidade dos seus shows?

Não. Os outros estilos, na verdade, têm o seu lugar; há espaço para todos, e o samba sempre prevalece e se renova. Apesar de os públicos hoje se misturarem, sempre há e vai haver quem vá ao samba e quem vá ao sertanejo, e todo mundo consegue trabalhar.

Em sua página, você diz ser “fascinado pela tecnologia”. Para você, como é viver nesta era? A tecnologia não estaria afastando as pessoas do acesso a produtos como o CD e/ou o vinil, já que faixas musicais estão disponíveis na rede?

Gosto muito mesmo (risos)! Na verdade, temos que acompanhar isso, a tecnologia, a evolução e, a cada dia mais, vamos nos adaptando ao novo e a milhões de novidades que nos deixam mais perto, e, para quem gosta da nossa música, até mais próximo, né? – no celular, no computador na televisão na rádio e nos shows.

O que o levou a deixar o grupo Fundo de Quintal? 

O Fundo de Quintal é minha escola, minha formação e aprendizado que levo para a vida. O Fundo de Quintal é uma faculdade de samba, e cada um que lá passou e se formou tem que seguir e dar oportunidade para o próximo sambista. Sou muito grato e amigo de todos, até hoje, e levo o FDQ no coração: a verdadeira faculdade do samba!

Também em seu site, é dito que você “sabe como poucos retribuir o que recebeu”. O seu começo foi difícil? Você se sente um artista realizado? O que lhe falta?  

Retribuo tudo que sou e represento, e sou eternamente grato ao que me dedico: cantar, compor e alegrar meu público, a cada show, a cada nova música. Todo começo é difícil – e o meu não foi diferente. Mas, com muita perseverança, e, depois de muitos “nãos”, a cada dia eu fico mais convencido que fiz a melhor escolha, que não poderia ter escolhido outra profissão, e sou realizado, sim, no que faço, até porque vivo do que mais amo fazer: música! E não me falta nada a não ser a vontade de cantar e levar alegria e emoção paro o nosso povo brasileiro – e fora do nosso Brasil também!

Você virá a Goiânia para cantar em um show intimista e pediu para que houvesse uma feijoada em uma roda de samba. O que o público presente pode esperar do seu show na capital goiana?

Alegria, música boa, relembrar muitos sucessos, meus e de outros artistas que gravaram composições minhas. Já estou sabendo que a feijoada é de primeira, e o que quero é contar com a presença desse povo lindo goiano, que sempre me recebe tão bem e de braços abertos!  

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