Vinhos nacionais ganham o paladar dos brasileiros

A abertura dos paladares brasileiros aos vinhos nacionais vem acontecendo lentamente, sem um vínculo determinado por algum fenômeno ou modismo momentâneo

Postado em: 17-06-2021 às 15h41
Por: Redação
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A abertura dos paladares brasileiros aos vinhos nacionais vem acontecendo lentamente, sem um vínculo determinado por algum fenômeno ou modismo momentâneo

Por Edna Gomes

Com o isolamento social e uma ajudinha da alta do dólar, o vinho brasileiro ganhou notoriedade, principalmente o tinto como a bebida da quarentena. Uma pesquisa recente realizada pela Ideal Consulting mostra que, enquanto a demanda pela bebida caiu 10,5% no mundo todo, no Brasil o caminho foi inverso.

Com a ajuda dos supermercados, que ficaram abertos e do e-commerce, houve crescimento de 27,8% no volume de vinho vendido no primeiro semestre em relação ao mesmo período de 2019. O consumo per capita, que fica normalmente na casa de 1,8 litro a 2 litros por ano, subiu para 2,37 no período analisado. Ainda segundo a mesma pesquisa, houve aumento de 39% na venda de vinhos de mesa e 50% na de vinho fino.

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No Brasil, ficamos muito divididos entre os vinhos de mesa, elaborados com uvas que não encontram muito açúcar (uvas americanas) e os finos, cujas uvas de origem europeia concentram açúcar em torno de um terço do peso — uvas viníferas européias. Estas últimas exigem mais cuidados, desde o cultivo à elaboração. E isso tem como consequência preços maiores, mas os vinhos de mesa coloniais, podem também ser muito expressivos. Desde que os vinhedos sejam muito bem tratados e a elaboração cuidadosa. A abertura dos paladares brasileiros aos vinhos nacionais vem acontecendo lentamente, sem um vínculo determinado a algum fenômeno ou determinado momento. À medida que os produtores brasileiros de vinhos finos expõem seus produtos ao grande público, os preconceitos começam a cair.

A expansão das fronteiras vitivinícolas de vinhos finos a outros estados do Sul e do Sudeste foi fundamental. Existem também iniciativas de feiras, como a Vinum Brasilis e a Vini Bra Expo, como grandes incentivos ao contato do produtor com o consumidor, quebrando barreiras.

Sem dúvida, o isolamento social e a vida doméstica incentivaram o costume dos vinhos como alimento, o que é muito saudável. Se associarmos isso à alta do dólar e à exposição dos produtores brasileiros de vinhos finos, temos o ótimo resultado de crescimento nas vendas dos vinhos nacionais.

Os produtores brasileiros de vinhos finos, em sua esmagadora maioria, optam por oferecer pequenos volumes dos vinhos que chamo ‘vinhos brasileiros de terroir‘. Com isso, o outro grupo, que denomino ‘vinhos finos’ é pouco oferecido.

O que é um e o que é outro? Vinho brasileiro de terroir (VBdT) é o vinho fino que tem uma elaboração muito cuidadosa, do vinhedo à cantina e, portanto, excede os parâmetros legais. As uvas são rigorosamente selecionadas em todo o processo. Equipamentos e técnicas sofisticadas são utilizados na elaboração.

O vinho fino corrente é aquele elaborado de acordo com as determinações legais, não necessitando de atenção excessiva. A maioria absoluta dos importados, que figuram em nossas lojas, é de vinhos finos correntes. Em inúmeras degustações às cegas que participei, nossos vinhos sempre foram os escolhidos.

Outro fenômeno que ganha espaço no país é o e-commerce. Sem dúvida, o e-commerce, cresceu e permanecerá. Mas somos seres coletivos, gregários, gostamos do contato direto. Em grande parte, preferimos pegar uma garrafa e observá-la.

Os vinhos finos brasileiros, tanto os vinhos brasileiros de terroir, quanto os vinhos finos correntes, podem disputar qualquer mercado. Tal como outros, de regiões vitivinícolas consagradas, muitos de nossos espumantes e vinhos tranquilos brancos, rosados e tintos vêm mostrando cores, aromas e sabores únicos. Em resumo, o equilíbrio que se exige de um vinho de qualidade, em qualquer parte do mundo

Já visitei Bento Gonçalves algumas vezes, e na minha última viagem, estive em algumas vinícolas pouco conhecidas no mercado e fiquei maravilhada com o que vi. Tive o prazer de degustar alguns vinhos incríveis.  Então, a minha dica é fazer um tour pelas vinícolas da região,não desperdiçando a oportunidade de conhecer as médias e pequenas, que produzem vinhos de altíssima qualidade.

Almaúnica

Fácil acesso, atendimento profissional, vinhos que agradam e que tem boa infraestrutura. Vinhos interessantes com destaque para o Merlot e o 4 Castas”, diz O local é lindíssimo! Os vinhos são imperdíveis, de altíssima qualidade, e o tour e a degustação são completados pelo carinhoso atendimento de familiares e funcionários.

Angehben

O que eu posso dizer: Sensacional! Ótima visita e vinhos. Os vinhos do topo de gama são feitos para serem lançados com certo tempo de maturação. Produz apenas 15 mil garrafas mas são sensacionais, destaco um blend de várias safras de Pinot Noir, incrível!. Vinhos familiares de ótima qualidade. Produzem vinhos artesanais e únicos com as castas europeias Barbera, Teroldego, Touriga Nacional, Pinot Noir, Gewurztraminer além de espumantes Método Champenoise. Não deixem de visitar esta vinícola. Eu não me esqueço dos vinhos. 

Barçarola

Além dos vinhos, tem um lado cultural impressionante. Vale dizer que foi tombada pelo Patrimônio Histórico do município. Tem um vinho no estilo Recioto muito interessante. “Local pitoresco em uma casa colonial e ótimos vinhos. Localizada no casarão centenário da família Petrolli, desde 1913. Degustação gratuita de vinhos das castas Lagrein, Rebo, Teroldego e Merlot.

Calza

Se destaca pela excelência ao elaborar seus vinhos com as castas Sangiovese, Alicante Bouschet, Merlot, Cabernet Sauvignon e Tannat.

Cave Antiga

Fundada em 1948, pelo enólogo João Carlos Tafarel, a vinícola está num local bucólico, próximo à Igreja de São Gabriel, retratada nos rótulos. Os vinhos ícones Iridium, Marselan ou Sangiovese assim como espumantes são oferecidos em visita guiada ou em jantar harmonizado, em que os proprietários recebem os turistas e enófilos, expressando o amor ao ato de vinificação. Muito interessante!

Estrelas do Brasil

Fundada em 2005, no belíssimo Vale Aurora, Bento Gonçalves, pelos enólogos Irineu Dall’Agnol e Alejandro Cardozo, a casa tem por proposta semear mensagens de paz e glamour com seus surpreendentes espumantes safrados utilizando-se de uvas como Chardonnay, Pinot Noir, Viognier, Trebbiano, Riesling Itálico e Moscatel. Destaque também para os vinhos das castas Fumé Blanc, Cabernet Franc, Tannat e Merlot.

Larentis

Os 100% dos vinhedos são próprios, o vinho Mérito, por exemplo, espelha a grandiosidade desta pequena vinícola familiar. Muito bom! Produz vinhos potentes e de guarda. Nos meses de setembro a março, ocorrem os famosos Piqueniques nos Vinhedos. (Especial O Hoje)

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