Feliz ano velho: mas afinal, o que se destacou em 2017?

O caderno Essência aponta os sucessos na música que atraíram olhos e ouvidos ao longo do ano

Postado em: 29-12-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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O caderno Essência aponta os sucessos na música que atraíram olhos e ouvidos ao longo do ano

Gustavo Motta*

O ciclo de 365 dias, que ainda vai se encerrar no próximo domingo (31), foi marcado por muitas novidades no mundo dos espetáculos e do entretenimento. A despedida do ano velho representa um sinal de adeus ao 2017 que assistiu a explosão de Anitta e PablloVittar no cenário internacional – com a promessa de novos sucessos para 2018. Esse também foi ano para Chico Buarque flertar com ritmos da periferia, de ex-girlband se arriscar em carreira solo e de ritmos latinos dominarem o mercado norte-americano.

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“Apenas pare de chorar/ é o sinal dos tempos/ bem-vindo ao show final” é a livre tradução de um trecho na letra de Sign of the Times, canção-single no debut solo homônimo do britânico Harry Styles (OneDirection), lançado em maio desse ano. O show final para 2017 está próximo e, como recordar é viver, o Essência reúne os maiores destaques na música nacional e internacional que bombaram nas pistas, downloads, playlists, e festivais afora.

‘Lá vem a morte’

A banda brasileira de rock que está fazendo a cabeça dos gringos é goiana. O Boogarins faz um som psicodélico que lembra muito o rock dos anos 1970, e foi destaque em festivais como o Lollapalooza e Rock in Rio. Em junho, o grupo lançou o disco Lá Vem a Morte, o terceiro da discografia que começou com As Plantas que Curam, de 2013. O trabalho, de apenas oito faixas e menos de 30 minutos, mostra uma banda explorando temas sombrios – como a hipocrisia e o cinismo nas relações humanas.

‘Vai malandra’

Com origem humilde no funk carioca, Anitta apostou na música pop e vem colhendo bons frutos desde então – a artista, de 24 anos, é um dos nomes mais importantes da música nacional. A dona do Show das Poderosas foi eleita, pela revista norte-americana Billboard, como a 15ª artista mais influente no mundo pelas redes sociais, à frente de artistas como Rihanna e Lady Gaga. O reconhecimento chegou também por meio de parcerias internacionais – a exemplo de Sua Cara, com o trio de DJs Major Lazer e a dragqueen PablloVittar; Sim ou Não, com o colombiano Maluma; e a mais recente Downtown, com o também colombiano J Balvin.

Em canções solo, destaque para o hit Paradinha, e a mais recente Vai Malandra, a primeira música em português entre as mais ouvidas no mundo –a música foi lançada no último dia 18 e chegou ao Top20 mundial após dois dias. A canção teve destaque por representar uma volta da cantora ao funk e à língua portuguesa, após lançamentos em espanhol e inglês. A última faixa lançada em língua estrangeira foi IsThat for Me, produzida em parceria com o DJ sueco Alesso, com um clipe gravado na Amazônia.

Chico moderninho

Chico Buarque é uma das figuras mais icônicas da Música Popular Brasileira (MPB), mas ficou seis anos sem lançar inéditas até a estreia de Caravanas, 23º álbum de uma discografia que começou em 1966. O material foi lançado em agosto, com direito a bolero gravado em espanhol, e uma subida às periferias – isso porque na faixa As Caravanas, o músico encerra o álbum com batidas que vão do jazz ao som do morro carioca. O artista do Rio também canta com os netos, e cita o aplicativo de paqueras Tinder em uma de suas canções. Em outro momento, o autor de Construção entrega versos com críticas aos haters da internet que desqualificam a obra do cantor.

Sertanejo feminino

2017 foi o ano do sertanejo feminino – tanto que Marília Mendonça foi a quarta artista mais ouvida no país pela plataforma de streaming Spotify. A ‘Musa da Sofrência’ também levou o Troféu Imprensa do ano, e ficou no topo dos artistas que mais venderam com Realidade – Ao Vivo em Manaus, lançado em março. O álbum estreou quatro novas faixas, que ultrapassaram 120 milhões de visualizações no YouTube em apenas seis dias. Entre as canções, Amante não tem Lar e De quem é a Culpa? estrearam em primeiro nas paradas nacionais.

O Top10 do Spotify ainda contou com a dupla Maiara & Maraisa na oitava posição. O disco Ao Vivo em Campo Grande debutou em março, e chegou à primeira colocação entre os mais vendidos. O lançamento também rendeu duas faixas no topo das mais ouvidas pela Billboard Brasil – Sorte que Cê Beija Bem e Bengala e Crochê.

KondZilla

O funk paulista hitou de vez, com artistas bem gerenciados e clipes produzidos com qualidade – graças aos esforços da produtora KondZilla, que já trabalhou com nomes como MC G15, MC Livinho, MC Guimê e MC Kevinho. Destaque para o último, que foi o décimo mais ouvido no País ao longo do ano. Jerry Smith é outro que chama a atenção pela quantidade de views no YouTube – apenas o clipe de Pode se Soltar tem 155 milhões de visualizações. Outro vídeo de sucesso produzido pela KondZilla é o de Vai Embrazando, parceria entre os MCsZaac e Vigary, que chegou a 252 milhões de visualizações.

‘Vai passar mal’

Pabllo Vittar é um dos nomes mais comentados nas redes sociais, e chamou à atenção de grandes produtores e artistas de calibre internacional como o grupo Major Lazer, com quem co-gravou Sua Cara, em parceria com Anitta. 2017 foi o ano de lançamento do primeiro disco da drag-queen, intitulado Vai Passar Mal, com destaque para faixas como K.O e Corpo Sensual. O sucesso da drag é apontado como carro-chefe para o surgimento de uma nova geração LGBT na música, com artistas como Lia Clark e Mulher Pepita.

‘Despacito’

Um dos destaques na música internacional foi a maior abertura do mercado norte-americano às músicas latinas de ritmo reggaeton. Um dos casos de sucesso é a colaboração entre os colombianos Shakira e Maluma, com a canção Chantaje, que chegou à 19ª posição na lista Latin Tropical Airplay da revista Billboard. Em 2017, a faixa destaque foi Despacito (Luis Fonsi e Daddy Yankee), que teve um remix gravado com Justin Bieber e chegou ao sucesso mundial –tanto que as duas versões da música ficaram no Top5 das mais ouvidas do ano peloSpotify.

Novas regras

O ano foi de debut para uma das artistas consideradas mais promissoras na nova geração da música pop. O disco homônimo Dua Lipa foi lançado em junho e colocou a inglesa sob os holofotes. Destaque para os singles HotterthanHell, Lost in Your Light (colaboração com o Americano Miguel) e New Rules, faixa que ganhou memes da internet e paródias no Youtube, e chegou à 19ª posição do chart Billboard Hot 100, nos Estados Unidos.

Artistas revelação

Além de Dua Lipa, outros nomes debutaram em carreira solo durante o ano, e despertaram legiões de fãs e seguidores. Destaque para Harry Styles, que apostou em uma vibe David Bowie/The Beatles/Pink Floyd – essa mistura mesmo! – para lançar em maio, o disco homônimo. O álbum chamou a atenção por apresentar um material maduro, composto por um membro da boy band OneDirection (que está em hiato). Destaque para o lead single Sign of the Times e a faixa à la Paul McCartney SweetCreature, que vai lembrar Blackbird para que é fã do quarteto de Liverpool.

Quem também ganhou fama com uma banda pop e, resolveu se arriscar na carreira solo, foi a cubana Camila Cabello, ex-Fifth Harmony. I Have Questions e Crying in the Club foram duas faixas de destaque lançadas pela artista, que parecem se complementar – a primeira carrega indagações sobre uma relação que parece abusiva, enquanto a segunda ensina a superar problemas. Uma parceria com o rapper Young Thug lançou Havana, que mescla batidas pop com sonoridade latina.

Streaming

O serviço de streaming Spotify divulgou no começo do mês, (5), a lista dos artistas mais ouvidos no ano, liderada pelo britânico Ed Sheeran. O artista de Shape of You, foi seguido pelo rapper canadense Drake, que apareceu nos charts com o disco More Life. A terceira colocação ficou com o também canadense The Weeknd, acompanhado por KedrickLamar – como o quarto mais ouvido no mundo pela plataforma musical. A quinta colocação ficou com a dupla The Chainsmokers.

Os álbum mais ouvidos foram Divide, lançado por Ed Sheeran em março; More Life (Drake); DAMN (KendrickLamar); Starboy, disco do The Weeknd lançado ainda em 2016; e Stoney, o debut do rapper Post Malone, que também estreou no ano passado. A lista das faixas mais ouvidas coloca novamente o canadense no topo – Shape of You (Ed Sheeran), Despacito (versão remix, com LuisFonsi e Daddy Yankeefeat. Justin Bieber), Despacito (Luis Fonsi e Daddy Yankee), Something Just like This (The Chainsmokers) e I’m the One (DJ Khaled e Justin Bieber).

No ranking brasileiro, 9 dos 10 artistas mais ouvidos são nacionais. A lista é liderada pela dupla sertaneja Matheus &Kauan, seguidos por Jorge & Mateus, e Henrique & Juliano, que fecham o Top3. O ranking segue com Marília Mendonça, Wesley Safadão, Ed Sheeran, o DJ goiano Alok, a dupla feminina Maiara & Maraisa, seguida por Henrique & Diego. O Top10 fecha com MC Kevinho.

Encontros

Encontros de gerações e alguns até atrasados – 2017 marcou a primeira passagem da cinquentenária banda britânica The Who pelo Brasil. O grupo liderado por Roger Daltrey e Pete Townshend dividiu o Palco Mundo no Rock In Rio com o Guns N’ Roses e outros nomes do gênero, se apresentando para uma plateia de diversas faixas etárias e referências musicais.

Em estúdio, destaque para a canção Beautiful People, BeautifulProblems, uma parceria entre a cantora indie Lana del Rey, e a vocalista do Fleetwood Mac, Stevie Nicks, quase 40 anos mais velha. O tributo entre gerações continua na faixa seguinte do disco Lust for Life, intitulada Tomorrow Never Came, uma parceria da diva indie com Sean Lennon, filho de John Lennon, em tributo ao pai.

Despedidas

Juntamente com as revelações, 2017 foi o ano de despedidas para grandes artistas. 4 de fevereiro foi a data do último show de uma das bandas mais icônicas no rock pesado, o Black Sabbath– muitas vezes lembrado como o “pai do heavy metal”. A banda nasceu em Birmingham, Inglaterra, no distante 1968 – mesma cidade onde o trio da formação clássica liderada por Ozzy Osbourne subiu aos palcos pela última vez.

Com a vida de sucessos, a morte compôs, em 2017, parte da trajetória de outros –Jerry Adriani, ícone da jovem guarda; Chris Cornell, vocalista das bandas Audioslave e Soundgarden; ChesterBennington (Linkin Park); Kid Vinil; Chuck Berry; Almir Guineto (Fundo de Quintal); e Belchior, cuja morte causou grande comoção nacional. “É caminhando que se faz o caminho”, já cantava o artista cearense. 2018 é a continuação desse trajeto, que promete ser rico em novos sons e batidas para contagiar as festas, festivais, shows, as rádios e plataformas de streaming.

*Integrante do programa de estágio do jornal O HOJE sob orientação da editora Flávia Popov. 

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