Segunda-feira, 08 de julho de 2024

Bibi: 76 anos de carreira

Dama dos palcos se apresenta em Goiânia, no domingo (11), com repertório que inclui canções de renomados como Amália Rodrigues, Sinatra e Edith Piaf

Postado em: 09-06-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Dama dos palcos se apresenta em Goiânia, no domingo (11), com repertório que inclui canções de renomados como Amália Rodrigues, Sinatra e Edith Piaf

Bruna Policena

No auge dos 76 anos de carreira, Bibi Ferreira desembarca neste domingo (11), em Goiânia, com a turnê do espetáculo 4xBibi, em que empresta sua voz marcante para uma homenagem a nomes tão grandiosos como o seu, dentre eles, Edith Piaf, Frank Sinatra, Carlos Gardel e Amália Rodrigues. A turnê foi retalhada para recordar as histórias dos bastidores e para que Bibi mate a saudade dela mesma durante todos estes anos. Atriz, compositora, diretora e cantora, Bibi Ferreira é um dos grandes patrimônios culturais brasileiro, e Goiânia tem a honra de receber esta grande dama dos palcos. 

Com simplicidade, elegância e maestria, Bibi empresta mais uma vez sua voz para relembrar canções e histórias, e revelar curiosidades inéditas sobre os bastidores das produções e shows durante todos estes anos de carreira. Uma das histórias é sobre a maior fadista de todos os tempos, Amália Rodrigues, que declarou que, se alguém fosse interpretar sua vida, seria a artista brasileira. Amália assistiu à Bibi cantando Piaf, nada menos que 14 vezes, em Lisboa.

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Matando a saudade do público e dela própria, ao interpretar canções tão marcantes o show 4xBibi foi preparado especialmente para as comemorações do Jubileu de Diamante de Bibi, que teve início no Rio de Janeiro, e seguiu para São Paulo, Petrópolis, Recife e Nova Iorque. No espetáculo, a intérprete se apresenta acompanhada por um sexteto e sob a regência do maestro Flávio Mendes, responsável também pelos arranjos e direção musical. A narração e a idealização ficam a cargo de Nilson Raman, que assina o roteiro ao lado de Flávio e Bibi.

E, acompanhada dos músicos, ela interpreta, dentre outras, Fadinho Serrano e Povo Que Lavas no Rio, de Amália Rodrigues; Esta Noche Me Emborracho, de Carlos Gardel; algumas baladas românticas de Sinatra, como The Lady Is a Tramp e New New, e canções como Millord, L’Accordeniste, de Piaf.

Discreta em sua vida pessoal, o show é a oportunidade de os fãs escutarem curiosidades que colocam Bibi mais próxima do público.

Uma artista completa

“Não quero mais morrer! Nasceu a primavera da minha vida. Ganhei uma filhinha de nome Abigail, a quem chamarei de Bibi. Ela vai cantar, representar e fazer muitas coisas bonitas em um palco”, escreveu o ator Procópio Ferreira, pai de Bibi Ferreira, a um amigo. E, em fevereiro de 1941, o grande ator Procópio Ferreira apresentava ao público carioca sua filha, Bibi Ferreira, como uma das atrações do espetáculo La Locandiera, de Goldoni. O que ele não imaginava é que aquela jovem se tornaria a artista mais importante dos palcos brasileiros. 

Bibi fez sua estreia teatral aos 24 dias de vida, quando substituiu uma boneca que desapareceu pouco antes do início da peça Manhãs de Sol, escrita por seu padrinho. E a futura dama dos palcos brasileiros subiu ao palco no colo de sua madrinha, de quem herdou o nome. Depois de 76 anos de carreira e de passar por todas vertentes artísticas, Bibi é considerada a maior artista brasileira em atividade. A dama dos palcos, como é conhecida, foi a única brasileira a ser reverenciada pelo jornal The New York Times que, em 20 de setembro de 2016, estampou: Brazil’s Grande Dame of the Stage Can’t Stop Singing, Even at 94. (“A Grande Dama dos Palcos Brasileiros Não Para de Cantar, mesmo aos 94 Anos”).

Seu primeiro programa, o Brasil 60, inaugurado em 1960 na TV Excelsior, usava um recurso moderno da época, o videotape, para transmitir reportagens das capitais brasileiras, aposentando o programa ao vivo que, até então, era comum na TV brasileira. E, na mesma emissora, foi a estrela do Bibi Sempre aos Domingos. Em 1968, voltou à televisão, mas sem o tape, com o musical Bibi ao Vivo, com direção de Eduardo Sidney. Bibi preza o programa ao vivo, e conta que não gostava de se ver no videotape. “Parei (de fazer programas de TV) quando perdemos as coisas feitas ao vivo, e surgiu o videotape. Achei que perdeu a graça. Você está no meio de uma entrevista maravilhosa, o papo fluindo, e alguém grita ‘corta!’. Não dá”, comenta Bibi. 

SERVIÇO:

4XBibi’ – com Bibi Ferreira  

Onde: Teatro Rio Vermelho (Rua 4, nº 1.400, Centro – Goiânia)

Quando: 11 de junho (domingo)

Horário: 20h


Entrevista : BIBI FERREIR


Em 76 anos de carreira, a senhora continua a sentir um friozinho na barriga ao subir no palco?

Sempre. E já conversei com as pessoas que estão a minha volta. O dia em que deixar de reclamar do frio na barriga, perdi o juízo (risos).


Qual a receita para uma carreira tão edificada durante tanto tempo?

Buscar fazer o melhor. Da melhor maneira. Com toda minha força e energia. Tenho muito respeito pelo público. E, como retorno, continua enchendo os grandes teatros onde me apresento nesse Brasil gigante em que vivemos. Credibilidade: essa é a palavra. 

Você foi a primeira mulher no Brasil a fazer um espetáculo só com músicas interpretadas por Sinatra. Qual sua experiência enquanto mulher ao longo de sua carreira? Quais dificuldades a senhora teve de enfrentar? 

Como mulher não tive que enfrentar nenhum tipo de problema enquanto carreira. Penso que os problemas que as mulheres viveram foram na postura da sociedade com elas. Então, nesses anos todos que tenho de vida, vejo o quanto nós mulheres ganhamos espaço e respeito. Nada mais do que justo. 


Por que você não se aventurou muito em trabalhos na TV e no cinema?

Primeiro por não gostar de me ver no vídeo. Mas fiz muita televisão quando tinha o meu programa; apresentava, recebia convidados, fazia muitos números do teatro de revista na TV. Parei quando perdemos as coisas feitas ao vivo, e surgiu o videotape. Achei que perdeu a graça. Você está no meio de uma entrevista maravilhosa, o papo fluindo e alguém grita ‘corta!’. Não dá”. 


Quem mais gostaria ou ainda pretende interpretar?

No meu próximo show, volto para a música brasileira e passeio pelos repertórios das nossas grandes cantoras e compositoras. Será uma homenagem às mulheres. 


Quais são os prós e os contras da idade?

Meu pai sempre dizia que a juventude é passageira. Definitiva é a velhice. Então não tem prós e contras. Há aqueles que têm sorte de viverem mais, de terem mais saúde, de poderem desfrutar mais da vida. Ficar com idade significa que você teve vida. E viver é muito bom.


Como é o dia a dia de Bibi Ferreira?

Tranquilo. Gosto de fazer as coisas com calma. Tomar café devagar. Começar a falar aos poucos. Sempre tenho coisas para estudar. 

Quais sonhos seus que ainda faltam ser alcançados?

Nunca fui uma pessoa saudosista. Que bom termos uma história! Quero fazer a minha o melhor que puder. Mas não fico lembrando o passado, ou pensando em coisas do passado, embora sempre lembre histórias interessantes que vivi. Da mesma forma, não fico pensando muito no amanhã. Quero saber do hoje, do agora. Quero ter saúde. Muita saúde. Porque é isso que importa.

O que é o amor para a senhora?

Uma força essencial, transformadora, que precisamos colocar em tudo que fazemos.

O show 4xBibi foi preparado especialmente para as comemorações do seu Jubileu de Diamante. Como é matar a saudade de sua própria história?

Estreamos no dia 28 de fevereiro de 2016, no Vivo Rio, no Rio de Janeiro. É um presente duplo para mim, porque canto músicas lindas, um repertório realmente sensacional. E divido com a plateia histórias dos bastidores desses shows. Assuntos e fatos que normalmente não chegam a eles. E, por falar em matar a saudade, não posso deixar de falar que no mês que vem será lançado o DVD do meu espetáculo, Bibi, Histórias e Canções, gravado ao vivo em Belo Horizonte, no Palácio das Artes, com a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais. Nesse show, conto muitas histórias, lembro muitos momentos da minha carreira. Falo das minhas referências, da minha formação. E que orquestra! Está uma maravilha!

Qual a expectativa para este show em Goiânia?

O prazer de me encontrar com o público goiano. O prazer de me apresentar num teatro como o Rio Vermelho. Vou cantar lindas canções, vamos ter um papo gostoso e divertido. Espero todos. 

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