‘Yerma’ será apresentado com nova ‘roupagem’ hoje (29) e amanhã (30)

Espetáculo apresentado pela Cia. de Teatro Sala 3 conta com elenco maior, que irá encenar, cantar e dançar

Postado em: 29-11-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Espetáculo apresentado pela Cia. de Teatro Sala 3 conta com elenco maior, que irá encenar, cantar e dançar

GABRIELLA STARNECK*

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O espetáculo Yerma será apresentado na quarta (29) e na quinta-feira (30), às 20h, no Teatro Sesc Centro. A peça integra as atividades em torno dos 15 anos da Cia. de Teatro Sala 3, e, por este motivo, conta com um elenco maior – além de modificações no cenário, no figurino e na iluminação se comparado ao Yerma apresentado anteriormente. 

Segundo o diretor da peça, Altair de Sousa, o espetáculo mudou completamente. “A escolha em revitalizar o Yerma se dá pelo fato de a companhia querer apresentar uma obra já conhecida, mas que não havia sido tão assistida pelo público”, afirma ele. 

Em 2015, quando o Yerma também havia sido apresentado, a companhia comemorava os 13 anos de trajetória com atividade em todo o Estado, fazendo poucas apresentações em Goiânia. “Como neste ano a programação da data comemorativa está sendo realizada apenas na Capital, a expectativa é que o público compareça em maior número”, explica o diretor. 

‘Yerma’

O espetáculo é inspirado no poema dramático do escritor Federico Garcia Lorca, Yerma, em 1934, e aborda a esterilidade de um casal pela perspectiva feminina, em um ambiente de mistério e poesia típicos. Casada, desejando um filho, Yerma trilha um caminho que a levará à tragédia. Nesse contexto, o diretor utiliza-se da falência dos argumentos racionais da narrativa para elaborar um espetáculo que trata de uma investigação cênica sobre a impotência em múltiplas dimensões: das regras frente à vontade; dos laços sociais frente à animalidade do corpo; das palavras e acordos que resultam em violência e rupturas; do indivíduo frente à moral. É nesse território desconhecido que se passa a peça, em que a violência surge livre e em oposição.

Segundo Altair, o espetáculo aborda a esterilidade feminina relacionada à esterilidade emocional por causa do tradicionalismo da sociedade. “As pessoas ainda veem a mulher como um ser que tem a necessidade de ser mãe, e a própria figura feminina muitas vezes pensa que, se não desempenhar esse papel, instituído ao longo dos anos, ela não estará inserida no meio social”, comenta.

Yerma é uma das grandes personagens da história do teatro moderno, talvez por se mostrar tão obstinada a cumprir um desejo não partilhado pelo companheiro. 

Segundo Altair, Yerma não é simplesmente um texto teatral. “Defini-lo, assim, seria limitá-lo, porque, além do texto dramático, o espetáculo traz uma forte carga de poesia e lirismo.  Quando Federico García Lorca escreveu o poema dramático, ele revelou a melancolia que toma o homem em período tão complexo. E a história de uma figura masculina incapaz de trazer à vida um filho revelava o quanto a falência do humano atingira o ser. Este é o aspecto fundamental do espetáculo: trazer à tona o quanto o indivíduo se tornou impotente em suas múltiplas dimensões”, detalha o diretor.

Reestruturação

Para apresentar novamente o enredo de Yerma, neste ano a Cia. de Teatro Sala 3 conta com um elenco maior e, por este motivo, o diretor pôde inserir novas cenas, alterando a proposta cênica da peça. “Com essas alterações, o espetáculo foi enriquecido, já que agora os atores além de atuar, irão cantar e dançar. Também houve modificações nas cenas, figurinos e na iluminação da peça”, diz o diretor. 

O espetáculo ainda terá a participação de dois instrumentistas, um no violão e o outro no teclado. Lembrando que, em 2015, quando o espetáculo Yerma foi apresentado, não havia essa proposta musical; foi apenas dançante, já que uma bailarina foi contrata para fazer o número. Segundo Altair, além da apresentação teatral, o espetáculo trará um momento de celebração da poesia, uma espécie de sarau. 

Autor

Federico García Lorca nasceu no dia 5 de junho de 1898, em Fuente Vaqueros, quando a Espanha tentava florescer nas letras e nas artes. García foi um dos mais representativos poetas e dramaturgos espanhóis das três primeiras décadas desse século, com expressiva repercussão até os dias atuais. Ele foi aquele que, dentre todos os de sua geração, conseguiu alcançar os patamares da fama, despertar maior entusiasmo entre os de sua geração. 

Escreveu poemas que só foram publicados após sua morte, como Bodas de Sangue (1933), uma história verdadeira de ciúme e morte entre camponeses de Andaluzia, peça teatral que abriu uma nova era no teatro moderno da época. Logo depois, escreveu Yerma (1934) e A Casa de Bernarda Alba (1936), que ficaram conhecidas em diversos países. As três peças escritas por García são apresentadas pela Cia. de Teatro Sala 3.

Em 1934, já era o mais famoso poeta e dramaturgo espanhol vivo. No dia 19 de agosto de 1936, no auge de sua produção intelectual, foi fuzilado em Granada, por militantes franquistas no início da Guerra Civil Espanhola. O dia de seu fuzilamento já foi descrito por muitos escritores, repórteres, testemunhas, porém nenhuma descrição talvez supere a de José Bergamín: “covardemente ele foi assassinado. Levaram-no de sua casa e o fuzilaram na estrada, possivelmente na sarjeta”. 

*Integrante do programa de estágio do jornal O HOJE sob orientação 

da editora Flávia Popov

SERVIÇO

‘Yerma’ – Cia. de Teatro Sala 3

Quando: quarta (29) e quinta (30)

Onde: Teatro Sesc Centro ( Rua 15 esquina com a Rua 19, Centro – Goiânia)

Horário: 20h

Entrada: R$ 7 (comerciários e dependentes),  R$ 8 (conveniados), R$10 (meia-entrada)

Classificação: 12 anos

Duração do espetáculo: 1 hora 

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