Filarmônica de Goiás lança temporada 2018 nesta quinta

Sob regencia de Neil Thomson, primeiro concerto conta com a participação dapianista Sonia Rubinsky

Postado em: 22-03-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Sob regencia de Neil Thomson, primeiro concerto conta com a participação dapianista Sonia Rubinsky

GABRIELLA STARNECK*

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A Orquestra Filarmônica de Goiás (OFG) lança sua temporada 2018, nesta quinta-feira (22), com o primeiro concerto do ano, no Centro de Convenções da PUC, em Goiânia. A apresentação terá a batuta do regente titular e diretor artístico da OFG, o inglês Neil Thomson, com participação da renomada pianista Sonia Rubinsky. No repertório, estão as obras Three Occasions For Orchestra, de Carter; Concerto Para Piano Nº1 Em Ré Menor, de Brahms, e Sinfonia Fantástica, de Berlioz. A entrada é gratuita.

Neste ano, segundo Thomson, o principal objetivo da OFG é encantar o público com o que é novo. Por esse motivo, durante as apresentações ao longo de 2018, os goianos poderão desbravar o universo sinfônico ao terem contato com obras de artistas que foram renegados pela história, devido às circunstâncias sociais, que não receberam a reputação duradoura que mereciam.

Orquestra

A temporada de concertos da OFG é uma iniciativa do Gabinete Gestor do Centro Cultural Oscar Niemeyer, vinculado à Secretaria de Educação, Cultura e Esporte (Seduce) e ao Governo de Goiás. A gestão administrativa é responsabilidade da Superintendência de Atividades Culturais. Já o planejamento artístico fica a cargo do regente titular e diretor artístico, Neil Thomson. A parceria entre esses dois setores resulta na divulgação da música erudita – não apenas em Goiás, mas em outros estados – por meio de concertos memoráveis. Inclusive, neste ano, a Filarmônica irá fortalece a série Trilha da Filarmônica, se apresentando em diversas cidades goianas e em outros estados do Brasil.

A participação no consagrado Festival de Inverno de Campos do Jordão já está confirmada, assim como apresentações em Brasília. E, além da temporada principal de concertos, a OFG traz: a série Música Impopular, que propõe um repertório diferenciado e um formato de apresentação inovador; a série Concertos de Câmara, que valoriza os grupos de naipe da orquestra; Concertos no Parque, que trazem apresentações ao ar livre, e os Concertos Didáticos, que primam pela educação musical dos estudantes do Estado. Como todos os anos, a Filarmônica também trará um artista representante da Música Popular Brasileira. A atração surpresa será anunciada em breve.

Temporada 2018

Para proporcionar uma experiência singular ao longo deste ano, a direção artística da OFG fez um recorte na história da música e selecionou obras de artistas pioneiros que se destacaram por quebrar paradigmas. Serão apresentados, ao longo de 2018, trabalhos de mulheres como Fanny Mendelssohn e Lili Boulanger; obras dos compositores negros Samuel Coleridge-Taylor – que é o compositor britânico mais tocado no mundo, mas amplamente esquecido – e Chevalier Saint-Georges (conhecido como ‘Black Mozart’);  a música de modernistas pioneiros que mudaram a paisagem auditiva do século 20, Elliott Carter, John Cage, Helmut Lachenmann e Wolfgang Rihm, dentre outros nomes. A Filarmônica também apresentará duas estreias mundiais de João Guilherme Ripper e Vlad Maistorovici.

Segundo Thomson, a fusão de estilos é uma das principais características da temporada: “Meu objetivo é que os músicos e o público experimentem todos os estilos musicais, do barroco até o contemporâneo, da música que é familiar para aquela completamente desconhecida”. O maestro enfatiza que essa mistura obteve êxito nas apresentações do ano passado: “Estou muito feliz em verificar o sucesso dessa fusão”.

Thomson ainda destaca que o sucesso da fusão de estilos ocorreu por duas razões: em primeiro lugar, por causa dos músicos da OFG, que estão preparados para executar qualquer repertório – independentemente do estilo ou dificuldade, com total abertura e profissionalismo – e, em segundo lugar, por causa do público goiano, que tem um apetite enorme pelo que é novo e interessante.

Para executar esse repertório diverso, grandes solistas e regentes da atualidade se juntarão à Filarmônica. Nomes como Nelson Freire, Antonio Meneses, Isaac Karabtchevsky, Jean Louis Steuerman, Cristian Budu, Duo Assad, LuízFilíp, Vlad Maistorovici e Denise de Freitas participarão da temporada 2018. “Nosso rol de artistas seria uma fonte de orgulho para qualquer orquestra no mundo!”, destaca o regente.

Neil Thomson

Em 2018, Neil Thomson completa cinco anos à frente da OFG, por isso o maestro tem propriedade para falar do crescimento profissional que a orquestra teve ao longo desse período: “Este é o início do meu quinto ano com a orquestra, e estou mais entusiasmado do que nunca. É maravilhoso constatar o crescimento artístico da Filarmônica, bem como a presença cada vez maior de nosso público. Posso afirmar, com toda a certeza, que estamos claramente no coração da vida cultural de Goiás”.

Neste ano, uma das novas missões do maestro, como ele mesmo aponta, é manter vivo o espírito pioneiro goiano. “Sinto que o espírito pioneiro responsável pelo desenvolvimento de Goiás, nos séculos passados, permanece atualmente. Eu afirmei, no ano passado, que a orquestra precisa encarnar esse espírito desbravador. Não podemos temer o que é novo. Temos de levar música para todo o Estado e criar um estilo de orquestra autenticamente goiana”, finaliza Neil. 

Para reafirmar a importância da Filarmônica de Goiás para o Estado (e o País), Thomson, concedeu uma entrevista ao Essência. Confira abaixo. 

*Integrante do programa de estágio do jornal O HOJE sob orientação 

da editora Flávia Popov

SERVIÇO

Temporada 2018 da Orquestra ­Filarmônica de Goiás (OFG)

Quando: quinta-feira (22)

Onde: Centro de Convenções da PUC (Campus II – Avenida Engles, nº 507, Jardim Marilisa – Goiânia)

Horário: 20h30  (potualmente)

Entrada gratuita

 

Entrevista: Regente titular da Filarmônica de Goiás, Neil Thomson 

Por favor, fale um pouco sobre as obras que fazem parte do repertório deste concerto: ‘Three Occasions For Orchestra’, de Carter; ‘Concerto Para Piano Nº1 em Ré Menor’, de Brahms, e ‘Sinfonia Fantástica’, de Berlioz. Por que elas foram escolhidas?

Minha ideia era fazer um concerto de abertura que, de alguma forma, refletisse meu ‘tema’ para esta temporada, que é de prestar uma homenagem ao pioneirismo destes espíritos musicais. No meu entender, todos já conhecem o compromisso da orquestra com a música nova, então a ideia foi de abrir a temporada com uma peça de um compositor que é um ícone da música moderna. Elliott Carter foi um espírito original que pintou paisagens musicais muito complexas. Brahms talvez não seja considerado um compositor com ideias pioneiras, mas seu Primeiro Concerto para Piano é uma peça que traz invenções surpreendentes; trata-se de uma peça muito ‘moderna’, com muitas ideias maravilhosas. É uma grande satisfação receber de novo a pianista Sonia Rubinsky; uma grande amiga da orquestra e uma de minhas solistas favoritas. Gosto muito de trabalhar com ela. Para mim, a Symphonie Fantastique, de Berlioz, ainda é uma das peças mais ousadas e originais que conheço – um trabalho musical que reflete uma fantasia prodigiosa e que desperta emoções descontroladas. Se existe um compositor que merece ser chamado de ‘pioneiro’, é Berlioz.

Sabemos que a intenção da OFG, neste ano, é levar os goianos a desbravarem o vasto universo sinfônico e a descobrir artistas que foram renegados pela história. Em sua opinião, o ‘novo’ impressiona mais o público do que o ‘tradicional’ repertório clássico? Por quê?

Não creio que o ‘novo’ irá, necessariamente, impressionar mais o público do que o ‘tradicional’, mas creio que é uma boa ideia termos uma temporada equilibrada entre estes dois extremos. Acredito que o público sempre se interessa pelo novo, e minha intenção é oferecer uma gama a mais ampla de repertório musical em Goiás.

Qual é a sua avaliação da OFG – principalmente da evolução dos músicos – após esses anos como regente principal e diretor artístico da orquestra?

A orquestra está em ótima forma. Estamos progredindo e alcançado novos níveis a cada ano. Nossa turnê nacional de 2017 foi um marco. Os músicos estão desenvolvendo uma forma de execução sólida, com autoridade, além de transmitirem energia e intensidade surpreendentes que se fazem presentes em todos os concertos. 

Em sua primeira entrevista ao ‘Essência’, você disse que uma de suas missões seria “dar uma identidade” à OFG. Esse objetivo foi almejado?

Sem dúvida, tanto na forma de execução quanto na escolha de repertório. Minha opinião é que estamos fazemos uma temporada verdadeiramente autêntica – e quando receber nossa programação para este ano verá o que quero dizer – e que nosso estilo de execução tornou-se extremamente diferenciado.

E como você avalia o público goiano? Hoje em dia, você percebe uma busca maior da população pela música clássica? Você acha que esse aumento é atribuído ao trabalho de popularização da música clássica feito pela Filarmônica de Goiás?

O público daqui é extraordinário. Parece ter um apetite interminável por música. Os solistas convidados já observaram este aspecto e já comentaram como a plateia é calorosa e receptiva. Sei que posso fazer essas escolhas de repertório para a temporada em função da abertura que vejo no público. Sim, nosso público está aumentando, porque nosso repertório é muito variado e porque tocamos em diferentes ambientes, de uma forma engajada e interessante. E também porque temos uma equipe de comunicação, que já estabeleceu um relacionamento maravilhoso com nosso público. 

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