Exposição fotográfica ‘TerraCorpo’ revela nudez feminina sem erotização

Resultado é o nu feminino não erotizado, mas passível de ter sua beleza reconhecida

Postado em: 29-04-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Resultado é o nu feminino não erotizado, mas passível de ter sua beleza reconhecida

É possível pensar a nudez sem a erotização do corpo feminino. Esta é uma das reflexões presentes na concepção final da exposição TerraCorpo, aberta à visitação até maio próximo, no Arcano. As imagens feitas pelos fotógrafos Leonardo Maceira (projeto Numondo) e Débora Simmonds evocam signos presentes na dualidade entre o feminino e o masculino, como a sombra e a luz, o racional e o espontâneo.

Era outubro de 2015 quando as performers Roberta Rox, Larissa Toschi e Marlini Dorneles se embrenharam no Cerrado de Pirenópolis, acompanhadas da artista Tatianny Leão e dos dois fotógrafos. Elas contam que, inicialmente, havia uma intenção apenas: vivenciar uma experiência artística e pessoal de deslocamento do cotidiano. Despidas na mata semifechada, as três tiveram seus corpos inteiramente pintados. “Não tinha espelho pra gente se ver, mas havia uma espécie de espelhamento a partir do corpo da outra”, relembra Roberta.

A artista Tatianny Leão relata que deixou o trabalho fluir de maneira intuitiva, orientada apenas pela forma do corpo de cada uma. Ela conta que era possível observar o desenho ir se transformando, a partir da movimentação das performers − já esquecidas de que estavam nuas − em busca de ocupação do espaço. “O traço foi se identificando, mais e mais com o reino animal e com o reino vegetal, e, de repente, eram lagartas, asas de borboleta, raízes impregnadas na pele delas”, lembra.

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Sem uma direção pré-definida para as performers e para os fotógrafos, as sutilezas do desenho feito em plano tridimensional foram registradas por Débora Simmonds, de forma espontânea, ensolarada e, portanto, mais explícita do que as imagens capturadas pelo olhar de Leonardo Maceira, racionais e sombreadas, respeitosas do corpo por ele não vivenciado.

O resultado é o nu feminino não erotizado, mas passível de ter sua beleza reconhecida. Para Roberta, esta possibilidade se apresenta, porque o projeto TerraCorpo foi bem-sucedido em promover a reintegração do corpo humano com o ambiente natural. “Principalmente para quem vive nas grandes cidades, existe uma ruptura forte com a natureza e o retorno ao natural nos mostra que é possível ressignificar a vista e evitar a sexualização do corpo nu”, reflete.

Na opinião de Larissa Toschi, a reflexão sobre gênero e sexualidade é uma das principais colaborações da exposição TerraCorpo. “É interessante observar o que as fotos provocam nas pessoas: quando nos vimos, perdemos o fôlego. Outras mulheres de todas as idades se encantam e querem rever as imagens e, nos homens, elas provocam um certo recato”, conta. Assim, o grupo justifica a escolha do Arcano, um lugar de promoção do autoconhecimento e da integração de saberes, como lugar propício para hospedar a exposição das 14 fotos e do vídeo de making of.

Toschi comenta, ainda, que a pretensão de compartilhar o resultado do trabalho surgiu somente a partir da reflexão de que, para além da vivência artística e pessoal, o projeto era também um ato de coragem consolidado. E a fotógrafa Débora Simmonds completa: “TerraCorpo é muito mais do que uma experiência sensorial, eu vejo este trabalho como algo que cura, que mexe com a auto-estima da mulher. Percebi que empoderei uma mulher e me empoderei também”.

Leonardo Maceira é um jovem fotógrafo nascido em Curitiba e, atualmente, sem residência fixa. Dedicado ao projeto fotográfico que já conquistou mais de 12 mil seguidores no Facebook e teve repercussão em diferentes meios de comunicação.

Geminiana de múltiplos interesses, Débora Simmonds é formada em Direito e Fonoaudiologia. Apaixonada por gastronomia, produção de vídeos e fotografia, aprimorou seus estudos na Casa de Fotografia Rosary Esteves e em cursos, workshops e conferências nacionais com inúmeros fotógrafos renomados. 

SERVIÇO:

Exposição fotográfica ‘TerraCorpo’

Horários de visitação:

sábado (29/4) – 14h às 18h

domingo (30/4) – 9h às 12h

segunda (1º/5) – 9h às 18h

domingo (7/5) – 9h às 12h 

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