Cinema: O ano em que fizemos contato

‘A Chegada’ é o melhor filme de 2016, ano marcado por obras contundentes como Aquarius e O Abraço da Serpente

Postado em: 28-12-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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‘A Chegada’ é o melhor filme de 2016, ano marcado por obras contundentes como Aquarius e O Abraço da Serpente

Toni Nascimento

O ano de 2016 não foi um dos melhores para o cinema. Apesar de ter sido recheado de estreias, o resultado nas telas decepcionou muito na qualidade. Mas, ainda sim, teve muita coisa boa, tanta que não cabe tudo em uma lista de 10 melhores. É inevitável não fazer menções honrosas a longas como Capitão Fantástico, que rendeu a Viggo Mortensen o prêmio de melhor ator no Satellite Award; Swiss Army Man, que inova como dramédia e subverte a narrativa; Zootopia que demonstra como a Disney aprendeu a fazer animação com a Pixar; O Quarto de Jack, que nos apresentou o estupendo talento de Jacob Trembley  e Caça Fantasma, que enfrentou uma campanha machista de alguns fãs da franquia e provou que comédia e filme de ação também é coisa de mulher. 

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Apesar de a lista ser dos melhores filmes, longas que caíram no gosto de muitas, como Batman vs Superman: A Origem da Justiça, devido ao critério de escolha. Os princípios básicos utilizados foram: variedade de gêneros, nacionalidade e importância cinematográfica dentro das circunstâncias atuais e históricas do cinema.

É bom lembrar que toda lista de melhores filmes é individual e têm como principal ação funcional o incentivo para conhecer obras que talvez ainda não tenham sido descobertas e apreciadas pelos leitores, sendo eles cinéfilos ou não. Então vamos a lista: 

Deadpool (Tim Miller) – O sub-gênero de super-herói no cinema se desgasta anualmente devido ao grande número de estréias em um curto período de tempo. São cerca de cinco ou seis novos longas da Marvel e da DC lançados em inúmeras salas pelo mundo todo ano. Se o gênero começou a ficar padronizado demais e repetitivo, Deadpool vêm dar uma refrescada no ambiente e mostrar que dá para fazer filmes de herói com uma pegada diferente. Com censura 18 anos, idealizado por Ryan Reynolds e dirigido por Tim Miller, o filme conta a história de Deadpool, o mercenário tagarela que dá surra em bandidos enquanto quebra a quarta parede, conversando diretamente com o público, e tira sarro de tudo o que você pode imaginar.

O Abraço da Serpente (Ciro Guerra)– Théo (Jan Bijvoet) é um explorador europeu que conta com a ajuda do xamã Karamakate (Nilbio Torres) para percorrer o rio Amazonas. Gravemente doente, ele busca uma lendária flor que pode curar sua enfermidade. Quarenta anos depois, a trilha de Théo é seguida por Evan (Brionne Davis), outro explorador que tenta convencer Karamakate a ajudá-lo. O longa Estreou em abril e levou vários prêmios incluindo o de melhor filme pelo Prêmio Ariel de filme Ibero Americano.

Procurando Dory (Andrew Stanton) – A única animação da lista de melhores do ano era esperada pelos adultos que assistiram Procurando Nemo, de 2003, na infância. A diferença é que a antiga coadjuvante Dory agora é o centro das atenções e foi alçada à personagem principal. O filme conta as aventuras da peixinha azul em busca dos seus pais, de quem se separou logo na infância. O longa aborda de maneira sensível a vida de um personagem  com problemas mentais e cognitivos e os laços familiares. 

Invasão Zumbi (Sang-Ho Yeon)  – Em um trem de alta velocidade com destino à cidade de Busan, um vírus que transforma as pessoas em zumbis, se espalha. A cidade conseguiu com sucesso se defender da epidemia, mas agora eles devem lutar pelas suas sobrevivências. O filme coreano é um dos destaques do ano e está aí para provar, junto a outros longas na lista, que não é só o Tio Sam que sabe fazer cinema de qualidade. 

Rogue One: Uma história Star  Wars (Gareth Edwards) –  A franquia de aventura mais antiga e mais aclamada pelos nerds inovou, e depois de lançar O Despertar da Força em 2015 – o sétimo° filme da saga – resolveu lançar um spin-off que conta uma história paralela ao cânone principal. Elogiado pela crítica e considerado um dos melhores filmes da saga, o longa faz por merecer ser um dos melhores de 2016. Jyn (Felicity Jones) é uma rebelde que luta contra o império e é resgatada da prisão pela Aliança Rebelde, que deseja ter acesso a uma mensagem enviada por seu pai a Gerrera. Com a promessa de liberdade ao término da missão, ela aceita trabalhar ao lado do capitão Cassian Andor (Diego Luna) e do robô K-2SO para destruir o projeto da Estrela da Morte.

Spotlight: Segredos Revelados (Thomas McCarthy) – Baseado em uma história real, o drama mostra um grupo de jornalistas em Boston que reúne milhares de documentos capazes de provar diversos casos de abuso de crianças, causados por padres católicos. Durante anos, líderes religiosos ocultaram o caso transferindo os padres da região, ao invés de puni-los pelo caso. Um dos melhores dramas do cinema sobre jornalismo do século 21, ganhou o Oscar de melhor filme em 2016.

Aquarius (Kleber M. Filho) – Clara (Sonia Braga) tem 65 anos, é jornalista aposentada, viúva e mãe de três adultos. Ela mora em um apartamento localizado na Av. Boa Viagem, no Recife, onde criou seus filhos e viveu boa parte de sua vida. Interessada em construir um novo prédio no espaço, os responsáveis por uma construtora conseguiram adquirir quase todos os apartamentos do prédio, menos o dela. Por mais que tenha deixado bem claro que não pretende vendê-lo, Clara sofre todo tipo de assédio e ameaça para que mude de ideia. Esse é o filme que deu a Sonia Braga o melhor papel da sua carreira e que causou rebuliço político no País, já que ela protestou em Cannes contra o impeachment de Dilma Rousseff. O longa foi ignorado pelo Ministério da Cultura na hora de escolher quem seria o representante brasileiro na hora de tentar um Oscar. 

Elle (Paul Verhoeven) – Michèle (Isabelle Huppert) é a executiva-chefe de uma empresa de videogames, a qual administra do mesmo jeito que administra sua vida amorosa e sentimental: com mão de ferro, organizando tudo de maneira precisa e ordenada. Sua rotina é quebrada quando ela é atacada por um desconhecido, dentro de sua própria casa. No entanto, ela decide não deixar que isso a abale. O problema é que o agressor misterioso ainda não desistiu dela. Um filme europeu que desconstrói a todo momento a expectativa do público e que usa o humor negro e o sarcasmo como arma para falar da personalidade humana e suas nuances. 

A Bruxa (Robert Eggers) – Para um diretor estreante, Robert Eggers conseguiu fazer história em 2016. A Bruxa é um filme de terror como já não víamos a muito tempo e supera as expectativas a não recorrer a sustos fáceis e roteiro simples. Ele é um jovem clássico e com certeza vai estar ao lado de O Silêncio dos Inocentes e O Exorcista na história de dos filmes de terror. Nova Inglaterra, década de 1630. O casal William e Katherine leva uma vida cristã com suas cinco crianças em uma comunidade extremamente religiosa, até serem expulsos do local por sua fé diferente daquela permitida pelas autoridades. A família passa a morar num local isolado, à beira do bosque, quando um de seus filhos desaparecem e a suspeita de uma bruxa nas redondezas surgir. 

A Chegada (Dennis Villeneuve) – Mais do que um dos melhores, A Chegada é sem dúvida o melhor filme de 2016. Se Dennis Villeneuve já vem fazendo mágica nos seus trabalhos a um bom tempo, enquanto passeia por todos os gêneros cinematográficos, aqui ele entrega o melhor filme de ficção científica dos últimos tempos. Quando seres interplanetários deixam marcas na Terra, a Dra. Louise Banks (Amy Adams), uma linguista especialista no assunto, é procurada por militares para traduzir os sinais e desvendar se os alienígenas representam uma ameaça ou não. No entanto, a resposta para todas as perguntas e mistérios pode ameaçar a vida de Louise e a existência de toda a humanidade.

 Foto: reprodução

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