Pediatras lançam guia para promover atividade física a criança e adolescente

O objetivo é facilitar a orientação dos pediatras, profissionais de saúde, educadores, pais e professores de educação física no encaminhamento das crianças e adolescentes para o exercício físico

Postado em: 27-07-2017 às 09h40
Por: Thais Tomás
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O objetivo é facilitar a orientação dos pediatras, profissionais de saúde, educadores, pais e professores de educação física no encaminhamento das crianças e adolescentes para o exercício físico

Crianças e adolescentes de 0 a 19 anos devem praticar
atividade física diariamente e passar o menor tempo possível em frente a telas
de tablets, computadores ou televisão. A recomendação está no guia lançado
hoje (27) pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), com orientações
inéditas para promover a atividade física desde a infância e combater a
obesidade e outros problemas de saúde decorrentes do sedentarismo.

O objetivo do guia é facilitar a orientação dos pediatras,
profissionais de saúde, educadores, pais e professores de educação física no
encaminhamento das crianças e adolescents para o exercício físico diário e
alertar sobre os riscos da inatividade.

O guia lembra que a Constituição Federal e o Estatuto da
Criança e do Adolescente garantem às crianças e jovens o direito ao lazer,
esportes e diversão, assim como o acesso à saúde. E destaca que o Brasil firmou
em março deste ano, junto a Organização das Nações Unidas, o compromisso de
combater a obesidade infantil.

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“A obesidade na infância e na adolescência é um problema
mundial que acarreta custos elevados aos sistemas de saúde. Jovens obesos
apresentam maiores probabilidades de desenvolverem fatores de risco que podem
causar doenças como diabetes, hipertensão, depressão, alterações ortopédicas e
articulares, por exemplo”, disse Luciana Rodrigues Silva, presidente da SBP.

Segundo a agência das Nações Unidas para a Alimentação e a
Agricultura (FAO) e a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), mais da metade
da população brasileira está com sobrepeso. Entre as crianças menores de cinco
anos, estima-se que 7,3% delas estão acima do peso.

Mais brincadeiras, mais saúde

O manual da SBP foi elaborado com base no alerta de estudos
e protocolos internacionais e pela primeira vez traz informações sistematizadas
sobre diferentes tipos de atividades mais adequadas para cada faixa etária
entre 0 e 19 anos, considerando as etapas de crescimento e desenvolvimento físico
e cognitivo.

“Os pediatras vão ter tabelas bem indicativas, em que você
acessa ali a faixa de zero a dois anos, de três a cinco anos, depois de seis a
19. Então, ele tem na mão o que pode indicar e como ele vai indicar. Isso
facilita muito durante a consulta no serviço publico e no serviço privado de
saúde”. explicou Ricardo Barros, pediatra e coordenador do grupo de trabalho
que elaborou o guia.

De acordo com o documento, é recomendável que as crianças e
adolescentes sejam fisicamente ativos todos os dias e que devem praticar
atividades prazerosas e lúdicas.

“A criança gosta do lúdico, ela vai ter habilidade entre 5 e
7 anos, nessa idade você coloca numa escolinha, pode ser de natação, judô, o
que achar mais interessante, mas tem que ter uma boa orientação e a criança tem
que gostar, não adianta levar a criança chorando”, recomenda o pediatra.

Os bebês, por exemplo, devem ser estimulados a se
movimentarem várias vezes ao dia, seja engatinhando, buscando objetos ou
movendo os membros do corpo, sob supervisão e estímulo dos pais. E até os dois
anos de idades não devem ser expostos a tablets ou outro tipo de
telas eletrônicas, como celulares e televisão.

As crianças de três a cinco anos, podem se exercitar por 180
minutos ao longo do dia, andando de bicicleta, com brincadeiras de perseguir ou
jogos com bola, por exemplo. A partir dessa faixa etária, as crianças também
podem começar a nadar, fazer dança, praticar lutas ou esportes coletivos, de
maneira gradativa.

Entre seis e 19 anos de idade, as crianças e adolescentes
podem se exercitar por pelo menos uma hora por dia com atividades mais
intensas, como correr, nadar, pedalar, saltar ou com brincadeiras que trabalhem
com o peso corporal e acelerem mais a respiração e o batimento cardíaco.
Atividades que estimulem a flexibilidade e o desenvolvimento de músculos e
ossos, como a musculação, podem ser feitas pelo menos três vezes na semana com
acompanhamento profissional.

Se for necessário, os pediatras encaminharão as crianças
para avaliação cardiológica antes da prática da atividade física. Eles alertam
ainda que o tempo de exposição às telas não deve ultrapassar duas horas diárias
para não prejudicar o tempo de exercício das crianças.

Segundo a última Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar,
feita pelo Instituto Brasileira de Geografia e Estatística (IBGE), 65,5% dos
estudantes do 9º ano do ensino fundamental não realizavam 300 minutos de
atividades físicas na semana, e a Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda
que essa frequencia chegue a pelo menos 420 minutos.

“Infelizmente, as telas ocuparam o lugar da atividade
física, então a criança de qualquer nível social, de qualquer idade, já entra
no consultório teclando um iphone, ipad, uma maquininha. Nós temos que
acabar com isso, que é, digamos assim, o virus mais nocivo contra a atividade
física. Quando você está numa tela, você tem o isolamento social, você não está
brincando, jogando, não tem nenhum tipo de convivência com outras crianças”,
alerta Barros.

Exemplo

A iniciativa visa ainda promover hábitos saudáveis inclusive
no meio médico. Para sensibilizar os profissionais e alertá-los de que eles
também precisam se exercitar, o lançamento do guia ocorre no Dia Nacional do
Pediatra, celebrado hoje (27).

“Primeiro, o pediatra também  deve fazer algum tipo de
atividade física para ser um exemplo e passar melhor as informações sobre tempo
de exercício, hidratação e nutrição. E, segundo, para eles indicarem a hora
certa para a criança se exercitar. A ideia é estimular o pediatra a dar uma
informação mais adequada e depois isso ser replicado pela família.”, explicou
Barros.

No guia, os pediatras tambem são orientados a conversar com
os pais sobre a pandemia da obesidade e estimulá-los a educar seus filhos a
terem um modo de vida mais ativo, com hábitos alimentares mais saudáveis.

Para as escolas, as principais orientações são no sentido de
desenvolver ações pedagógicas que incluam mais participação dos alunos nas
aulas de educação física. O guia também propõe a formulação de políticas
públicas de promoção da atividade física na infância e adolescência.

As recomendações serão distribuídas para quase 30 mil
pediatras de todo o país, que disseminarão as informações para pais, educadores
físicos e a comunidade escolar. O guia pode ser acessado no site da SBP. 

Agência Brasil

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