A rainha de Hollywood

O Globo de Ouro se rende a La La Land, maior vencedor de prêmios da história da premiação, mas a noite foi de Meryl Streep, homenageada por sua carreira

Postado em: 10-01-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
Imagem Ilustrando a Notícia: A rainha de Hollywood
O Globo de Ouro se rende a La La Land, maior vencedor de prêmios da história da premiação, mas a noite foi de Meryl Streep, homenageada por sua carreira

Toni Nascimento

A 74ª edição do Globo de Ouro, que aconteceu no último domingo (8) no hotel Beverly Hilton, Beverly Hills, na Califórnia, foi uma cerimônia que conseguiu surpreender até ao mais ‘caxias’ dos telespectadores de premiações. O evento que privilegia a televisão e o cinema pode ser confuso nas suas categorias, mas na edição de 2017 soube fazer justiça em algumas áreas, como em melhor atriz de filme dramático e melhor série de comédia. 

A cerimônia conseguiu surpreender em algumas categorias da TV, como o prêmio de Melhor Ator Coadjuvante na televisão que foi ganho por Hugh Laurie, mas no cinema só veio consagrar alguns dos favoritos. Se Manchester a Beira-Mar só rendeu o prêmio de Melhor Ator para Casey Affleck, Moonlight ganhou Melhor Flme de Drama e La La Land roubou a noite levando todos os prêmios a que foi indicado. 

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Muitos esperavam que Deadpool ganhasse pelo menos uma das duas categorias pelas quais concorreu, mas perdeu as duas para La La Land e não conseguiu elevar os filmes de super herói a outro patamar em Hollywood. Infelizmente nem tudo foram flores para o Golden Globes, e a maior crítica daqueles que acompanharam a premiação em tempo real, tanto no canal TNT quanto no Twitter, foi o mestre de cerimônias da noite, Jimmy Fallon. O comediante e apresentador do The Tonight Show não agradou muito e em certa altura do show ele simplesmente desapareceu e não voltou para o palco com frequência regular. Sua única bola dentro foi na abertura de 5 minutos, que homenageou os candidatos da noite.

Cinema 

Se Moonlightganhou o prêmio de Melhor Filme de Drama e agora sim se configurou como um dos favoritos do Oscar perante o público, na categoria Melhor Filme de Comédia ou Musical, foi La La Land: Cantando Estações que roubou a cena. Indicada em sete categorias, entre elas melhor filme musical ou comédia e melhor roteiro, o longa conseguiu ganhar em todas elas e se tornando o maior premiado do ano e se consagrando o grande filme da temporada de premiações. 

Fica difícil fazer apostas para o Oscar tão cedo, mesmo com o resultado do Globo de Ouro, porque além de ainda não ter saído a lista dos concorrentes ao Oscar, existe uma grande diferença na divisão de filmes em categoria. Enquanto o Golden Globes divide musicais de drama, e os coloca junto com comédias, o Oscar engloba todos juntos na mesma categoria. Assim é complicado saber qual é o grande preferido: Moonlight com sua pompa cult ou La La Land, que já se mostrou um colecionador de estatuetas? 

Outra surpresa da noite, das mais agradáveis, foi o prêmio para melhor atriz em filme de drama. A atriz francesa Isabelle Huppert conseguiu ganhar a estatueta pela sua belíssima atuação no filme Elle, conseguindo desbancar as atrizes Amy Adams (A Chegada), Jessica Chastain (Miss Sloane), Ruth Negga (Loving) e Natalie Portman (Jackie). 

A atriz KristenWiig e o ator Steve Carrell protagonizaram um dos pontos altos da noite ao fazerem piada no anúncio do ganhador do prêmio de melhor animação, Zootopia. Ainda assim não superou dois discursos emocionados: os de Viola Davis e Meryl Streep. Viola, que ganhou o prêmio de melhor atriz coadjuvante em filme de drama por Fences, fez um ode a Meryl e a sua carreira ao lhe entregar o Cecil B. DeMilleAward, prêmio pelo conjunto da obra. 

“Você me faz ter orgulho de ser atriz. Você me faz sentir que o que eu tenho em mim – meu corpo, meu rosto, minha idade – e é suficiente. Você encapsula aquela grande citação de Emile Zola que se você me perguntar como artista o que eu vim para este mundo para fazer, eu como um artista diria, eu vim viver em voz alta.”, disse uma emocionada Viola Davis. A veterana, ao receber a estatueta, fez o discurso mais lindo da noite onde defendeu os imigrantes nos Estados Unidos e grifou a importância dos mesmos na indústria cinematográfica e para todo o país. 

“O que é Hollywood?”, ela se perguntou, para em seguida responder: “Só um monte de gente de outros lugares. Eu nasci e cresci nas escolas públicas de Nova Jersey, Viola veio da Carolina do Sul, Sarah Paulson nasceu na Flórida e foi criada pela mãe solteira no Brooklyn, Sarah Jessica Parker é uma das sete ou oito crianças de Ohio, Amy Adams nasceu em Vicenza, na Itália, e Natalie Portman nasceu em Jerusalém. Onde estão suas certidões de nascimento? Ruth Negga nasceu na Etiópia, foi criada na Irlanda e está aqui indicada pelo papel de uma jovem da Virginia. Ryan Gosling, como todas as pessoas boas, é canadense. E DevPatel nasceu no Quênia, cresceu em Londres e está aqui indicado pelo papel de um indiano criado na Tasmânia. Então Hollywood está rastejando com os estrangeiros, e se mandarmos eles para fora, só assistiremos futebol e artes marciais, o que não é nosso tipo de arte!”

Logo em seguida, fez uma feroz crítica a Donald Trump: “O único trabalho de um ator é entrar na vida de pessoas diferentes de nós e fazer com que vocês sintam como isso é. E há várias performances neste ano que fizeram exatamente isso, mas há uma performance que me chocou.”Foi, segundo a atriz, a do presidente eleito dos EUA, ao zombar de um jornalista com uma doença congênita. Sobre isso, ela falou:“Quando eu vi isso, partiu meu coração, e eu ainda não consigo tirar isso da cabeça porque não aconteceu num filme, e sim na vida real. Esse instinto de humilhar, quando feito por alguém numa plataforma pública, afeta a vida de todo mundo, porque dá permissão para outros fazerem o mesmo. Desrespeito convida desrespeito, violência incita violência. Quando os poderosos usam de suas posições para praticar bullying contra os outros, todos nós perdemos.”

A homenagem a Carrie Fisher e sua mãe Debbye Reynolds, que morreram no fim de dezembro de 2016, também conseguiu tirar algumas lágrimas dos fãs de cinema, não importa de qual geração.

TV

A 74° edição do Golden Globes consagrou Atlanta como a melhor comédia de 2016, dando os dois dos principais prêmios a ela,  melhor série de comédia e melhor ator em série de comédia para Donald Glover, que protagoniza o programa.

A surpresa ficou por conta de The Night Manager, minissérie de seis capítulos protagonizada por Tom Hiddleston e Hugh Laurie que abocanhou três prêmios de atuação, e The Crow que ganhou o prêmio de melhor série de drama e sua protagonista, Claire Foy, ganhou melhor atriz em série de drama.

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