Cultura comunitária e internacional

Ponto de Cultura Cidade Livre de Aparecida é representante goiano no 3º Congresso Latino-Americano de Cultura Comunitária

Postado em: 10-11-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Ponto de Cultura Cidade Livre de Aparecida é representante goiano no 3º Congresso Latino-Americano de Cultura Comunitária

Bruna Policena


O Ponto de Cultura Cidade Livre, de Aparecida de Goiânia, foi um dos 52 agentes de cultura ibero-americanos, da Rede Cultura Viva, selecionados para representar o Brasil no 3º Congresso Latino-Americano de Cultura Viva Comunitária, que ocorrerá em Quito, no Equador, entre 20 e 25 de novembro. “Cada Ponto de Cultura desenvolve ações especificas relacionadas ao seu segmento – circo, audiovisual, teatro, quilombos, etc., e uma das principais características do Ponto de Cultura Cidade Livre  é de se relacionar com e para a comunidade”, explica o estudante de Ciências Sociais Pablo Lopes, que é gestor e produtor cultural do Teatro de Bolso Cidade Livre. 

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O evento é organizado pela Rede de Cultura Viva Comunitária Equador. O programa IberCultura Viva distribuiu um total de US$ 45 mil em passagens aéreas para os representantes selecionados. As pessoas selecionadas receberão a passagem de ida e volta, o seguro de viagem e a taxa de inscrição ao congresso. “A participação no Congresso tem uma carga de responsabilidade muito bacana: primeiro, por estarmos indo representar a nossa comunidade, o nosso local de fala e de vivências – comunidade essa que, por ser periférica, recai sobre ela a rotina diária urbana de desigualdades e violências de todos os tipos, principalmente sobre os nossos jovens; depois, por a gente poder compartilhar um pouco do nosso fazer sociocultural e assimilar a América Latina em suas comunidades, os empreendimentos artísticos”, diz Lopes.

O processo de seleção das delegações de cada país ocorreu por meio do Edital de Mobilidade IberCultura Viva. Ao todo, foram 245 inscrições, de países da América onde predominam as línguas portuguesa e espanhola. Deste total, foram selecionadas 10 pessoas da Argentina, 10 do Chile, 10 do Brasil, 6 de Costa rica, 6 do Uruguai, 4 de El Salvador, 4 do Peru e 2 da Espanha. Os critérios de seleção foram a experiência em ações culturais comunitárias e o histórico de participação em processos de articulação de redes em âmbito nacional e/ou internacional.


Arte que ecoa 

Pablo ressalta a importância de sermos comunitários, de incentivar projetos como estes, que valorizam a arte feita na comunidade. E, dentre tantas formas, “o Ponto de Cultura Cidade Livre é um dos núcleos da Associação Sociocultural Cidade Livre – ASCL, e na instituição ele é o núcleo responsável pela formação teatral de crianças, adolescentes e jovens da comunidade que se encontram sob vulnerabilidade social”. A ASCL, em 2009, foi chancelada, reconhecida pelo Ministério da Cultura como Ponto de Cultura. “Assim, a instituição passou a compor uma das ações do programa Cultura Viva – em 2014, esse programa se tornou Política de Estado”, completa Lopes.

Para a fundadora e presidenta da Associação Sociocultural Cidade Livre/Ponto de Cultura Cidade Livre, Takaiuna Correia, participar do encontro latino-americano, cujo tema central é o ‘fazer artístico comunitário’, vem em consonância com a realidade em que o Ponto de Cultura está inserido. “As montagens com as turmas de iniciação teatral partiram exatamente desse lugar: o de dar voz a crianças e adolescentes para que eles falassem da sua vida, de sua família, da realidade do bairro, da igreja, da escola, enfim, da sua forma de ver, se relacionar e estar em comunidade. Assim, eles se tornam intérpretes e coautores de uma arte que fala deles mesmos e que é construída em comunidade”, conclui.


Redes culturais amplas e complexas

Outra característica do Ponto de Cultura Cidade Livre é a de buscar a articulação de ações e trabalhos com outros agentes culturais locais, regionais e nacionais, quais sejam: coletivos, grupos, instituições e agentes comunitários. Segundo Pablo Lopes, gestor cultural do Teatro de bolso Cidade Livre, com essa seleção do Ponto para o 3º Congresso Latino Americano de Cultura Viva Comunitária abre-se mais uma conexão para nossos projetos. 

“Agora, faremos parte de uma rede de agentes culturais latino-americanos que nos permitirá compartilhar conhecimentos e realizar trocas vitais para o tipo de projeto que idealizamos, que trata não somente do fazer artístico, mas da interferência desse fazer na vida das pessoas que vivem em comunidade, aplacando diferenças econômicas e sociais e gerando qualidade de vida”, esclarece Lopes.

A seleção para o Congresso é uma forma de apresentar e incentivar mais trabalhos como estes. “Outra coisa é perceber como a gente passa a contribuir e ser referência, não apenas nas redes, que tecemos ao longo da nossa história, no Estado e no município de Aparecida de Goiânia. Esse Congresso tem tudo para nos revitalizarmos como agentes sociais. Sejamos comunitários!”, esclama Lopes.


Ser comunitário global

O Movimento de Cultura Viva Comunitária vem se consolidado como referência para organizações sociais, culturais e políticas por meio de iniciativas continentais entre atores e grupos culturais que promovem o bem comum de diversas práticas, coletivas e articuladas em diferentes territórios e comunidades, principalmente na América Latina. A partir de 2013, com a articulação entre 17 países e mais de um milhão de experiências culturais, surge o Congresso Latino-Americano de Cultura Viva Comunitária, que ocorre a cada dois anos (1º Congresso CVC La Paz-Bolívia, 2013, e 2º Congresso CVC San Salvador, El Salvador, 2015).

Com o tema Ser Comunitário, o 3º Congresso Latino-Americano de Cultura Viva Comunitária nasceu com a proposta de gerar um espaço de troca e articulação entre experiências e redes de cultura comunitária viva em todo o continente; incentivar áreas para recuperação e fortalecimento de iniciativas legislativas e políticas públicas estatais em relação ao apoio de experiências culturais comunitárias; recuperar e fortalecer coletivamente o substrato simbólico, espiritual místico, estético, ancestral e político dos valores da cultura comunitária viva.

No 3º Congresso Latino-Americano de Cultura Viva Comunitária, duas comunicações orais e uma exposição fotográfica sobre o Ponto de Cultura Cidade Livre serão apresentadas e compartilhadas. A primeira comunicação trata do ensino de arte e cultura na instituição e, a segunda, sobre a sustentabilidade do Teatro de Bolso Cidade Livre. A exposição será com acervo dos 13 anos do grupo.

*Integrante do programa de estágio do jornal O HOJE sob orientação da editora Flávia Popov 

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