Number Teddie lança seu primeiro álbum

Lançamento é acompanhado pelo clipe de 'bom ator', com participação de Cleo.

Postado em: 08-09-2022 às 08h59
Por: Elysia Cardoso Ferreira
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Lançamento é acompanhado pelo clipe de 'bom ator', com participação de Cleo. | Foto: Reprodução

Number Teddie lançou seu primeiro álbum, intitulado ‘Poderia ser pior’. Tocando em tópicos comuns a jovens da gen z, geração do começo dos anos 2000, o projeto é uma viagem por vários dos símbolos que marcam o subconsciente coletivo do grupo, mas também um auto retrato desenhado de forma honesta, crua e complexa. 

Seja na sonoridade, que remete à estética indie e pop punk, nos visuais ou no modo destemido de tocar em temas sensíveis, o jovem cantor-compositor consegue trazer referências e amalgamá-las em algo novo, que empurra as barreiras da música pop nacional. Gorky e Zebu assinam a produção do álbum, com exceção da faixa 9, que é de Vivian Kuczynski. Number Teddie é o compositor principal de todas as músicas e divide os créditos com os respectivos produtores.

Com 25 anos, o jovem artista demonstra lirismo e musicalidade incomuns a calouros do mercado musical. Em ‘Poderia ser pior’, faixa que abre e dá o título ao álbum, o cantor introduz o projeto e logo fisga o ouvinte, seja pela forma despretensiosa que canta termos explícitos ou pelo charme melódico da canção que soa esperançosa, apesar da forte carga emocional. “A gente sempre tenta ver um fio de esperança em absolutamente tudo, e a expressão ‘poderia ser pior’ é uma frase que nós, como humanos, sempre nos pegamos falando inconscientemente para nós mesmos”, comenta Number Teddie.

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Prêmio’ e ‘Bom ator (feat. Cleo)’ dão sequência ao álbum num tom mais existencialista. Na primeira, o artista questiona valores de uma geração que tem sua identidade afiliada à presença online e que lida com os padrões inverossímeis das redes sociais. A faixa três, single atual e parceria com Cleo, traz questões de convívio social, comparando-as com um ‘grande filme’, no qual somos apenas atores interpretando personagens de quem não gostamos tanto assim.

Number Teddie explica: “É uma música sobre morte também, interpretem como quiserem. A Cleo combina com a música por ser uma artista e ter sido colocada num lugar de objetificação na mídia a vida inteira, que ela nunca pediu pra estar, em primeiro lugar”. A cantora completa: “Quando recebi o convite para cantar ‘bom ator’ com o Number, aceitei na hora. Eu me vi nessa música e lembrei de muitas situações as quais eu já havia passado. Ele é um compositor e um cantor incrível. Tenho um carinho enorme pelo Number e tenho certeza que vocês vão amar o resultado!”.

Em ‘HAHAHA’, o artista segue mostrando aos ouvintes um pouco de suas vozes internas, mas com a proeza lírica e melódica que funcionam tão bem com a forma e conteúdo das canções. A faixa também serve como um contexto e aviso para o álbum todo, pois Number Teddie deixa claro aqui que o humor é uma das ferramentas que usa para lidar com suas questões internas.

‘Deus não quer me conhecer’ traz um contraste entre a leveza do arranjo musical com a profundidade da letra. Number Teddie expõe uma vontade de entender seu lado espiritual, mas lembra da dificuldade que padrões morais religiosos trazem para algumas pessoas interagirem com a ideia de Deus. 

É em ‘Eu Deveria Ter Comido seus Amigos’ e ‘Qual o teu problema?’ que vem mais uma curva no álbum de estreia de Number Teddie. Rejeições amorosas são incansávelmente exploradas em músicas Pop, mas é raro encontrar um novo ângulo para retratar um assunto tão explorado. É nisso que o ouvinte poderá entender as interessantes sacadas do jovem compositor. O artista não poupa palavras para descrever o quão instável, complexo e visceral é o processo de lidar com a clássica dor de coração. Tudo isso é amparado por arranjos vocais bem executados e instrumentos que adicionam significado às mensagens das faixas.

O álbum entra em seu momento mais sombrio com ‘Feio!!!’ e ‘Mickey’. Sobre a primeira, Number Teddie reflete: “Sou eu sendo puramente maldoso e baixo. Sim, você me quebrou, me deixou triste e eu vou atacar o mais superficial de tudo: sua aparência”. A faixa número nove é o ápice que o artista construiu para o ouvinte entender a viagem por seu subconsciente. 

É falando de como imagina que vai morrer que Number Teddie conclui seus pensamentos angustiantes e se prepara para encontrar esperança novamente. ‘Acho Que Tô Bem’ amarra os temas do álbum da mesma forma como começou, com questões que assombram uma geração inteira, mas que se manifestam de maneira particular em cada um. 

Aqui, Number Teddie está despido, sem o humor como escudo, começando a canção acompanhado de um violão, um discreto órgão e sua voz como instrumento principal. O artista mostra seus lados mais crus durante todo o projeto, mas é aqui que ficamos cara a cara com a vulnerabilidade de Number Teddie, e o resultado é uma épica faixa final para um maduro e ambicioso álbum de estreia. (Especial para O Hoje

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