Vaca Amarela chega aos 15 anos fazendo barulho

Festival Vaca Amarela chega aos 15 anos confirmando sua vocação para fazer barulho na música e nas discussões que levanta

Postado em: 23-09-2016 às 06h00
Por: Redação
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Festival Vaca Amarela chega aos 15 anos confirmando sua vocação para fazer barulho na música e nas discussões que levanta

Júnior Bueno

Fosse o Vaca Amarela tão tradicional quanto se supõe ser a sociedade goiana, os 15 anos do festival seria marcado por um baile de gala, e não uma festa mundana que entra em entraves com o conservadorismo católico em nome da arte. E é assim que um dos maiores festivais de música independente confirma sua vocação para ser a ovelha negra da família: com uma bem-sucedida edição fora de casa (no Rio, durante a Paralimpíada) e com um barulho já na divulgação, com as imagens da santa travestida de vaca – ou seria o contrário?  

Então o baile de debutante desta vaca profana tem direito a tudo que um bom festival de rock de Goiânia tem em sua frequência: três dias, mais de 60 atrações e uma programação com mais de 60 atrações, entre cantores, bandas e discotecagens especiais, que apresentam um recorte da música autoral brasileira. Já no roteiro de festivais de música do País, o Vaca Amarela sempre abre espaço para novas bandas que desejam se apresentar ao lado de grupos já expoentes, a exemplo de Gabriel O Pensador, Mombojó, Francisco El Hombre, Rafael Castro e As Bahias e a Cozinha Mineira, com destaque para as bandas independentes goianas, como Overfuzz, Hellbenders, Carne Doce, Faroeste e Dogman. 

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De acordo com coordenador do projeto, o produtor cultural João Lucas Ribeiro, a ideia é apresentar um recorte da música contemporânea independente produzida em Goiás e no Brasil. “Nossa intenção é levar shows de artistas expoentes da música jovem independente produzida no Brasil, concentrando sua atenção na produção musical realizada distante dos centros econômicos do País e ainda assim totalmente urbana em sua essência”, explica. 

O destaque deste ano fica por conta da banda pernambucana Mombojó, dos mexicanos da Francisco El Hombre, do Gabriel O Pensador e da apresentação inédita da banda As Baianas e a Cozinha Mineira. Ainda se apresentam grupos como Porcas Borboletas, de Minas Gerais, e Billy Bilgrim, dos Estados Unidos, ao lado da Carne Doce, que acabou de lançar o disco Princesa e percorre todo o País em turnê. “Queremos recortar esses grupos que fazem parte da intensa produção musical brasileira, jovem em sua essência, urbana, e que mescla diferentes elementos sonoros”, explica João Lucas.

A programação paralela do festival conta com batalhas de MCs, de DJs e de Drags Queens, debates sobre gênero e música e roda de conversa sobre o jovem negro no País. Apresentações literárias, oficina de zines e poemas do selo Zé Ninguém. Com ações de artes integradas, o Martim Cererê envolve-se em diferentes atividades durante o Vaca Amarela. Durante todo o dia, o espaço promove ações de fomento à discussão. 

Edição olímpica

Antes disso, no dia último 10 de setembro, o Vaca Amarela caiu de paraquedas no meio da programação da Paralimpíada, com um dia de festival na Fundição Progresso, no Rio de Janeiro. O evento foi selecionado no edital da Fundação Nacional de Artes (Funarte) para Festivais de Música, durante os jogos olímpicos, e representou o Centro-Oeste na mostra que levou pequenas edições de festivais de música de várias partes do Brasil. “A proposta do Vaca Amarela é sempre promover shows especiais de diferentes bandas que se destacam por sua produção musical, lançamento de discos ou ainda grupos que mantém contato direto com o festival em Goiânia. Não poderia ser diferente num ano em que se discutem política, sociedade e liberdade”, destaca João Lucas.

O ano de 2016 também marca uma década de existência da Fósforo Cultural. Se a produção de rock independente de Goiânia tivesse uma biografia, a produtora seria representada por um extenso capítulo intitulado Faça Você Mesmo. Há 10 anos, a produtora se divide em ações de fomento e difusão de bens culturais, seja na produção de festivais de música, como o Vaca Amarela e o Grito Rock, seja na propagação e articulação de bandas regionais. As bandas e os artistas goianos contemporâneos que estão estourando na gringa têm ou tiveram em algum momento o dedo da Fósforo. Reflexos de uma transformação na indústria fonográfica pós era digital, uma explosão de festivais ilustra a ascensão do rock alternativo, em todo o Brasil, com foco em Goiás. 

A Fósforo produz anualmente o Grito Rock, que já chega à sua décima edição em Goiânia; o La Bomba Latina, série de intercambio cultural entre bandas latino-americanas; o Falante Records, o Tacabocano CD e o Release Alternativo, projetos para descobertas de novas bandas e, ainda, o Vaca Amarela.

SERVIÇO:
15ª edição do Festival 
Vaca Amarela

Quando: 23, 24 e 25/9
Onde: Centro Cultural Martim Cererê (Quadra 18, Travessa Bezerra de Menezes, Setor Sul)
Ingressos: 20 reais por dia ou 50 reais o passaporte para três dias

Programação:

Palcos principais
Sexta-feira (23/9)
01h00 – Mombojó (PE)
00h00 – Carne Doce
23h15 – Rafael Castro (SP)
22h30 – Ara Macao
22h00 – Billy Pilgrim(EUA)
21h30 – Ventre (RJ)
21h00 – Meia-Noite Em Marte(SP)
20h30 – Components
20h00 – Two Wolves
19h30 – Urumbeta do Espaço
19h00 – Sheena Ye
 
Sábado (24/9)
01:00 – Francisco El Hombre (MEX/BR)
00:15 – As bahias e a cozinha mineira (SP)
23h45 – Muntchako (DF)
23h00 – Johnny Suxxx n’the Fucking Boys
22h15 – Porcas Borboletas (MG)
21h30 – Pó de Ser
21h00 – Ludovic (SP)
20h30 – Peixefante
20h00 – Vitor Brauer (BH)
19h30 – Brvnks
19h00 – Lutre
18h30 – Lista de Lily (DF)
18h00 – Almost Down
17h30 – Bolhazul (DF)
17h00 – Lorranna Santos
16h30 – Sótão
16h00 – El Pato Loco
 
Domingo (25/9)
23h30 – Gabriel, O Pensador (RJ)
22h45 – Hellbenders
22h15 – Faroeste
21h30 – Overfuzz
21h00 – Milkee (SP)
20h30 – Dogman
20h00 – Jade VMG
19h30 – Evening (Anápolis)
19h00 – Rollin Chamas
18h30 – BBGG (SP)
18h00 – Atomic Winter
17h30 – Piscadela Verde (PA)
17h00 – Sixxen
16h30 – G9 Gang
16h00 – Mausoléu de Helena
 
Palco Falante Records / Cafofo 
Estudio
Sexta-feira (23/9)
21h00 – Judas (DF)
20h00 – Versário
19h00 – Face Noruega
DJ set Felamacumbia
 
Sábado (24/9)
21h00 – Manso
20h00 – Vintage Vantage(DF)
19h00 – La Morsa(ANP)
18h00 – Kastelijns
17h00 – Rheuter
16h00 – Gregor
DJ Set Obsoleto
 
Domingo (25/9)
21h00 – Sã Consciência
20h00 – Clann
19h00 – PRVN
18h00 – Naipe Vagabundo
DJ set Rodrigo Lagoa
Programação de artes integradas + Rodas de conversa (23/9)
Balõezinhos de Poemas – Zé Ninguém
Feira de Zines
Poeminhas Tristes – Buenas
20h – Oficina de Zines – Beatriz Perini
 
Dia 24/9
21h – Batalha de Drags
19h – Oficina de Drags
17h – Debate: Quebrando o Gênero
 
Dia 25/9
17h – Batalha de MCs – Batalha de Sangue – Rimanação APGN
16h – Roda de Conversa – Jovem Negro Vivo – Anistia Internacional
16h – Batalha de MCs – Batalha de Poesia – Rimanação APGN

 

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