Música em suas várias versões

Uma das vertentes que Julia estima é o funk, e frequentemente defende a representatividade feminina no gênero nas redes sociais.

Postado em: 21-05-2021 às 08h31
Por: Lanna Oliveira
Imagem Ilustrando a Notícia: Música em suas várias versões
Uma das vertentes que Julia estima é o funk, e frequentemente defende a representatividade feminina no gênero nas redes sociais | Foto: Reprodução

O mundo vive um momento de reinvenção, principalmente no mundo da música. Prova disso é a DJ e cantora carioca Julia Bacellar, ela despontou no cenário eletrônico e do funk há poucos anos, e já colhe os frutos de sua trajetória na música. Mesmo tendo conquistado seu espaço na cena, ela pretende chegar mais longe e realizar diversos sonhos na carreira. Por isso, agora ela se aventura pelo mundo dos podcasts. Um dos seus mais recentes lançamentos é o podcast musical ‘Piquezin da Julia’, dividido em quatro sets temáticos, mas sempre falando de música.

O próximo episódio do mais novo podcast da cena, o ‘Piquezin da Julia’, comandado pela Julia Bacellar vai ao ar nesta sexta-feira (21/05) e conta com faixas cantadas apenas por mulheres. Aliás, suas maiores inspirações na música são mulheres, como a Anitta. Entre as DJs, a brasileira Larissa Law e a americana Dani Leigh são suas principais referências. Os podcasts ganharam destaque durante a pandemia com uma proposta inovadora no país, com o intuito de oferecer entretenimento diverso e o segmento da música gera interesse e angaria público.

Um dos precursores nessa nova onda dos podcasts foi o ‘Flow Podcast’, dos youtubers Igor e Monark. Apesar dessa modalidade comunicação não ser tão nova assim, a dupla conseguiu colocar os podcasts no hall de business bem sucedidos no Brasil. Com o objetivo de trocar experiências e bater papo, o ‘Podpah Podcast’ também traz força para o movimento. Esse mundo, ainda novo para os brasileiros, tonou-se um mercado promissor e já movimentando dinheiro. Outros destaques são o ‘Enxuga Gelo’ voltado para o rap e o ‘Inteligência Ltda’.

Continua após a publicidade

Julia tem uma vivência consolidada na música e pretende dividir esse conhecimento com o máximo de pessoas possíveis. Uma das vertentes que a cantora estima é o funk, e frequentemente ela defende a representatividade feminina no gênero nas redes sociais. “Muitas meninas e mulheres têm vontade de ser artistas de funk, mas enxergam um espaço ocupado por homens e não se sentem representadas. É preciso acabar com essa ideia. Nós, mulheres, podemos estar em qualquer lugar e nenhuma cena deve ser delimitada por gênero”.

Ela também ressalta a importância da união entre as mulheres dentro da cena. “Queria muito que as mulheres fossem mais unidas no meio do funk, para que uma ajude a outra e a gente consiga fazer trabalhos cada vez mais incríveis. Os homens sempre são muito unidos, querendo ou não. Eles fazem feat, gravam canções uns dos outros, viajam juntos. Precisamos deixar de lado essa rivalidade feminina que existe entre a gente. Quando percebermos a força que temos, vamos dominar tudo”.

A caminhada e seus percalços

Julia Bacellar revela que o fato de ser mulher pesou em sua caminhada dentro do universo artístico. A DJ e cantora, inclusive, confessa que já enfrentou diversos episódios de machismo. “O funk é um meio cercado por homens, tanto da parte de produção, por trás dos palcos, quanto dos artistas mesmo. Por isso, acaba sendo machista, mas não é exclusivo do ritmo musical. Outros estilos como a MPB, o rock e o pagode também são, assim como praticamente todos os lugares da nossa sociedade”, reforça. 

No começo de sua carreira, Julia conta que o assédio praticamente fazia parte da rotina e teve que ser superado. “Todas as mulheres do mundo vão dizer que já sofreram assédio. É um problema estrutural. E eu já sofri por parte de contratantes e pela própria plateia, por acharem que roupa é convite. Não estamos no palco para satisfazer a vontade de homem nenhum”, destaca. Conforme foi se tornando mais conhecida na cena, as pessoas passaram a entender sua postura e as situações de preconceito pararam de acontecer com tanta frequência. 

A artista acaba de assinar com uma produtora e gravadora influente, o que a possibilitou alcançar voos mais altos. “Assim que acabar a pandemia, desejo voltar aos palcos com um formato diferente de show. Quero mostrar todas as minhas facetas para me tornar uma artista completa. Não pretendo só tocar. Planejo cantar e dançar bastante também”, promete. “Para isso, vai ser necessário muito empenho e trabalho, pensar fora da caixa e sempre analisar as infinitas possibilidades de criação. Estudando, insistindo, errando e acertando”, adianta.

Com suas conquistas, quer inspirar outras mulheres a serem artistas e investirem em seus talentos. “Não existe essa de espaço para homens e mulheres. O espaço é de todo mundo e se você tem talento e acredita no seu sonho, te indico a ir até o fim. Para nós, mulheres, nunca é fácil. Mas não desistam por isso”, aconselha. “O funk é de todo mundo. É das mulheres, dos homens, do preto, do branco, do homossexual, do bissexual, do hétero. O funk é um ritmo democrático que consegue abraçar a todos. Batalhe sempre para conquistar a sua voz”, finaliza.

Atualmente, Julia Bacellar é a aposta da Hitzada, gravadora e produtora do DJ Rennan da Penha, e da Sony Music, que dá suporte nos lançamentos dos singles nas plataformas digitais. E além do seu podcast, que é diferente do que o público está acostumado, uma atração que vem em quatro partes, sendo uma com músicas lights, uma só com explícitas, a terceira com faixas antigas e outra apenas com singles cantados por mulheres, cada episódio com 15 minutos, produtora também lança um programa no mesmo formato do DJ Rennan da Penha. 

(Lanna Oliveira é estagiária do jornal O Hoje)

Veja Também