Do abandono a um novo lar

O caminho entre a retirada do animal das ruas até um novo lar é desafiador e requer cuidados

Postado em: 08-06-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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O caminho entre a retirada do animal das ruas até um novo lar é desafiador e requer cuidados

Ludmilla Lobo

A Organização Mundial da Saúde apontou que, no Brasil, existem mais de 30 milhões de animais em situação de rua, sendo que 10 milhões são gatos e 20 milhões cães. Em Goiânia, existem 12 organizações que trabalham em favor de animais abandonados e promovem a adoção de pets em lugar da compra – além de protetores independentes que abraçam a causa. O caminho entre a retirada do animal das ruas até a chegada do animal ao novo lar é desafiador, e requer alguns cuidados para que essa transição ocorra da melhor forma possível. No entanto o bem-estar do animal e a descoberta de um novo amor na vida daqueles que adotam faz tudo valer a pena. 

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A estudante Luciana Gomides resgata animais de forma independente, desde 2015,  em Goiânia. “É um trabalho difícil, principalmente com gatos. Em um dos casos, passei horas procurando um novo lar, e acabei levando o gatinho resgatado para o escritório da minha mãe. Só encontrei um lar no outro dia”, diz Luciana. Na maioria das vezes, a estudante encontra animais  na porta de comércios, ou é chamada por conhecidos, que já conhecem seu trabalho de resgate. Luciana conta que a ausência de pessoas que estão dispostas a dar um lar, nem que seja um lar temporário a esses animais, torna a tarefa ainda mais difícil. 

Outra dificuldade encontrada pela voluntária, comum a todas as ONGs e pessoas que encaram o desafio de tirar animais das ruas, é a falta de recursos financeiros. A maioria dos animais que são deixados nas ruas necessitam de atendimento veterinário, seja por conta de alimentação inadequada ou por outras doenças ocasionadas pela falta de cuidados. Nesses casos, todos os custos do tratamento são assumidos por quem resgatou o animal. 

Apesar desses desafios, Luciana afirma que sua principal motivação para seguir sua a missão de resgatar animais é sua gatinha Capitu, que foi adotada por ela há dois anos.  “Gatos e cães estão nas ruas por imprudência e falta de humanismo, sofrendo maus-tratos diários. Olho para a minha gatinha, bem-tratada, e acredito que todos merecem ter um lar como ela”. 

Quando alguém decide adotar um pet alguns cuidados são necessários para que o animal se adapte bem ao novo lar. O médico veterinário Rodrigo Ferreira, da Clínica Pet Place, no Setor Bueno, explica que algumas medidas simples podem ser tomadas para que não haja nenhum imprevisto com a chegada do novo pet. “Quando se adota algum cão ou gato, primeiramente é necessário levar o animal a um veterinário para realizar alguns exames para confirmar que está tudo bem com a saúde do pet. O animal também deve ser vacinado e vermifugado,” afirma Rodrigo. No caso de cães, a principal vacina a ser tomada é a V10, que combate as doenças que mais atingem esse grupo de animais.

O veterinário ressalta que o ambiente que vai receber o animal requer algumas observações. No caso de gatos, principalmente aqueles que vão morar em apartamentos, os novos donos devem estar atentos a portas e janelas, que devem ser teladas para evitar acidentes. Outro acidente bem comum com os novos moradores é a ingestão de pequenos objetos, como brinquedos, clipes, etc. Rodrigo também lembra que plantas devem ficar em locais de difícil acesso aos animais, já que 80% das espécies são tóxicas quando ingeridas.

O estranhamento dos outros pets que já vivem na casa com o novo morador deve ser encarado com naturalidade. Segundo o veterinário, é normal que os animais da casa se sintam um pouco enciumados, como ocorre com humanos na chegada de uma nova criança. Rodrigo acrescenta que o período de adaptação ocorre entre 7 e 14 dias. No entanto ele pontua que o desconforto do animal adotado com a nova casa é mínimo. “Na maioria dos casos, o animal passa de uma vida precária para uma vida digna”, finaliza o veterinário Rodrigo. 

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