Além do rock n’ roll: Daisy Jones & The Six é um contraste emocionante entre ficção e realidade

Sob execução de Reese Witherspoon, Daisy Jones & The Six estreia nesta sexta-feira (3/3), no Amazon Prime

Postado em: 01-03-2023 às 11h00
Por: Victória Vieira
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A série é ideal para os amantes de um drama contendo todo os bastidores do rock’n roll nos anos 70 | Foto: Divulgação

A Amazon Prime Video irá lançar uma série bastante aguardada nos últimos anos: Daisy Jones & The Six. Desde que a obra literária de Taylor Jenkins Reid foi anunciada como a próxima adaptação da plataforma de streaming, os fãs da história não falam de outra coisa e esperam ansiosamente a estreia que irá acontecer nesta sexta-feira (3/3).

Ao ler o livro é possível entender parcialmente a obsessão dos fãs pela história, mas os 10 episódios da minissérie trazem uma compreensão em nível completo.

A trama detalha a ascensão e a queda vertiginosa de uma renomada banda de rock. Em 1977, o grupo Daisy Jones & The Six estava no topo das paradas mundiais. Liderada por dois vocalistas carismáticos – Daisy Jones (Riley Keough) e Billy Dunne (Sam Claflin) – o grupo passou da obscuridade para a fama. E então, depois de um show esgotado no Soldier Field de Chicago, eles desistiram. Agora, décadas depois, os membros do Daisy Jones e The Six finalmente concordaram em revelar a verdade.

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A série é ideal para os amantes de um drama contendo os bastidores do rock’n roll nos anos 70. A estética, as músicas, figurinos (que podem voltar a ser tendência), cenários, todos esses elementos foram bem trabalhados para garantir a atenção e o contexto desejado. É possível perceber como a renomada banda de rock Fleetwood Mac, tornou-se uma das inspirações para a construção da obra.

Se a maior preocupação dos fãs era de a história ser adaptada de forma desleixada, então eles podem ficar tranquilos. Nzingha Stewart e Will Graham tiveram todo o cuidado ao produzirem algo criado com a inconfundível genialidade de Taylor Jenkins Reid.

Começando pela escolha do elenco feita por Justine Arteta e Kim Davis – Wagner. A perspicácia da dupla em trazer atores com uma dinâmica, talento e a qualidade do trabalho compostas entre si, é inegável.

Personagens

Riley Keough, que recentemente em entrevista ao jornal The New York Times, disse: “Eu nasci para interpretar Daisy Jones”, não poderia estar mais certa. A atriz conseguiu demonstrar a complexidade da personagem, isto é, trazendo a mistura dos sentimentos de ódio e amor quando se trata de Daisy Jones.

Nos primeiros episódios, temos a demonstração de uma protagonista completamente desconhecida da sua personalidade marcante, isto é, temos uma Daisy fragilizada, vulnerável, insegura, em razão de cenários abusivos e tóxicos criados pela sua própria família e de outros relacionamentos. Curiosamente, esses fatores que quebraram a personagem, também influenciam na criação de uma figura enigmática, ousada, determinada, libertária e confiante, ganhando finalmente uma forma no meio da série.

É de conhecimento geral a fama que o ator Sam Clafin carrega por ser o “queridinho das adaptações literárias”. Nesse projeto, ele prova o motivo desse reconhecimento. O intérprete de Billy Dunne mergulhou oficialmente no personagem, entregando toda a representação de um astro do rock egocêntrico e intrigante, enfrentando os seus maiores medos e monstros pessoais.

Camila Dunne é uma personagem em que a alma e o coração são suas maiores qualidades. O obstáculo de tentar deixar a personagem como “stand by” no meio do desenvolvimento de um triângulo amoroso, não é bem-sucedido devido ao trabalho esplêndido da atriz, que conseguiu conquistar um destaque primordial e merecedor na série.

Morrone seguiu o verdadeiro roteiro e adicionou graciosamente elementos surpresas necessários para trazer uma versão atualizada de independência, força e espírito livre. Precisamente, ela tornou a personagem em uma figura implacável, mantendo a originalidade essencial construída na obra literária. A argentina não deixou espaços ou dúvidas para quem ousar a questionar se havia outra pessoa capaz de interpretar Camila Dunne.

Camila Morrone destoa todos os personagens ao interpretar Camila Dunne em Daisy Jones & The Six | Foto: Divulgação

É preciso falar que muitos apresentam apenas aplausos para a rebeldia de Jones e acabam esquecendo que Karen também merece ser exaltada. A personagem de Suki Waterhouse é uma figura feminina construída em cima de determinação e uma personalidade única, jamais podendo ser comparada a nenhum outro personagem, gerando um arco interessante, sincero e admirável de acompanhar.

Não menos importante, temos um trio que são o equilíbrio no meio do caos explosivos de personalidades e sentimentos. Graham Dunne (Will Harrison) traz a energia e o carisma, Warren Rojas (Sebastian Chacon) o alívio cômico da série e Eddie Roundtree (Josh Withehouse) acrescenta com a sua acidez e ironia.

A construção dos personagens foi fundamental para manter a composição de uma banda com enredos gritantes, causando uma certa persuasão nos telespectadores, ao refletirem se a história é verídica, mesmo sabendo que aquilo não passa de uma ficção. Não obstante do impacto proposto por Reid em seu best-seller.

Adaptação

Existem dois tipos de público: um que aceita o significado de adaptação e outros que desejam uma série fielmente igual ao livro. Pessoas que compõem a segunda categoria irão ser surpreendidos negativamente, pois a série pendura entre o meio termo priorizando as novas mudanças.

Porém, é isso que define uma adaptação, ou seja, um meio de criar novas visões do autor, apenas aprofundando elementos que não foram tão explorados na obra original.

Claro, algumas dessas mudanças foram bem-vindas, como a adesão de personagens sáficos e a verdadeira explicação da banda se chamar “The Six”. Já outras nem tanto, como foi o caso de um certo desdobramento, que felizmente, acabou não interferindo na história.

Graças as alterações, a personagem de Nyah Be (Simone Jackson) ganhou uma versão que até então não havia sido devidamente aproveitada no livro. Enquanto na história literária ela se resume como uma estrela em ascensão, fazendo apenas o papel da melhor amiga de Daisy Jones, na série, há um novo sentido.

Simone sai do papel proposto e ganha um espaço para contar sua história, mostrando o seu talento musical. Ela passa ser a protagonista de sua própria jornada.

Nyah Be entrega a sua melhor performance como Simone Jackson | Foto: Divulgação

Algo que não pode passar batido é como a série aborda questões extremamente importantes, que até hoje são considerados como tabu. Um dos temas bem abordados está relacionado a representação de mulheres precisando lutar incansavelmente para serem ouvidas, reconhecidas e conquistar um espaço em na década predominada pelo privilégio masculino. A união feminina entre as personagens são mostradas através da storyline de amizades sinceras, representada pelo relacionamento de Karen e Camila, Daisy e Simone.

Daisy Jones & The Six cumpre o papel de mostrar que diante a narrativa apresentada, não há lados certos. Não há vilãos humanizados ou pessoas que necessariamente são garantidas como “heróis” na história. É a representação de rumos e escolhas na vida.

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