Goiás tem 4 vencedores da 5ª Edição do Prêmio SEBRAE TOP 100 de Artesanato
Com mais de mil inscritos, premiação selecionou por meio de três etapas os ganhadores da premiação nacional
O estado de Goiás teve quatro vencedores na 5ª Edição do Prêmio SEBRAE TOP 100 de Artesanato. As cem peças de produção artesanal que tiveram o reconhecimento passaram por três etapas de análise, sendo a etapa final de avaliação realizada por uma banca de jurados, especialistas do mercado. O próximo passo, que está em andamento, será a etapa de produção do Catálogo Comercial do prêmio.
Os artesãos goianos que conquistaram a posição relataram sentimento de vitória e emoção pelo resultado. A goianiense Celma Grace de Oliveira, de 52 anos, é um dos nomes escolhidos. Ela, que representou na seleção a cooperativa Bordana da qual é fundadora e presidente, conta que a notícia foi uma satisfação para todas as bordadeiras envolvidas. “Estar no TOP 100, o prêmio mais importante do artesanato no Brasil, é uma emoção grande”, diz. “Ter ainda o reconhecimento vindo de uma instituição séria e respeitada, como o Sebrae é, prova que estamos no caminho certo e nos faz continuar acreditando que é possível sim viver com dignidade por meio do artesanato”, completa.
Segundo ela, essa é a segunda vez que a cooperativa leva para casa o prêmio. “Isso eleva o patamar do artesanato goiano, então queremos cada vez mais usar essa marca para estabelecer uma relação mais próxima com o mercado, que valoriza e reconhece o artesanato como arte”, destaca a presidente da cooperativa. As peças, que concorreram, conforme Celma, foram: um painel intitulado “Memória do Cerrado”, uma tela bordada em moldura, com tema também do Cerrado, e uma manta com a fauna e a flora do Cerrado, que levou cerca de 224 horas de bordado.
Superação
Chegar neste momento de sucesso não foi nada fácil, relata a artesã. A cooperativa, formada em 2008, foi uma forma de superação pessoal. O nome escolhido significa “Bordados + Ana” e se refere à filha de Celma, que faleceu em 2007, aos dez anos de idade. Ana Carol gostava de desenhar, criar e sonhava em ser designer de moda. “Também sou filha de bordadeira e costureira, e foi por isso, no momento mais difícil da minha vida, pensei na minha mãe, na minha filha e na história de tantas mulheres que foram buscar no artesanato, e especialmente no bordado, a superação de algum momento difícil da vida”, aponta.
Agora, os próximos passos das bordadeiras será expandir no mercado internacional. Apesar de já terem peças vendidas por todo país e algumas fora, a ideia é crescer ainda mais. Esse também é o desejo de outros artesãos goianos, que se destacaram na seleção. É o caso do artesão Valmir Neves, de 42 anos, que mora em Aparecida de Goiânia e trabalha com esculturas em cerâmica há mais de 20 anos.
A expectativa, segundo ele, é que esse prêmio traga maior visibilidade ao seu trabalho e novas oportunidades. Ele, que faz peças para decoração de jardins e arte sacra barroco, já fez exposições em diversas capitais do país e participa atualmente da exposição do Centro Sebrae de Referência de Artesanato Brasileiro – CRAB, no Rio de Janeiro.
“Toda vez que recebia um e-mail falando que eu tinha passado para uma próxima fase era uma alegria, e quando recebi a notícia que ganhei, ficando entre os cem, eu e todos a minha volta comemoraram muito”, relata. As peças enviadas pelo artista foram um anjo (Miguel Arcanjo), um anjo da guarda e uma escultura de Nossa Senhora Auxiliadora.
Destaque
Quem também levou o prêmio para casa é o artesão goiano Carmelito Santos, de 56 anos. Logo em sua primeira participação já se destacou e conquistou o TOP 100. Ele conta que começou no mundo das artes em 1998, como artista plástico, mas se encontrou depois no que ama: esculturas de animais. O feito deu tão certo que a agenda do artista está toda fechada este ano, e já conquistou centenas de brasileiros por toda parte do país, que encomendam suas peças e fazem coleção.
As figuras bovinas são as mais pedidas. “Como eu já conhecia o animal de perto acabei pegando esse público que conhece bem e cria raças. Tem uma série de detalhes que querem e acabo me diferenciando”, aponta. Para chegar neste resultado, ele conta que a ajuda do Sebrae Goiás foi fundamental. “Em 2009 viram meu trabalho e gostaram. De lá para cá fui aperfeiçoando”, destaca. Na pandemia ele resolveu criar um canal no Youtube, e já chegou a vender peças para Austrália. O público que mais assiste seus vídeos é da Índia.
Apesar deste caminho crescente, Santos disse que foi uma surpresa ter conquistado o TOP 100. “Eu sabia que havia umas três etapas, mas não imaginava que eu iria até os 200 selecionados. Pensei que seria eliminado nessa fase. Mas daí recebi a notícia. Foi uma emoção e tanto, foi maravilhoso”, afirma.
Mestre do artesanato
Para fechar o grupo goiano vencedor, está o artista João Gomes da Silva, de 52 anos, mais conhecido como mestre “Juão da Fibra”. Ele, que saiu do Ceará e vive em Novo Gama, entorno do DF, trabalha com todo tipo de fibra brasileiras há cerca de 40 anos e, graças à parceria com o Sebrae Goiás, foi possível alcançar mais pessoas em sua trajetória. O artista também está com suas peças expostas no CRAB e tem peças vendidas dentro e fora do país.
Mesmo com um caminho de sucesso, o artesão conta que ganhar o TOP 100 também foi uma surpresa. “Eu nem acreditava muito, mas o pessoal estava insistindo para me inscrever, então no último dia, fiz (a inscrição). A partir daí veio acontecendo uma sucessão de momentos incríveis e não tenho dimensão do que pode acontecer com tudo isso, com mais essa conquista”, diz. “Recebi muito retorno pelas redes sociais, de muita gente me parabenizando. Não vejo como uma conquista só minha, mas de todo público goiano, que se sentiu pertencente”, afirma. “Quem conhece minha trajetória viu como foi difícil chegar até aqui e já percebeu que fiz o caminho certo”, acrescenta.