Espetáculo ‘A Casa de Bernarda Alba’ estreia nesta sexta

Cia. de Teatro Sala 3 apresenta a segunda parte de trilogia do escritor Federico Garcia Lorca

Postado em: 16-02-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Cia. de Teatro Sala 3 apresenta a segunda parte de trilogia do escritor Federico Garcia Lorca

Natália Moura 

Nos dias 17, 18 e 19 de fevereiro, a Cia. de Teatro Sala 3 apresenta o espetáculo A Casa de Bernarda Alba em Goiânia. A peça faz parte da trilogia rural do escritor espanhol Federico Garcia Lorca. Segundo o diretor Altair de Sousa, membro da companhia desde sua criação, a obra do autor espanhol foi escolhida, dentre outras razões, para realizar uma vontade que ele tinha desde quando era estudante. “Eu ficava muito tempo na biblioteca lendo autores que me interessavam, e o Lorca era um deles. Eu sempre tive vontade de montar as peças dele; demorou 14 anos, mas eu montei”, relembra. A primeira parte da trilogia, Yerma, foi apresentada em 2015 e, a última, Bodas de Sangue, tem previsão para ir aos palcos ainda neste ano. 

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As personagens femininas dominam A Casa de Bernarda Alba. A peça foi  escrita por Federico Garcia Lorca, em 1936, e é a última obra do autor. No texto, Lorca denuncia uma sociedade repleta de tradições antigas que coloca a mulher em um local de obediência e submissão. De acordo com Altair, mesmo sendo uma peça do século passado, a obra dialoga muito com nossa contemporaneidade. “Fala sobre a questão do machismo na sociedade. A peça foi escrita há mais de 80 anos, mas muito do que as mulheres sofriam naquela época acontece hoje”, conta. Para montar as personagens, foram feitas dinâmicas em que as próprias atrizes trouxeram suas experiências pessoais para revelar essa opressão do feminino. 

Na trama, Bernarda Alba é uma matriarca dominadora que mantém as quatro filhas, sob vigilância, e transforma a casa onde vivem em um lugar de conflitos e tensões, prestes a explodir a qualquer momento. Impedidas de concretizar seus desejos de matrimonio e maternidade, as meninas são aprisionadas. A situação se agrava após a morte do segundo marido de Bernarda, quando a mãe decreta um luto incansável de oito anos. O provável casamento da primogênita desencadeia uma disputa cruel e perigosa com consequências trágicas para a família.

Segundo o diretor, para chegar ao resultado final foi feita muita pesquisa entre os membros da companhia. “Como as mulheres fazem parte de uma família, e isso é uma coisa privada e não pública; pesquisamos esse comportamento interno”, afirma Altair. Ele completa que isso ocorreu para que as personagens não agissem de maneira estereotipada, mas sim com emoções originais delas mesmas. “Trabalhamos a memória afetiva nas atrizes, e cada uma tem uma personalidade diferente da outra, mas todas trazem isso do feminino muito apertado em si”, conta. A prisão que essa opressão provoca foi usada em outros elementos do espetáculo – como no figurino e no próprio cenário. 

O figurino foi feito pelo estilista paulista Dieferson Gomes. Ele se encontrou com as atrizes para traçar o que era e o que não era libertador para elas em uma roupa. As peças foram feitas de uma maneira contrastante entre a prisão e a liberdade. A leveza foi trabalhada com rendas junto a entrelaçados e amarras. Já o cenário é dividido em três partes que condizem aos três atos do espetáculo. “Quisemos criar esse cenário que se relaciona com os sentimentos dos personagens, bem subjetivo, em que as personagens se encarceram”, relata Altair de Sousa. No palco, podem ser vistos  cadeiras e portas feitas com cintos, uma luminária de correntes e um guarda-roupa em formato de gaiola. 

As cores giram em torno da paleta de cores do preto, já que as personagens estão em luto. Segundo o diretor, as cores vão do preto (prisão) ao branco (libertação). “Usamos cinza, azul- marinho, marrom e pontadas de vermelho, em alguns objetos, simbolizando o sangue de quando elas se machucam”, conta. O espetáculo é repleto de signos que desvendam o que as personagens sentem por dentro, nos seus íntimos. Essa simbologia é desvendada ao longo da trama, em cenas marcantes e significantes, de forma que expõe a violência sofrida por essas mulheres de uma maneira sensível. 

O espetáculo faz parte da comemoração do aniversário de 15 anos da Cia. de Teatro Sala 3. Altair lembra que, no início, eles se chamavam Cia. de Teatro Sala 1. “Porque a gente só tinha uma cena ensaiada”, brinca. Depois da apresentação do primeiro espetáculo, na sala 3 de um teatro, eles adotaram o novo nome. Além de A Cada de Bernarda Alba”, a companhia pretende fazer a montagem da terceira parte da obra de Lorca Bodas de Sangue ainda neste ano. Também está nos planos deles montar um espetáculo infantil, lançar um novo site, uma revista e  apresentar, em noites seguidas, a trilogia rural de Federico Garcia Lorca. 

SERVIÇO: 

Espetáculo ‘A Casa de Bernarda Alba’

Quando: 17, 18 e 19 de fevereiro (sexta, sábado e domingo)

Onde: Teatro Goiânia (Centro)

Horário: Sexta e Sábado, às 21h, e domingo às 19h

Entrada: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia)

Classificação: 12 anos 

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