Chega a Goiânia o espetáculo de humor ‘Grace Gianoukas Recebe’

Uma das maiores humoristas do País, a comédia defende um humor que ri do opressor

Postado em: 11-12-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Uma das maiores humoristas do País, a comédia defende um humor que ri do opressor

Júnior Bueno

O A comediante Grace Gianoukas é um dos raros casos de atriz que, apesar de aparições bissextas na TV, desenvolveu uma carreira bem-sucedida nos palcos, tornando-se uma grife no campo do humor. Isso graças à Terça Insana, companhia de teatro, na qual os próprios atores escrevem seus textos, considerada o início do boom do stand-up no Brasil no começo dos anos 2000. Mesmo quem não podia acompanhar a trupe, viu os muitos vídeos das apresentações pela internet. Assim, personagens como Aline Druel, uma diva aditivada com drogas e álcool e Santa Paciência, padroeira de quem está de saco cheio, tornaram Grace conhecida no Brasil inteiro.

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Mas, antes disso, Grace já havia participado da Escolinha do Professor Raimundo e do premiado programa infantil Rá-Tim-Bum, que a faz habitar a memória afetiva de muito marmanjo de hoje em dia. Grace sempre mostrou, em sua carreira, uma vocação para causar gargalhadas ao mesmo tempo em que provoca reflexões sobre temas sérios. E é assim com seu mais novo projeto, Grace Gianoukas Recebe, apresentado sob a chancela do Terça Insana, que ela apresenta em Goiânia neste fim de semana.

O trabalho concedeu a ela o prêmio de Melhor Atriz de comédia pelo Arte Qualidade Brasil e também o Prêmio Nelson Rodrigues como destaque em 2016. Os fãs poderão conferir a apresentação, nos dias 10 e 11 de dezembro, no Teatro Goiânia. O espetáculo é uma espécie da talk show teatral em que Grace Gianoukas recebe convidados, personagens, espíritos, encomendas, sustos e o público, com muito bom humor, ao lado de Darwin Demarch, Rita Murai e Eraldo Fontiny.

Transformando o teatro em avião e o público em passageiros de um possível voo, o espetáculo entretém as pessoas fazendo uma reflexão bem-humorada sobre o País, enquanto a nave não decola. Neste espetáculo, Grace aborda as origens da corrupção no Brasil, o fundamentalismo crescente no País, uma reflexão bem-humorada sobre as coisas que recebemos diariamente sem contestar devido à pressa contemporânea. Durante o talk-show, ela recebe sua assistente de palco Sheila (Darwin Demarch) para novas aventuras, apresenta o quadro com a Lili, personagem de Eraldo Fontiny, e tem de lidar com a ansiedade de uma passageira fumante inveterada (Rita Murai), recebe o Aedes aegypti, e entrevistados locais. Em entrevista ao Essência, Grace diz que o espetáculo é uma criação sua.

A gaúcha da cidade de Rio Grande traz em seu currículo experiências no teatro, televisão e cinema. Na década de 1980, Grace fundou a Cia Harpas e Ogros, com Ângela Dip, na qual criou, produziu e atuou em quatro espetáculos. Paralelo a isso, participou como convidada de vários diretores, em diversas montagens teatrais. No fim dos anos 90, trabalhou em dois espetáculos com o grupo XPTO e idealizou e levou ao palco eventos e projetos que envolveram artistas de diferentes áreas, como forma de incentivo aos novos talentos. Depois de fazer um nome com o Terça Insana, atuou também em Sobre Amor e a Amizade, baseado na obra de Caio Fernando Abreu.

Somente em 2016, a atriz teve na TV uma personagem à altura de seu talento. A personagem Teodora Abdala, da novela Haja Coração, fez grande sucesso. Tanto que, prevista para morrer no meio da trama, Teodora sobreviveu e retornou à trama. Enquanto esteve fora do ar, a produção preparou uma minissérie para ela,  no site da novela, para que o público matasse a saudade.­  

SERVIÇO

‘Grace Gianoukas Recebe’

Quando: 10 e 11 de dezembro

Horários: sábado, às 21h, e domingo às 20h

Onde: Teatro Goiânia(Av. Anhanguera, esquina com Av. Tocantins, Centro)

Valor: R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia-entrada) 

Entrevista Grace Gianoukas

Como é o espetáculo Grace Gianoukas Recebe? Como você o criou?

O espetáculo é uma grande brincadeira que se passa dentro de um avião, onde eu faço a aeromoça e o público, os passageiros deste voo. Mas, enquanto não recebemos a ordem da torre de controle para decolar, começa o programa de entretenimento a bordo o show Grace Gianoukas Recebe, um programa de auditório onde eu recebo espíritos, desaforos, falamos de moda, dicas de economia, recebo duas passageiras neuróticas, vividas por Rita Murai. Tem também a programação infantil que fica a cargo da Lili, personagem de Eraldo Fontiny, faço um talk- show em que entrevisto um dos empreendedores mais bem-sucedidos dos ultimos do mundo, o Sr. Aedes Aegipyt, vivido por Darwin Demarch, que também faz a personagem Sheila, minha assistente de palco. Este espetáculo foi criado com todo o elenco sob a minha direção

O Terça Insana foi uma escola de humor no Brasil e formou também um público. Que as influências do Terça você vê no humor que veio depois dele?

Acho que a Terça Insana foi fundamental pra abrir caminho para uma comédia mais sofisticada, que se faz hoje em dia, como muitos quadros da porta dos fundos e até do novo Zorra.

Sua carreira se desenvolveu nos palcos e, depois, uma geração de internet a descobriu. Como foi o reconhecimento que veio com a Teodora Abdala da novela Haja Coração?

Hoje tem muito mais gente que reconhece como atriz. As pessoas são muitas simpáticas e brincalhonas comigo na rua, recebo muito carinho.

Você foi uma espécie de Xuxa de uma geração, porque era a mãe, no programa Rá-Tim-Bum. Como foi fazer um programa infantil tão querido pelo público?

Rá-tim-bum foi um programa importantíssimo no Brasil, resgatou o respeito pela criança na idade pré-escolar e virou um exemplo de como a TV pode influenciar de uma maneira positiva o desenvolvimento infantil. Ganhamos muitos prêmios pelo mundo todo. Tenho o maior orgulho de ter participado.

Você sempre se posicionou como uma comediante que usava a sua profissão para rir do opressor e dar voz a quem comumente era o motivo da piada. O que você acha do humor stand-up feito hoje em dia?

Hoje tem muita coisa de comedia em cartaz. Infelizmente não tenho tempo para assistir a tudo, para dar uma opinião aprofundada, mas acho que, hoje em dia, tem gente fazendo humor pra todos os gostos, maturidades e tipos de caráter do publico.

Para você, o humor tem poder de modificar as coisas ou é apenas um escape necessário em tempos difíceis?

A comedia é uma arte e toda arte pode mudar o mundo, mas nem todo o humor é arte.

Como humorista, o que a inspira? E o que as pessoas acham engraçado e você não acha a menor graça?

Eu gosto de assuntos científicos de todas as áreas de estudo, gosto sociologia, física, arquitetura, química, antropologia, historia, literatura, isto me inspira muitíssimo. Eu não vejo a menor graça no bullying.

 Foto: divulgação

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