Estâncias balneárias turísticas do litoral paulista

Cidades mais antigas do Brasil guardam belezas naturais e muitos registros históricos

Postado em: 13-11-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Cidades mais antigas do Brasil guardam belezas naturais e muitos registros históricos

Bruna Policena*

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O Estado de São Paulo contém 15 municípios classificados como Estância Balneária – municípios que recebem o título por cumprirem determinados pré-requisitos definidos por lei estadual. E tal status garante a esses municípios uma verba maior por parte do Estado para a promoção do turismo regional. Essas Estâncias possuem belas praias e reservas de Mata Atlântica. Dentre elas, estão apresentadas duas, Cananeia e Iguape, algumas das cidades mais antigas do Brasil, tombadas pelo Patrimônio Histórico, e guardam grande parcela da história do povo em paredes, ruínas, ruas e paisagens naturais. Imigrantes e indígenas de várias etnias diferentes são registro da colonização dessas cidades, que dispõem de trilhas, cachoeiras, gastronomia e, claro, muita história. 

Cananeia

Cananeia está situada no extremo sul do Litoral Paulista, no centro de um corredor biológico de 110km, que se estende desde a foz do Rio Ribeira em Iguape (SP) até a baia de Paranaguá (PR). Considerada um dos últimos remanescentes de Mata Atlântica intocada na costa brasileira e um dos maiores berçários de vida marinha do planeta, foi uma das primeiras cidades fundadas no Brasil. A partir de Cananeia, há opção de visitar também a praia do Boqueirão Sul, no município de Ilha Comprida, bastando atravessar de balsa. Vale a pena conhecer Cananeia, suas lendas, fauna, flora, festas, culinária e, sobretudo, as saborosas ostras.

Cananeia é por alguns considerada a cidade mais antiga do Brasil (cinco meses antes da fundação de São Vicente), mas, por falta de documentação oficial que comprove tal fato, São Vicente é oficialmente a cidade mais antiga do Brasil. Tombada pela Unesco como Patrimônio Natural da Humanidade e apontada pela revista americana Condé Nast Traveler como o melhor roteiro ecológico do mundo, a região lagunar-estuarina de Cananeia – conhecida como Lagamar –, é uma fantástica coleção das águas de muitos rios, baias e lagoas com o mar, e compreende, em um só lugar, quatro ecossistemas: mangues, dunas, restingas e a mata atlântica. Lá, encontram-se inúmeros sítios arqueológicos, os sambaquis, datados entre seis e quatro mil anos, e as ruínas do período colonial. Na diversidade desse ambiente, também está o Parque Estadual da Ilha do Cardoso.

Com o incremento do turismo, as infraestruturas hoteleira, de restaurantes e de serviços estão em franco desenvolvimento, fazendo com que Cananeia já desponte como a ‘capital gastronômica do Vale do Ribeira’. Sua culinária diversificada atende desde a cozinha mais colonial até os serviços personalizados internacionais. A cidade conta com vários eventos gastronômicos no calendário turístico, sendo a Festa do Mar o mais procurado pelos turistas. A rede de hotéis e pousadas oferece opções para todos – estudantes, famílias e grupos.

Pode-se conhecer Cananeia em todas as estações do ano: no verão, as praias e as cachoeiras são as atrações principais. No outono,  os dias muito claros e secos convidam para caminhadas em trilhas maravilhosas. No inverno, a Festa do Mar e a Procissão de Nossa Senhora dos Navegantes atraem turistas de todo o Brasil. Na primavera, a mata atlântica desabrocha para um sem-número de cores deslumbrantes mesmo aos visitantes mais acostumados.

Iguape 

A palavra Iguape tem origem na língua tupi, e significa “na enseada do rio” – pela  junção dos termos y (“água, rio”), kûá (“enseada”) e pe(“em”). Oficialmente, Iguape foi fundada em 3 de dezembro de 1538. A data de fundação atual foi estabelecida em 1938 pelo então prefeito Manoel Honório Fortes. O prefeito incumbiu uma comissão de historiadores paulistas, presidida pelo ilustre Afonso d’Escragnolle Taunay, para estabelecerem a data provável da fundação, sendo aceito o dia 3 de dezembro de 1538, baseados em documentos históricos que usam como referência a data de separação de Iguape e Cananeia. 

A real data da fundação do município é desconhecida. Alguns historiadores chegam a acreditar que já havia europeus vivendo na região mesmo antes do descobrimento do Brasil por Pedro Álvares Cabral. Remonta a 1577 a data em que o povoado foi elevado à categoria de freguesia, com o nome de Freguesia de Nossa Senhora das Neves da Vila de Iguape, quando foi aberto o primeiro livro do tombo da Igreja de Nossa Senhora das Neves, construída no local conhecido por Vila Velha, no sopé do morro chamado de Outeiro do Bacharel, em frente à Barra do Icapara.

Não se sabe, ao certo, a data de elevação a vila, porém acredita-se que tenha sido entre 1600 e 1614. Neste último ano, foi iniciada a construção da antiga Igreja Matriz, já no local atual, no Centro urbano, após a mudança da então freguesia, ordenada pelo fidalgo português Eleodoro Ébano Pereira. A Vila foi elevada a cidade pela Lei nº17 de 3 de abril de 1848 com o nome de Bom Jesus da Ribeira, mas, no ano seguinte, pela Lei nº 03 de 3 de maio de 1849, foi modificado o nome para Bom Jesus de Iguape. Posteriormente, o costume popular simplificou-o para Iguape.

Os primeiros habitantes da região onde hoje fica Iguape são conhecidos como ‘homens do Sambaqui’, povos muito primitivos que não conheciam sequer o arco e flecha, e que viveram lá antes da chegada de índios com culturas mais avançadas. Sambaqui é o nome dado a grandes montes de conchas de ostras e marisco, depositadas ao longo de centenas ou talvez milhares de anos no mesmo lugar, e que eram tidos como ‘locais mágicos’. 

Mais tarde, após a extinção dos ‘homens de Sambaqui’, os índios que viriam a dar origem à tribo Temiminé passaram a enterrar seus mortos nesses sambaquis, dentro de grandes potes de barro, chamados igaçabas, juntamente com os pertences dos mortos. Existem vários sambaquis no complexo estuarino-lagunar de Iguape e Cananeia, sendo o de mais fácil acesso o sítio arqueológico Benedito Fortes, onde está localizada a Caverna do Ódio, próximo à ponte que dá acesso ao município de Ilha Comprida, a pouco mais de um quilômetro do Centro da cidade.

Em 1494, o Tratado de Tordesilhas, firmado entre Portugal e Espanha, definia, como linha de demarcação, um meridiano a oeste do arquipélago de Cabo Verde, passando sobre o território de Iguape. No fim do século 19 e início do século 20, imigrantes vindos principalmente da Itália e do Japão chegaram a Iguape por meio de colônias implantadas pelos governos federal e estadual. A cidade ganhou, assim, uma marcante influência desses colonos, especialmente dos japoneses, que hoje respondem por mais de 10% da população da cidade e têm bastante influência na produção agrícola e na indústria pesqueira.

*Integrante do programa de estágio do jornal O HOJE sob orientação da editora Flávia Popov 

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